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"É muito fácil conseguir Oxi. É como comprar banana", diz usuário

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O Piauí está entre os 11 estados brasileiros que já registraram a chegada da droga Oxi, uma composição mais perigosa que o crack. Na Fazenda da Paz, entidade de trata de dependentes químicos, dos 65 internos atualmente, 5 confessam já ter experimentado Oxi.

Um deles, Rafael, 25 anos, está há 21 dias em tratamento. Ele conta que há 12 anos é usuário de drogas, há três começou a usar crack e só precisou de duas semanas para se sentir "totalmente destruído" pelo Oxi.

Fotos: Caroline Oliveira/Cidadeverde.com

"Tenho dois filhos e sou casado há 7 anos. Minha mulher chorava todo dia pedindo para eu sair dessa droga. Eu parei de trabalhar como metalúrgico e depois do café da manhã saía para fumar e só voltava a noite. O oxi não te dá vontade de comer, você só quer usar mais e mais. O efeito só dura 10 minutos e nos próximos você quer usar mais. Eu vendi até roupa e panela de casa para comprar droga", declarou o jovem, que confessou também ter encontrado a droga em Campo Maior.

Outro usuário, o servente de pedreiro, Manoel, 43 anos, descreve que sabe diferenciar o crack do oxi pelos efeitos que a droga provoca e por ser mais barato. Manoel é usuário de drogas há 25 anos.


"Ele corrói o céu da boca, quebra nossos dentes, você fica ligado, parece um zumbi e não tem vontade de comer nem de dormir. Cada tapa só dura oito segundos e a ansiedade aumenta. É muito fácil conseguir essa droga. É como se você tivesse comprando banana na Ceasa ou melancia na feira. É fácil e barato", conta Manoel, que há uma semana recorreu a Célio Barbosa, coordenador da Fazenda da Paz.

Os dois chegaram ao centro de tratamento porque tinham consciência de que se continuassem usando oxi iriam morrer mais rápido do que com o crack.

De acordo com o delegado Samuel Silveira, titular da Delegacia de Entorpecentes, não foi comprovada, tecnicamente, a existência de oxi no Estado. Mas, ele disse que, conversando com entidades que tratam de usuários, foi relatado o consumo.


"O oxi é o mesmo crack. Eles surgiram da cocaína, que tem um grau máximo de pureza. O crack não tira as impurezas da cocaína e acrescenta bicarbonato de sódio. Já o oxi mantém todas as impureza do crack e, ao invés de acrescentar bicarbonato, é colocado cal, querosene e até solução de bateria, que se torna ainda mais destrutivo e mais barato", explica o delegado.

Ele explica também que, como o tráfico age com regras de mercado, era preciso criar um produto novo. "O oxi, sendo tecnicamente o mesmo crack, é vendido como uma nova droga para aguçar a curiosidade dos viciados", afirma Samuel.
 

 
Flash de Caroline Oliveira
Redação de Leilane Nunes

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