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Clodovil: Amigos lotam leilão de bens

O leilão dos bens do ex-deputado Clodovil Hernandes, que arrecadou mais de R$ 370 mil, levou a uma casa especializada nos Jardins, região nobre de São Paulo, dezenas de amigos, conhecidos e até um sósia do polêmico estilista nesta quinta-feira (12). Alguns participantes, que diziam estar dispostos a brigar para levar algumas peças para casa, porém, se renderam ao calor e à lotação do pequeno salão onde os lances foram feitos.

Ator foi vestido de Clodovil até o leilão (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Uma das desistentes foi a empresária Lilian Gonçalves. Conhecida como “rainha da noite”, por conta das diversas boates que possui no Centro da cidade, ela era uma das mais empolgadas momentos antes do início do leilão. “Estou disposta a gastar R$ 100 mil, R$ 200 mil. O Clodovil vale muito mais que isso.”

Lilian pretendia adquirir, entre outros objetos, bolsas da marca Louis Vuitton, joias e o item mais cobiçado do leilão: uma gravata borboleta feita em ouro branco, cravejada com 1.097 diamantes. “Minha intenção é preservar a memória desse baluarte nacional chamado Clodovil Hernandes deixando as peças em exposição.”

Mal começou o leilão e a empresária arrematou o primeiro lote: um conjunto de servir chá e café contendo bule, açucareiro e leiteira no valor de R$ 1.800.

O empurra-empurra e o calor que fazia na sala – sem ar-condicionado nem ventiladores -, porém, foram mais fortes que a admiração que ela tem pelo saudoso amigo. “Passei mal. Não consegui ficar lá dentro. Muito calor, fui empurrada, nunca passei por isso”, disse. “Mas toda essa gente mostra a força de Clodovil”, acrescentou, antes de ir embora, ainda na noite de quinta-feira. O leilão terminou apenas na madrugada de sexta (13).

Amiga e ex-assessora de Clodovil, Bertha Pellegrino, de 54 anos, não pôde sair de Brasília, onde mora, para participar do leilão. Mas decidida a adquirir algumas peças do patrão, pediu ajuda para uma amiga que mora em São Paulo, a paisagista Ana Theresa Geribello, de 32 anos, e fez os lances por telefone. Com isso, conseguiu arrematar por R$ 5.300 um serviço de chá e café de prata com cabos de marfim do início do século 20.

“Vou usar, como se estivesse dando continuidade ao que ele desejava”, afirmou, emocionada e por telefone, Bertha. A amiga do estilista contou que as peças são especiais porque seriam usadas em um jantar que Clodovil daria em 2009 para o então presidente da Câmara Michel Temer. “O jantar estava marcado fazia tempo, mas o Clodovil acabou morrendo um dia antes.”

Grande personagem da noite foi o empresário e arquiteto Luis Pedro Scalise, de 44 anos. Após uma disputa acirrada com outros compradores, ele conseguiu arrematar por R$ 46 mil a valiosa gravata borboleta de ouro com diamantes. “Para mim, comprar isso não é gastar, é ganhar dinheiro”, disse, acrescentando que irá usá-la nos próximos meses.

Scalise contou que trabalhou com o estilista na década de 1990. “Eu fazia estampas e pintura de seda para ele. [...] E em uma conversa que tivemos nós comentamos sobre esta gravata.” Muito aplaudido pelo público que acompanhava o leilão, ele mal continha a felicidade. “E eu adoro joias”, disse, mostrando em um dos dedos um anel de brilhantes.

Sosia e fã
Mas nem todos que estiveram na casa de leilões foram lá para fazer compras. O radialista e ator Sebastião José dos Santos, de 41 anos, por exemplo, queria homenagear o ídolo se fantasiando de Clodovil. “Eu sempre o imitei e desde criança, sou apaixonado por ele”, contou.

Celina doou sapato que foi arrematado por R$ 300 (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Além de usar uma peruca e brincos e pulseiras, ele imitava os trejeitos e a voz do estilista. Quando alguém pedia para tirar uma foto ao seu lado, o ator afirmava: “Nossa, estou mais brilhante que o brinco do Clodovil”. E soltava uma gargalhada afetada e divertida.

Outra que não comprou foi a aposentada Celina Guiyotoko, de 70 anos. Fã do estilista, ela tinha em sua casa duas peças do ídolo que guardava com carinho: um telefone de madeira e um sapato. “O telefone é lindo. É feito de pinho-de-riga e chama a atenção de todo mundo que vai em casa.” Para ajudar, ela levou o sapato, de calçado número 37, ao leilão. “Acho que era de uma manequim dele.” A peça foi a última a ser vendida, por R$ 300.

Dívidas
O objetivo do leilão é acabar com dívidas do espólio de Clodovil - entre elas, uma indenização de R$ 200 mil a ser paga para a senadora Marta Suplicy. Em 2004, ela processou o estilista por ofensas ditas em seu antigo programa de televisão.

Público se espreme na entrada de casa de leilões (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Estilista consagrado, Clodovil foi também apresentador de TV e deputado federal. Como não teve herdeiros, todo o valor arrecadado vai ser usado para pagamento de dívidas - muitas delas com ex-funcionários -, que passam de R$ 300 mil, segundo a advogada.

Além do leilão, uma casa em Ubatuba, no litoral de São Paulo, está entre os bens de Clodovil que vão ser vendidos para quitar as dívidas do espólio do estilista. A previsão é que o imóvel seja vendido por R$ 560 mil, a um comprador que já acertou negócio. "A casa está praticamente vendida. A juíza autorizou, pediu para reservar uma parte do pagamento para taxas e agora falta expedir um alvará", disse a advogada Maria Hebe de Queiroz, uma das responsáveis por administrar os bens de Clodovil.


Fonte: G1
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