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Do Piauí, Albert lamenta a morte de Millôr e diz: "Ele é insubstituível"

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"Ninguém é insubstituível, mas ninguém substitui Millôr Fernandes.", disse o artista piauiense Albert Piauí, ao lamentar a morte de Millôr Fernandes na noite desta terça-feira (27).


O escritor carioca Millôr Fernandes morreu aos 88 anos, em casa, no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Ivan Fernandes, filho do escritor, em entrevista a um site nacional , ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.

Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista autodidata, Millôr começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos, conciliando as tarefas de tradutor, jornalista e autor de teatro. No final dos anos 1960, tornou-se um dos fundadores do jornal "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar.

Foi no "Pasquim" que o cartunista piauiense Albert Piauí conviveu com Millôr Fernandes. "Nossa relação não era muito íntima, mas tínhamos um carinho especial.", conta Albert. Carinho este, expressado em palavras pelo próprio Millôr que citou o nome de Albert Piauí na dedicatória de seu blog em um site nacional.



Albert é presidente da Fundação Nacional do Humor que tem sede em Teresina e realiza há 29 anos o Salão Internacional de Humor do Piauí. Para o artista, Millôr é uma das maiores percas para a cultura brasileira atualmente.

"Ele era o maior intelectual vivo do Brasil. Digo inclusive que ele era o maior fiósofo que o Brasil teve, pois ele não era ligado a sistemas e sim um profundo filósofo do cotidiano.", conta Albert.

Millôr Fernandes esteve três vezes em Teresina, acompanhado de sua esposa Cora Ronai, para participar do salão. Albert lembra com emoção as histórias vividas com o grande cartunista.

"Uma grande empresa lançou uma vez um concurso literário e no concurso haviam umas quatro pastas cheias de artigos de regulamento. O Millôr começou a criticar o edital do concurso. Na época, o nosso regulamento no salão tinha três páginas e reduzimos para oito itens e mandamos pra ele, quando ele viu ele publicou na coluna que tinha no jornal como exemplo de regulamento.", lembra Albert sorrindo.

Kenard Kruel, também cartunista, acrescentou que Millôr foi um grande divulgador do Piauí no Brasil. "Naquela época todos faziam chacota do Piauí e ele sempre solícito, divulgava nosso salão como um dos mais importantes do mundo. Ele mesmo articulou a vinda de muita gente para cá", comentou.

Millôr deixa saudades e um legado histórico para a cultura nacional. Entre sorrisos e histórias de um passado cheio de memórias dos piauienses com o cartunista, as emoções se refletem da melhor maneira nas palavras de Ricardo Amorim, do "Manhattan connection", em seu Twitter - "Para levar o Chico Anysio e o Millôr Fernandes em menos de uma semana, desconfio que Deus estava precisando rir.." 


Rayldo Pereira
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