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Diretor de Avatar voltará ao Brasil para filmar índios em 3D

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James Cameron voltará e carregado com suas câmeras 3D.

O diretor canadense, que acumula as duas maiores bilheterias do cinema com "Titanic" e "Avatar", promete visitar o Brasil pela terceira vez neste ano para filmar os índios que lutam contra a hidrelétrica de Belo Monte (PA).


Além disso, seu blockbuster sobre os Na'vis e a floresta Pandora será relançado nos cinemas em outubro, com nove minutos a mais, incluindo novos animais, cenas de caça e batalhas noturna.


E isso não é tudo. Em novembro, um segundo DVD chegará às lojas, com novos 16 minutos e, desta vez, com material extra. Um livro "Avatar" também está a caminho.


Cameron contou à Folha que continua financiando ONGs envolvidas na luta contra a represa. Leia a íntegra da entrevista.

 

Pode falar um pouco sobre os minutos a mais de "Avatar"?
Temos algumas criaturas novas, como uma espécie de búfalo ao estilo Pandora. Eles aparecem numa sequência grande, quando os Na'vi caçam esses animais. Há mais coisas na batalha final, quando Jake encontra um personagem Na'vi morrendo, é um cena bem emotiva e provavelmente o melhor CGI do filme. Tem também uma cena de ataque noturno e mais passagens da escola de Na'vis da Sigourney Weaver. Há mais coisas aqui e ali, como na cena de amor, à noite.


Tem notícia dos índios e da hidrelétrica de Belo Monte?
Recebo relatórios de que eles continuam tentando encontrar uma solução e que a represa segue em processo. A única coisa que poderia impedir isso agora seria o povo brasileiro tomar o lado dos índios. Estar lá e ouvir os índios falarem, foi de cortar o coração. Vinte e cinco mil deles serão deslocados por causa dessa represa. É um pesadelo. Vocês estão enfrentando as mesmas questões que nós estamos encarando aqui. Acabamos de ter esse grande vazamento de petróleo por causa da nossa necessidade de energia. É a mesma situação. Precisamos de novas soluções.


Ficou surpreso com o fato de os brasileiros não estarem muito engajados na causa?

O governo e as grandes empresas realmente tiveram sucesso em fazer as coisas meio na sombra. Quando fomos lá, fizemos coletivas de imprensa em Altamira, Manaus, Brasília. Ganhamos algum interesse da mídia. E acho que o público ficou muito mais consciente do problema depois disso [...] Tenho certeza que muita gente no Brasil me vê como um forasteiro. Mas, por outro lado, eu fiz um filme sobre exatamente a mesma história. [...] Quando os índios me pediram ajuda, estavam desesperados. Eu não podia dar as costas.

Marlene Bergamo/Folhapress

O cineasta James Cameron, diretor de "Avatar", cumprimenta Jecinaldo Satere, em sua passagem pelo Brasil


Como foi conhecê-los?

Eu nunca passei anos e anos no Brasil. Mas o que eu sei das minhas visitas é que as pessoas são generosas e muito orgulhosas de serem brasileiras. E essas pessoas na floresta são brasileiras também. A primeira coisa que eles fizeram, quando eu fui nessa comunidade cayapó-xikrin no Alto Xingu, eles se reuniram todos, se levantaram e cantaram o hino nacional, de frente para um mastro com a bandeira do Brasil. Eles são parte do país, são parte da essência real, da origem do país.


Tem planos de voltar?
Quero voltar para me encontrar com alguns dos líderes Kayapó-Xikrin do Alto Xingu, que me convidaram. Quero levar uma câmera 3D, filmar como eles vivem, a cultura. Algumas dessas coisas talvez nunca tenham sido bem gravadas. Ainda mais em 3D.


Mas você já filmou, não?

Sim, tenho alguma coisa. Estamos editando um curta documentário sobre as duas primeiras visitas, que vai estar no DVD de "Avatar" a ser lançado para o Natal. Quero voltar para filmar coisas para um outro projeto, em breve poderei anunciar. Eu amo o Brasil, peguei o vírus Brasil. Quero voltar até o final do outono [nos EUA, até novembro].


Recebeu alguma resposta da carta que mandou ao presidente Lula?
Nada. Não acho que eles queiram ouvir de um forasteiro como governar o país.


Você também tentou ajudar no vazamento de petróleo no Golfo. Como foi?
Eu procurei [governo e empresa responsável, a BP] no começo para oferecer engenharia submarina, robótica, mas eles disseram que já tinham essas coisas. Eu me afastei. Depois de uma semana, vendo uma série de tentativas fracassadas para conter o vazamento, eu comecei a fazer umas ligações, conheço os melhores especialistas em águas profundas do mundo. Montamos um grupo de trabalho com 23, 24 pessoas [...] Entregamos um relatório de 25 páginas com nossas recomendações, sobre o que deveria ser feito, baseado em nossos estudos, para diversas agências do governo [...] E nada aconteceu. Ninguém nos procurou. Finalmente, depois de uns 60 dias, eles fizeram exatamente o que deveria ser feito, o que estava em nosso relatório. E, para deixar claro, não acho que eles fizeram porque a gente disse, e sim porque era a resposta certa.


Acha que as pessoas não te dão bola por ser um diretor bem sucedido de Hollywood?
Sim. Há sempre uma tendência de diminuir celebridades com boas intenções, que não sabem sobre o que estão falando. Mas o fato é que nos últimos 15 anos eu passei quatro anos fazendo "Avatar", outros um e meio fazendo "Titanic", e o resto eu passei fazendo expedições submarinas. Estou tão envolvido na exploração do fundo do oceano como quanto cinema. Mas as pessoas não sabem disso.


É verdade que "Avatar 2" será submarino?

Haverá alguma coisa submarina e também na superfície do oceano. Eu amo o oceano, quero mostrar a adaptação dos Na'vis para viver no oceano. Imagine o ecossistema de Pandora, mas debaixo d'água.


E quais os planos para "Avatar 2"?
Estou negociando com a Fox para filmar o dois e o três juntos, já estou falando com a equipe técnica. No momento mesmo, estou escrevendo o romance de "Avatar", com tudo o que aconteceu antes do primeiro filme, com mais detalhes, a cultura dos Na'vis, o que se passa na cabeça dos personagens. Deve sair no final do ano ou começo de 2011.


Quais seus próximos projetos?

Como produtor, estou trabalhando com Guillermo del Toro em "At the Mountains of Madness". Será um projeto 3D, o primeiro filme 3D dele. Vou ajudá-lo nisso. E é completamente a visão dele, baseado no livro de Lovecraft. Também estamos desenvolvendo 'Fantastic Voyage' [remake de 1966], mas ainda não temos um diretor. Está bem no começo ainda. De novo, como produtor.


Filma alguma coisa antes de "Avatar 2"?

Tenho um ou dois outros projetos que preciso decidir se vou fazê-los antes ou depois. E tenho uma expedição oceânica que vamos fazer no ano que vem, vai levar alguns meses só, mas estamos construindo um submersível agora, que chegará a 36.000 pés de profundidade, para explorar as Fossas Marianas [no oceano Pacífico]. Vai ser bem divertido. É o tipo de coisa que eu amo.


Você se sente responsável quando vê essa onda interminável de filmes 3D?

Não tenho responsabilidade nenhuma pelos filmes ruins [risadas]. Mas o 3D vai achar seu lugar certo. Não há dúvida de que está aqui para ficar, que as pessoas gostam. O que elas não gostam é de ser enganadas, de pagar dinheiro extra para ter uma experiência ruim. Se você vai cobrar mais pelo ingresso, é melhor dar às pessoas uma coisa a mais. Acho que há 3D bom e também 3D ruim. O público vai aprender, vai queimar o dedo e quando voltar ao cinema vai ser mais cuidadoso.



Fonte: Folha Online

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