Cidadeverde.com

Lobão conta suas relações de drogas e música em autobiografia

Imprimir

Depois de receber do pai um soco na cara, Lobão começou a gritar para que saísse do quarto enquanto terminava de fazer as malas. Estava sendo expulso de casa.


O velho não saía. Avistou, então, os dois violões em cima da cama. Ainda pensou: "O preto ou o de nylon?". O de nylon. Pegou o instrumento e fez dele uma clava.


Deu com força na cabeça do pai repetidas vezes. O homem caiu no chão, arrastou-se para fora do quarto tentando fugir dos golpes, que continuavam. Apanhava em silêncio. Ensanguentado, conseguiu chegar à escada.


Em última tacada, o filho o empurra pelos degraus. Só sossegou porque não havia mais violão para continuar batendo. Em seguida, chamou a irmã: "Vamos sair deste hospício". Nunca mais voltou para casa. Tinha 19 anos.

Hoje, aos 53, o músico reúne histórias como essa --algumas ainda mais pesadas-- na volumosa autobiografia "Lobão - 50 Anos a Mil". 

 Letícia Moreira/Folhapress  

O livro foi escrito com o jornalista Claudio Tognolli. Enquanto o biografado ia fundo nas próprias lembranças, Tognolli fazia a pesquisa factual: compilava notícias publicadas nos últimos 30 anos, recolhia os inúmeros processos judiciais que Lobão teve de responder, entrevistava outros personagens.

 
O material jornalístico não se mistura às memórias, só as completa. Vem intercalado em capítulos à parte que, segundo Lobão, estão lá "pra ninguém dizer que sou louco e estou inventando história".


O leitor impaciente pode pular esses capítulos sem nenhum prejuízo da narrativa. Mas é fato que, de tão extraordinárias, muitas das peripécias narradas parecem mesmo pura invenção.


Como o evento da primeira masturbação. Menino carola (pensava em ser padre), era fascinado pela figura do Jesus crucificado, "tinha tesão naquela sunguinha". Construiu, na oficina caseira do pai, uma cruz de seu próprio tamanho e arrastou-a nas costas até o quarto. Fez ali sua solitária estreia sexual.
 

Outro episódio inacreditável tem como cenário o velório do poeta Julio Barroso (1953-1984). Prestando "uma última homenagem" ao amigo e parceiro morto, Lobão e Cazuza cheiraram cada um uma carreira de cocaína sobre o tampo do caixão.


Fonte: FOLHA

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais