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Substituta de Palocci, Gleisi Hoffmann toma posse nesta quarta

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A nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), vai ser empossada no cargo às 16h desta quarta-feira, no Palácio do Planalto.

Após 23 dias de crise e forte pressão para que deixasse o cargo, Antonio Palocci entregou na tarde de ontem carta à presidente Dilma Rousseff solicitando o seu afastamento do governo. A exoneração do ministro foi publicada hoje no "Diário Oficial" da União.


Mulher do ministro Paulo Bernardo (Comunicações) e eleita para o Senado pela primeira vez no ano passado, Gleisi aceitou o convite feito pelo governo para assumir a Casa Civil e disse ontem, em entrevista, que a sua gestão vai ser mais técnica do que política.

Conhecida pelo perfil duro nas negociações políticas no Senado, Gleisi disse que sabe da responsabilidade e do desafio que tem pela frente.

O governo Dilma enfrenta críticas de aliados e da oposição em relação à articulação política. Gleisi não quis comentar como ficará a negociação com o Congresso, que vinha sendo assumida por seu antecessor na Casa Civil, que perdeu força desde que a Folha revelou em maio que ele multiplicou por 20 seu patrimônio.

"Ela disse que meu perfil é um perfil que se adequa ao que ela pretende agora na Casa Civil, que é o acompanhamento dos projetos do governo. Portanto, é uma ação de gestão. A presidenta quer uma gestão mais técnica na Casa Civil."

Gleisi ainda comentou a saída de Palocci. "Para nós, é um momento triste. Sabemos do relatório da procuradoria [Ministério Público Federal] que colocou de forma clara a situação do ministro que não há problema é uma pena perder o ministro Palocci."

Perfil
Filiada ao PT desde 1989, a futura ministra da Casa Civil foi secretária de Estado no Mato Grosso do Sul na gestão de Zeca do PT e secretária de Gestão Pública da Prefeitura de Londrina.

Em 2002, compôs a equipe de transição de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, onde seria nomeada a diretora financeira da Itaipu Binacional. Ali permaneceu até início de 2006, ano em que disputaria seu primeiro cargo eletivo. Na disputa por uma vaga ao Senado Federal, não conseguiu se eleger.

Tornou-se presidente do PT no Paraná e, em 2008, candidatou-se à prefeitura de sua cidade natal, Curitiba, mas obteve o segundo lugar, com 18,17% do votos.

Em 2010, disputou novamente o cargo de senadora, elegendo-se como a mais votada, juntamente de Roberto Requião (PMDB).

Demissão
Palocci entregou ontem carta à presidente solicitando o seu afastamento. "O ministro considera que a robusta manifestação do Procurador Geral da República confirma a legalidade e a retidão de suas atividades profissionais no período recente, bem como a inexistência de qualquer fundamento, ainda que mínimo, nas alegações apresentadas sobre sua conduta. Considera, entretanto, que a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo. Diante disso, preferiu solicitar seu afastamento", diz nota da Casa Civil.

A crise que levou à saída de Palocci teve início no dia 15 de maio, após a Folha revelar que o ministro multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010.

A Projeto, empresa aberta por ele em 2006 --quando o ministro afirmou ter patrimônio de R$ 356 mil-- comprou, em 2009 e 2010, imóveis em região nobre de São Paulo no valor total de R$ 7,5 milhões. A Folha também mostrou que o faturamento da empresa foi de R$ 20 milhões em 2010, quando ele era deputado federal e atuou como principal coordenador da campanha de Dilma à Presidência da República.

Em entrevista exclusiva à Folha, Palocci afirmou que não revelou sua lista de clientes a Dilma, atribuiu as acusações a ele a uma "luta política" e disse que ninguém provou qualquer irregularidade na sua atuação com a consultoria Projeto.

Em nenhum momento o agora ex-ministro revelou a lista de clientes de sua consultoria e alegou "cláusula de confidencialidade" para não divulgar para quem ele trabalhou enquanto exerceu simultaneamente as funções de deputado e consultor.

Procuradoria
Instado a se manifestar sobre o caso pela oposição, que apresentou denúncia contra Palocci, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu arquivar todas as representações que pediam abertura de inquérito relacionadas ao fato de o patrimônio do ministro ter aumentado pelo menos 20 vezes de 2006 para 2010.

Ele entendeu que não existem indícios concretos da prática de crime nem justa causa para investigar o caso.

Em um documento de 37 páginas, Gurgel afirmou que a legislação penal "não tipifica como crime a incompatibilidade entre o patrimônio e a renda declarada".

Segundo o procurador, os partidos de oposição que propuseram as representações não apresentaram documentos que demonstrem a prática de crime. 


Fonte: Folha Online
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