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Coluna 20 e 21/05/24

O dia depois do amanhã: o trabalho de projeção nacional de Rafael

Há quem leia a sorte na borra de café, tem os que preferem acreditar nos efeitos das fases da lua sobre o humor. E tem a coluna, que é meio paranoica, e enxerga uma letra num pingo. Sendo assim, é óbvio que o governador Rafael Fonteles (PT), com um ano e cinco meses de mandato, fez um risco no chão rumo a um destino. Interlocutores da coluna em diversas esferas, acreditam numa coisa só: os passos do governador o levam para um projeto nacional. Como, quando e onde? Respostas, a coluna fica devendo. Mas ideias, temos algumas... O leitor confere abaixo.

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O Piauí é tão longe...

O Piauí é um estado com economia de pouco impacto no cenário nacional e com um eleitorado pequeno (menos de 3 milhões de pessoas). São Paulo, por exemplo, tem 34,6 milhões de eleitores. Sendo assim, quais as chances de um político piauiense furar a fila do eixo Sul e Sudeste e sentar, quem sabe, na cadeira de presidente da República num futuro não tão distante assim? O leitor pode lembrar imediatamente do presidente Lula, pernambucano, quebrando os paradigmas citados. Mas ora, Lula não fez toda a carreira política no sindicalismo do ABC paulista? Exceção que confirma a regra, não vale.

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Tem como furar a fila?

Há uma fila no PT: Lula, líder inconteste, mesmo com o avançar da idade chegando, depois o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois (bem longe) alguns ministros de pastas relevantes, como Camilo Santana, na Educação e até mesmo Flávio Dino, hoje no Supremo Tribunal Federal. É legítimo que quadros petistas de uma nova geração almejem entrar na roda de discussão. Mas a dúvida é: haveria alguma forma de furar essa fila antes de 2030? 

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Indícios

Desde o início, Rafael agiu com o olhar para o exterior, na busca de investimentos (as viagens seguidas são criticadas pela oposição, o que é natural), com sinalização para o mercado (essa instituição que todos sabem o que é mas ninguém sabe quem é) e para a opinião pública nacional (como, por exemplo, com a divulgação em rede nacional do projeto de recuperação de celulares coordenado pela secretaria estadual de Segurança Pública do Piauí).  

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Lula precisa do NE, Rafael precisa de Lula

O cenário eleitoral no Piauí está completamente ligado ao nacional. E o nacional, bem ou mal, está ligado ao Nordeste, ou seja, também ao Piauí. É fato que o presidente Lula só conseguirá se reeleger se os governadores do Nordeste estiverem bem em avaliação. “Porque não vai crescer votação dele no Sul e Sudeste, só se ele fizer algo diferente no Rio Grande do Sul, mas acho que ele errou em escolher o Paulo Pimenta (como autoridade nacional no RS)”, destacou um petista que trafega em várias instâncias nacionais.  

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De que adianta vencer assim?

“Por isso, em Teresina, aceitaram o Paulo Márcio (vice de Fábio Novo), pessoas que vieram da direita e bolsonaristas. Tem que ampliar a margem para 2026”, completou a fonte, especulando cenários prováveis. “De que adianta o Rafael ser governador (em 2026) se tiver alguém do Bolsonaro ou Tarcísio (de Freitas, governador de São Paulo), como presidente? O Wellington Dias (quando foi governador) se segurou por causa da COVID. É um equilibrista”, completou a fonte petista. Sendo assim, há uma via de mão dupla para reforçar investimentos federais no Piauí, o que beneficia a projeção de Rafael. 

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Fatores de projeção

Fontes que circulam bem nos corredores do poder, enxergam que Haddad pode não decolar e que os outros ministros irão ficar se equilibrando para não caírem no governo Lula. “Além de todos estes trabalhos que o colocam com a plataforma nacional (a questão dos celulares e da reforma tributária) e internacional (hidrogênio verde), vejo que ele faz um trabalho junto ao PT Nacional, demonstrando que o Piauí será o estado com o maior número de prefeituras petistas proporcionalmente à nível nacional. Este é o desafio político este ano”, analisou o interlocutor, em reserva.

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Riscos e prêmios

Há alguns caminhos para ser um governador de um estado periférico ser um político nacional. Dentre eles: implementar mudanças positivas que chamem a atenção e façam da gestão um modelo; aproveitar esse cacife para subir num degrau maior no futuro, como um ministério do porte da Fazenda; e daí subir um pouco mais. A estrada é longa, faz sol, chuvas intermitentes, possibilidades de furacões e maremotos. Mas a política não deixa de ser uma jornada para quem arrisca.

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Um pé lá e um pé cá?

Com o registro público, em uma agenda em Bom Jesus ao lado dos adversários políticos em Teresina (como o deputado federal Júlio Arcoverde e outros apoiadores de Sílvio Mendes), o ex-deputado Luciano Nunes (ainda no PSDB) está de que lado mesmo? Fontes da coluna, inclusive, relatam tê-lo encontrado em reuniões informais, de amigos que atuam no front da campanha de Mendes. O que foi que houve?

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O que tem a ver uma coisa com a outra? Me diga

Um interlocutor que orbita próximo a Nunes, diz que uma coisa não tem nada a ver com a outra. “Não vamos misturar. Ele tem um vasto ciclo de amizades e uma parte dele não está com Fábio (Gustavo Neiva, por exemplo). Mas da cúpula do Silvio (Marco Antônio, José João, Kleber Montezuma, Charles Silveira ) contato praticamente zero”, ponderou, em off, claro. “O caso de Bom Jesus é uma amizade antiga, inclusive quando foi pra compor lá atrás o grupo do Marcos Elvas com o do Fábio Novo, Luciano abriu mão de ser o deputado do Elvas”, esclareceu. Ah, então tá bom...

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Prótons e nêutrons

Há claramente dois núcleos políticos no entorno do pré-candidato do União Brasil: um de ex-tucanos raízes, nomes que participaram de gestões de Sílvio Mendes e Firmino Filho, e outro, formado pelos integrantes do Progressistas. São ou não são ideias distintas, modos diferentes de fazer política? A coluna perguntou a um personagem de um dos grupos se está tendo algum tipo de choque de perspectivas sobre como conduzir o melhor rumo da campanha: “Não tem isso de que alguém está de escanteio. Todos são ouvidos”. Ok, ok.

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Os verdadeiros maquiavélicos 

Uma fonte com muito lastro na política piauiense está entre os dois ou três gatos pingados que leem a coluna. E deu um conselho gratuito, dia desses: “Gosto quando você cita Maquiavel. Eu entendo tudo. Mas a maioria dos políticos são quase analfabetos, não sabem nem do que você está falando. Esses caras são maquiavélicos de nascença, fazem política dia e noite por sobrevivência, mas eles não fazem na orientação do Maquiavel não. Dos 224 prefeitos, você vê uns 50 depois que perde o mandato não tem dinheiro pra pagar nem o advogado dos processos. Acham que aquilo não acaba nunca, sem exagero. Em política, só ganham os demagogos”. Gente…

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Em defesa da coluna 

Dizem que todo dia saem de casa um malandro e um otário. E o leitor já sabe o final, não é? Quando eles se encontram, dá negócio. Claro que com o advento da internet, eles nem precisam mais sair de casa. E, em geral, basta um malandro para 500 otários, nessa proporção. A coluna tem certeza de que os dois ou três leitores dessa humilde cronista não são otários, portanto…

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Reviravolta em Valença 

Pense numa confusão grande em Valença. É que o pré-candidato a vice-prefeito Marllos Sampaio, na chapa de oposição com Leonardo Nogueira (PT), não poderá  - teoricamente - disputar mais a eleição. Motivo inusitado: Marllos é irmão do vice-governador Themístocles Sampaio, que assumiu Governo em virtude de viagens  internacionais do governador. Parentes em primeiro grau do governador (mesmo que apenas em exercício), não podem disputar a eleição.

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Só gente grande no meio 

A turma não perde uma oportunidade. Não deu outra: começaram a soltar que Marllos desistiu alegando que nem o candidato a vice acredita na vitória. Missão para o governador Rafael Fonteles, no retorno de Nova York: unir os aliados, pois ainda há um pré-candidato a prefeito, vereador Kássio, que apoia diretamente Fábio Novo. Em cidades sem segundo turno, não é viável duas candidaturas do mesmo grupo, o que facilita a vida do prefeito Marcelo Costa. 

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Tem um jeito de resolver…

“Munição eles (Governo) têm pra resolver tudo”, resumiu à coluna uma fonte de Valença, que tem interesse direto e acredita na resolução do BO o quanto antes. Para completar, no final da semana passada, o presidente da Assembleia Legislativa, Franzé Silva e Leonardo Nogueira, estiveram com o secretário estadual de Governo, Marcelo Nolleto. É que quando Franzé desistiu para apoiar Fábio Novo, uma série de compromissos foram firmados em outros municípios a título de compensação. Valença estava no meio? Como há muita gente grande envolvida na história, a coluna acompanhará atentamente o jogo de forças de Valença. Em breve, atualizações. 

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Se conselho fosse bom

A intolerância, exaustão e irritação com os burros pode simplesmente sugar sua energia de viver. Ao invés de tentar se preservar, afastando-se de pessoas excessivamente inseguras ou incompententes, comprando pequenas brigas irrelevantes (que não vão levar a lugar nenhum), apenas releve. Sua tarefa é tentar ser um pouco mais tolerante, desapegado e bem-humorado, mesmo na convivência com os tipos mais irritantes que encontrar no caminho. Se eles mudarem sua energia para baixo, você perdeu. Não permita. 

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Cifrada das Personalidades Antagônicas

Dois políticos expressivos (vamos chamá-los aqui de A e B) têm estilos beeeem diferentes de atuar. A turma do mundinho da política, que não dorme no ponto, já entendeu. A coluna, no entanto, não tem problema nenhum em desenhar. “Tu acha que esses caras do X (partido) nacional não sabem que A. não cria cobra pra engolir ele? Já o estilo estilo do B sempre foi dar um pouquinho a cada um. Diga qualquer um do X (partido) que ele não ajeitou? Já o A, é igual ao Y (parente), a preferência dele é por ninguém. Preferência é de quem for vassalo dele. Quem não rezar na cartilha, tem que se preparar porque vai estar riscado”. Eita!

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Foto do dia 

Repercutiu o lançamento da pré-candidatura a vereador de Teresina do ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Piauí, Marquinho Maia. Com a presença de Fábio Novo, o pré-candidato do MDB reuniu mais de 1200 pessoas. O deputado federal Marcos Aurélio esteve presente, o pré-candidato a vice-prefeito de Teresina, Paulo Márcio e a deputada estadual Bárbara do Firmino, também. Marquinho Maia conta também com o apoio do senador Marcelo Castro. Ausente: o vice-governador Themístocles Sampaio. Marquinho foi figura de relevo nas gestões de Themístocles na presidência da Assembleia Legislativa. Mas, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa: Themístocles fechou apoio integral ao vereador Zé Nito (MDB), sem dividir votos. Faz parte. 

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A frase para pensar 

“Se você assumir um papel que está além da sua capacidade, você tanto se desonrará nele quanto deixará de lado um papel no qual poderia ter sucesso”, Epiteto (135 d.C), filósofo grego estoico. 

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A música da semana 

Clássico pós-punk dos anos 80, a música “Boys Don’t Cry” (da banda The Cure) é um hino que fala sobre perdão, arrependimento e sentimentos masculinos. Como todo mundo sabe, o orgulho e a incapacidade de se expressar corretamente, impedem as pessoas de conseguirem seus objetivos – mesmo quando ambas as partes almejam o mesmo intuito. Quem não sabe pedir, não vai receber. Sempre foi assim e sempre será.

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