Uma série de ao menos seis fortes tremores atingiu em menos de três horas uma região remota do Tibete, na China, deixando ao menos 400 mortos, outros 10 mil feridos e destruindo milhares de casas feitas de barro e madeira. O governo ainda não sabe quantas pessoas estão soterradas, mas centenas já foram resgatadas dos destroços.
O primeiro terremoto, de magnitude 5, atingiu a região de Qinghai às 18h40 desta quarta-feira, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), que monitora a atividade sísmica mundial. O tremor teve profundidade de 18,9 km e epicentro a 230 km de Qamdo, na região do Tibete.
Desde então, outros cinco tremores atingiram o mesmo local. O mais forte deles foi registrado com magnitude 6,9 e atingiu a mesma região às 20h49, também segundo o USGS. O instituto afirma que o tremor foi registrado a uma profundidade de apenas 10 km e epicentro a 240 km de Qamdo.
A agência de notícias Xinhua cita funcionários do Centro de Terremotos da China dizendo que ao menos 18 réplicas --tremores secundários-- foram registrados e que mais terremotos de magnitude maior do que 6 são esperados nos próximos dias.
O tremor causou pânico nos moradores de Yushu, muitos ainda feridos pelo tremor anterior, e fez com que fugissem e lotassem as ruas da cidade da Província de Qinghai, onde a maioria das casas foi destruída.
Os paramilitares usam pás para cavar pelos destroços, já que escavadeiras não estavam disponíveis. Com a maioria das estradas até o aeroporto mais próximo destruída, equipamentos e equipes de resgate tiveram dificuldade em chegar à região.
O chefe militar local, Wu Yong, disse que as linhas de comunicação foram afetadas, há fortes ventos e as réplicas periódicas prejudicam os trabalhos de resgate.
Trabalhadores correm para retirar a água de uma reserva na área do desastre que teve sua parede de contenção rachada com os tremores, segundo a Administração de Terremotos da China.
Segundo a imprensa chinesa, autoridades de Yushu disseram que mais de 85% dos prédios da região foram derrubados pelo tremor.
"Muitas pessoas ainda estão enterradas sob os escombros das casas destruídas, perto do epicentro", disse Huang Limin, vice-secretário-geral da prefeitura de Yushu. Segundo a Prefeitura, muitos estudantes ficaram presos sob os escombros de uma escola local.
"Cerca de 700 soldados participam das buscas das pessoas enterradas e mais mil serão enviados", afirmou um porta-voz da secretaria de emergência da Província de Qinghai.
"Nossa unidade resgatou mais de 900 pessoas dos escombros", disse Yan Junfu, um oficial do Exército em Yushu.
Parentes
O vice-diretor de notícias da estação de TV do condado de Yushu, Karsum Nyima, disse ao canal chinês CCTV que a destruição foi rápida.
"Todo mundo está fora, nas ruas, em frente de suas casas, tentando encontrar seus parentes", afirmou.
Qinghai é habitada principalmente por tibetanos, mongóis, hui (muçulmanos) e chineses da etnia majoritária han.
Esta foi uma das zonas afetadas pelo terremoto que, em maio de 2008, atingiu o norte da vizinha Província de Sichuan, deixando cerca de 87 mil mortos e desaparecidos. Entre as vítimas estavam milhares de estudantes de escolas primárias.
Cinco milhões de pessoas perderam suas casas no tremor e as autoridades estimaram que o trabalho de reconstrução levaria três anos.
Posteriormente, o governo puniu os responsáveis por compilar listas com o nome das vítimas e cidadãos que sugeriram que a baixa qualidade da construção das escolas havia contribuído para o alto número de mortos.
Fonte: Folha