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Valor Econômico diz que Wilson “escanteia” petistas do PI

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O jornal Valor Econômico publicou na edição desta quarta-feira (29) que o governador reeleito Wilson Martins (PSB) escanteou o PT do Piauí. A matéria faz um resgate da história política do governador e afirma que os petistas estão sendo prejudicados.

 




Veja matéria na íntegra:

 

 

Ex-vice, Wilson Martins escanteia PT e escala a mulher para a pasta de Saúde

 

 

Em 2006, com os ventos de continuidade que sopravam em direção às reeleições do presidente Luiz Inácio Lula Silva e do governador Wellington Dias, ambos do PT, o então deputado estadual do Piauí, Wilson Martins, abandonou o PSDB, partido no qual estava havia mais de dez anos, e entrou no PSB, numa estratégia que lhe renderia muitos frutos. Deixou de ser ferrenho opositor e habilitou-se a fazer parte do governo piauiense do PT. Virou secretário de Desenvolvimento Rural, organizou o PSB no Estado e colonizou a sigla com vários prefeitos, deputados e vereadores egressos do DEM, que estavam à míngua, longe do poder.


Martins capitalizou-se fazendo a ponte entre a esquerda e a direita travestida de socialista. Tornou-se o vice-governador no segundo mandato de Dias e sucessor natural ao cargo, que assume no sábado depois de eleição disputada, em que não largou como favorito.

 

Contou a seu favor, porém, a força da máquina do governo do PT, bem avaliado, instalado no poder havia quase oito anos. E o apoio de Lula e de sua candidata, Dilma Rousseff, num Estado onde a próxima presidente amealhou 70% dos votos no segundo turno. Ao tomar posse, aos 57 anos, Wilson Martins receberá uma herança invejável acumulada na era Dias. Terá uma superbase na Assembleia, formada por 25 dos 30 deputados. Oito dos dez deputados federais e os três senadores do Estado também são de sua base.

 


É uma hegemonia que ele não conquistou sozinho. Mas que agora, uma vez eleito governador, lhe dá condições de exercer o poder ao seu gosto, para a contrariedade de quem lhe deu asas. Com as posições invertidas, Wilson Martins passou a distribuir as cartas. Sua decisão de diminuir o espaço de aliados no secretariado causou descontentamento no PMDB e, principalmente, no PT, que se sente escanteado.

 


"O governo só está nos oferecendo cargos periféricos", reclama o deputado estadual João de Deus (PT).

 


Uma das principais reivindicações do PT, nas negociações durante a transição, foi a devolução da pasta de Desenvolvimento Rural (SDR). É a mesma pela qual Wilson Martins entrou no território petista, e a tornou, digamos, praticamente uma secretaria hereditária. Primeiro, indicou seu cunhado, Elcio, e depois o irmão, Rubens Martins.

 


Mas o familismo, marca antiga da política brasileira, mostra seus tentáculos por toda parte. Sua mulher, a deputada estadual Lilian Martins (PSB), será a secretária de Saúde.

 


Em 2008, Wilson ajudou a eleger um sobrinho, Rodrigo Martins, vereador de Teresina. Para o nepote, cogitava criar uma secretaria da Juventude. Neste ano, já como governador, viu outra sobrinha, Jandira, chegar ao comando da prefeitura de sua cidade natal, Santa Cruz do Piauí. Jandira havia perdido a disputa em 2008, mas assumiu o cargo depois que o mandato de Jurandir Martins dos Santos (PTB) foi cassado pelo TRE por compra de votos. Detalhe: Jurandir é primo de Wilson Martins, mas adversário do governador.

 


Ao PT, depois de eleito, ofereceu secretarias como a de Inclusão da Pessoa Deficiente e a Fundação Cultural do Piauí (Fundac). Insatisfeitos, os petistas pediram as pastas de Cidades, que toca as obras, e a de Desenvolvimento Rural. Martins chegou a indicar que cederia, o que acabou não ocorrendo.

 


Médico, o governador tem como bandeira a saúde. Mas os desafios são gigantescos. O Piauí tem a segunda pior taxa de analfabetismo, 24%, e só perde para Alagoas. A população que depende de transferências como Bolsa Família e Previdência, chega a 53%. Segundo o IBGE, o Piauí tem sido o Estado que mais cresce, impulsionado pelo cultivo de soja - entre 2007 e 2008, o aumento foi de 8,8%. Ainda assim, sua economia produz pouco. É a quinta menor e representa 0,6% do PIB nacional, embora a população seja de 1,6%. Isso faz com que registre o menor PIB per capita: R$ 5.372,56. Em 2002, contudo, era menos da metade.

 


Na infraestrutura, Martins espera contar com a relação com o governo federal e a experiência do período em que foi coordenador do PAC no Estado. Obras urgentes são a Transnordestina - que facilitará o escoamento de grãos e de recém-descobertas jazidas de ferro e níquel, que atraem a Vale - e o porto de Luis Correia, jamais concluído.

 


O ex-prefeito de Teresina, Silvio Mendes (PSDB), que disputou o segundo turno com Martins, afirma que "faltou perseverança, estratégia, uma política de resultados" ao grupo atualmente no poder.

 


"Houve uma quantidade muito grande de obras paradas, suspensas, por falta de pagamento", diz.

 

Procurado pelo Valor, o governador não concedeu entrevista.


 

 

Da Redação (com fonte do Valor Econômico)

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