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Com imagens inéditas, "Senna" mostra a construção de um ídolo

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“Senna”, que estreia nesta sexta (12), é um documentário sobre a construção de um ídolo no período de dez anos – 1984/1994 –, durante os quais o Brasil conquistou quatro títulos mundiais de Fórmula 1. Três com Ayrton Senna, o objeto do diretor inglês Asif Kapadia, e um com Nelson Piquet. E venceu 54 corridas, 41 com Ayrton e 13 com Piquet. Convém recordar que as quatro conquistas em questão vieram no espaço de apenas quatro anos. Piquet foi tricampeão em 87; Senna venceu em 88, 90 e 91. E, como induz o filme, também poderia ter sido em 89. O Brasil nunca viveu período mais rico na história do automobilismo internacional.




O documentário é imperdível para que gosta de corridas e os torcedores de Ayrton, os mesmos que no final da década de 90 surpreenderam e concederam ao piloto o título de "Esportista do Século", da revista "Isto É", superando Pelé. Para os admiradores de Piquet é melhor esperar outro documentário. E aos fãs de Émerson não resta senão rever “ O Fabuloso Fittipaldi”.



Assistir ao filme “Senna” é como uma boa volta no tempo às jovens manhãs de domingo. Como mostra o filme, se você acordasse cedo teria grande chance de ver a bandeira brasileira no pódio. Até o aterrorizante final de semana de Ímola, no Grande Prêmio da República de San Marino, em maio de 1994, quando a Fórmula contabilizou suas duas últimas mortes até hoje: o austríaco Roland Ratzenberger no sábado e Ayrton Senna, na curva Tamburello, no domingo.




Para criar o mito Senna na tela, o diretor centrou a carreira do piloto na feroz disputa com o francês Alain Prost tendo como fiel da balança o chefe de equipe Ron Dennis, personalidade marcante e definitiva das últimas quatro décadas na Fórmula 1. Através dos depoimentos – imagens de arquivo e uma feliz opção por narração em off, para não quebrar o ritmo cativante das cenas de corrida – a tensão entre os dois pilotos vai crescendo até a ruptura, marcada pela decisão dos títulos de 89 e 90. Depois, a reconciliação antes do acidente fatal. E a imagem compungida de Prost no funeral de Ayrton.



Para quem acompanhou e acompanha a Fórmula 1 as cenas gravadas nos briefings dos pilotos é impagável. As discussões sobre segurança e o comportamento autoritário do então presidente da FIA, Jean Marie Balestre - “A melhor decisão é a minha decisão”, diz ele em uma das reuniões com os pilotos – revelam os bastidores de uma disputa surda da qual Senna e Prost eram os personagens principais.


No Brasil, acostumou-se com a espiritualidade difusa de Senna através das constantes referências a um poder superior que o ajudava nos momentos capitais – uma dimensão desconhecida no ambiente tecnológico e competitivo da Fórmula 1. Sem chegar a pinceladas hagiográficas, isso se contrapõe ao clima constante de desavenças dentro e fora das pistas e a angústia de não ter nas mãos, no fim, um carro que respondesse ao seu talento. Essa dualidade parece, no documentário, essencial para se conhecer Ayrton Senna.


Fofocas, a inimizade com Nelson Piquet, o trauma familiar não entraram no produto final. Nem a bifurcação amorosa Xuxa/Galisteu mereceu mais do que algumas poucas cenas. Senna teve um documentário merecido que talvez nem seja o definitivo. Mas certamente é muito melhor do que vê-lo na pele de Antonio Banderas como se chegou a cogitar.


Fonte: Uol

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