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Após 14 anos, piauiense que morava nas ruas em Goiás reencontra família

Após mais de 34 horas de viagem de ônibus, do povoado de São José dos Monteiros, no interior do Estado do Piauí, até Goiânia, a esperança de Marcelo Batista Eulálio, 33 anos, crescia a cada segundo. O objetivo: levar o tio para casa. Júlio Eulálio, 61 anos, saiu do sítio da família, onde morava junto dos pais e seus seis irmãos, em 1996, e nunca mais voltou.

Fotos:Fabrizio Franco



Os 14 anos de ansiedade da família e do sobrinho pelo encontro do “Tio Mané”, como é chamado pela família e conhecido no povoado, terminaram em final feliz, em um dos bancos da Avenida Goiás, no Centro de Goiânia, enquanto Júlio Eulálio tomava sol (foto). Mesmo de costas, seu Júlio foi reconhecido de longe pelo sobrinho. “Rapaz! Pera aí! Olha ele ali! É ele!”, afirmou, surpreso, o sobrinho, que atravessou rapidamente a avenida para o encontro. O tio, muito emocionado, e inicialmente não acreditando nas palavras de Marcelo, começou a chorar quando ouviu os nomes dos pais, dos seis irmãos, e  fatos do sítio da família, no povoado.


Marcelo Batista Eulálio, Júlio Eulálio, e o assessor
de Promotoria do MP Rogério dão fim ao desencontro familiar




Júlio Eulálio vivia como morador de rua na capital goiana e abandonou várias vezes o abrigo Casa de Acolhida. As informações dele, ao pedir ajuda ao MP de Goiás para encontrar um local para ficar, possibilitaram o encontro com a família. Ministérios Públicos de Goiás e do Piauí trocaram informações e juntos propiciaram o encontro, que acabou com a busca dos Eulálios pelo País. Os esforços somados do promotor Justiça Humberto Luiz Puccinelli, coordenador do Núcleo de Atendimento do Idoso (NAT do Idoso) do MP-GO, e da promotora de Justiça Flávia Gomes Cordeiro de Castro, da comarca de Miguel Alves (PI), foram fundamentais para que o encontro se realizasse.


Emocionado, o sobrinho, antes da busca e do encontro com tio no Centro de Goiânia, no qual foi acompanhado por integrantes do MP, explicou que a família chegou a acreditar que Júlio estivesse morto. Depois do reencontro, feliz, recatado e vergonhoso, o idoso foi levado pelo veículo do MP nas bancas de revistas em que havia pedido para guardar vários sacos plásticos, algumas roupas e a carteira de documentos.


Para partir, no mesmo dia, às 13 horas, junto com o tio, para o Piauí, Marcelo assinou um termo de responsabilidade na 65ª Promotoria de Justiça. O “Tio Mané” vai viver a partir de agora com o auxílio da família. Diz ter gostado de Goiânia e quer visitar a cidade futuramente.


A boa notícia
Em agosto deste ano, quando procurou o MP-GO, Júlio foi encaminhado ao NAT do Idoso. A 65ª Promotoria de Justiça, da qual o coordenador do NAT é titular, deu início, então, a uma série de pedidos, por meio de ofícios, para a inclusão do idoso no Serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade do município. No entanto, a Secretaria Municipal de Assistência Social não atendeu às solicitações.


Paralelamente à atuação jurídica do MP, o assessor da Promotoria, Rogério Resende Vieira, teve a iniciativa de pesquisar os dados de Júlio Eulálio - nomes do pai e da mãe - no sistema de dados do Ministério da Justiça, chamado Infoseg.


O sistema é o mesmo utilizado por órgãos públicos de investigação, como Polícias Federal, Militar e Civil, na busca de informações de pessoas. O assessor conseguiu, então, contato com o irmão de Júlio, Ribamar Eulálio. Tudo graças ao apoio da promotora Flávia Gomes Cordeiro de Castro, da comarca de Miguel Alves (PI), que, por meio do endereço fornecido por Rogério, comunicou o fato à família.


Quando o sobrinho de Júlio, Marcelo Batista, que sempre ia em busca do paradeiro do tio pelas capitais do País, soube do encontro do seu “Tio Mané” pelo MP goiano, começou a acreditar novamente (como sempre) que iria encontrá-lo. Disse que ficou confiante. Quando viu o envolvimento dos MPs, justificou a certeza: “Tudo que envolve Justiça é coisa séria”. Marcelo, que, juntamente com o irmão mais velho, foi recentemente aprovado no concurso para oficial de Justiça do Tribunal de Justiça do Piauí, não pensou duas vezes nem se importou com as dificuldades da viagem de ônibus, vindo o mais rápido possível para o encontro do tio em Goiânia.


Ele contou também que a “Tia Socorro” chorava muito, ao longo dos anos, por conta da saudade do irmão desaparecido. Agora, depois da sua localização, ela reza todos os dias pelo assessor do MP, Rogério Resende, como forma de agradecimento pela ajuda.


Fonte: MP-GO

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