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Coluna 16/05/24

"Rafaboys": quem, como e por quê pode disputar a eleição de 26? Análise

Como dizia o filósofo inglês Thomas Hobbes, “parar de desejar é morrer”. A coluna sabe que a eleição de 2024 nem começou, e que é cedo demais para falar de 2026, etc e tal... Mas (sempre tem um “mas”) a colunista ouve as histórias, e tem como obrigação de ofício contar tudo ao leitor. Em Brasília, ventos que sopram da bancada federal do Piauí perguntam: quais dos secretários do governador Rafael Fonteles, disputarão as cadeiras de deputado federal ou senador na próxima eleição? Respostas, a colunista nunca tem, porém, sobram hipóteses. Vamos a elas. 

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Os mais cotados

“Minha leitura é que Marcelo Nolleto (secretário de Governo) e Leonardo Sobral (diretor do Departamento de Estradas de Rodagem – DER), de fato, serão fortes candidatos (a deputado federal). Agora oficialmente é um assunto que não se colocou na mesa, isso são construções que estão fazendo”, ponderou uma fonte que circula atenta aos bastidores, acrescentando ainda “(Washington) Bonfim para estadual, assim como outros secretários”. Outros? Que outros? “Vai contra a natureza não saírem candidatos. É a vida deles também, não tem pra onde voltar mais, se não forem, perdem a oportunidade”. 

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Como tudo que vai, volta... 

“Isso vai gerar resistência do MDB, do PSD e do próprio PT. Aqui entre nós, o principal adversário dos Rafaboys é o fogo amigo”. Por enquanto, não há clima para o fogo amigo crescer, enfatiza outra fonte. O fogo amigo (leia-se: denuncismo, ataques internos, desestabilização), no entanto, é uma promessa certa para o futuro. “Todo mundo está imbuído em fazer prefeito agora. Mas, depois, será que o X, o Y e o Z (três deputados federais do PT), vão deixar correr barato? Tem gente que precisa do foro privilegiado, e que vive de quatro em quatro anos. A vida deles é a política. E é a vida deles em jogo”.

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Ou se move ou vai ser atropleado

O filósofo Jean-Jacques Rousseau acreditava no estado de natureza do homem e ponderava que os humanos desejavam apenas as coisas dadas, o que estava ao seu redor. O homem seria bom por natureza, para Rousseau. Nicolau Maquiavel, por sua vez, atestava: quem se conforma a uma situação dada ou herdada, está fadado à ruína. Sendo assim, os homens estão condenados a lutar para manter, reforçar e ampliar suas posições. Isso é normal. Isso é a política.

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Calma, muita água vai rolar por baixo da ponte

A leitura que prevalece nos bastidores é que há uma série de condicionantes possíveis para o lançamento ou não de candidatos do núcleo duro do Governo em 2026. Uma delas é: se a eleição de 26 for dura (com o um adversário competitivo da oposição), não será melhor ter nomes de estrita confiança como condutores de voto proporcional? Outra condicionante, citada por uma fonte: “Enxergo que muitos nomes da gestão podem sim ser segurados dependendo de 24. O termômetro é a eleição municipal: Picos, Floriano, Parnaíba, Uruçuí e Teresina, quem vai levar?”

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O caso Chico e Bandeira, à parte

Inegavelmente, o secretário estadual de Segurança Pública, Chico Lucas, assim como o de Educação, Washington Bandeira, são citados dez entre dez vezes como nomes para o Senado ou a vaga de vice-governador em 2026 (ou 2030, depende de com quem o leitor conversa). Ficam, também, muito visados a qualquer passo que soe político: “Sinceramente não sei (sobre Chico ao Senado), pois no mesmo patamar (de preferência, não estou falando de gestão) vejo o (Washington) Bandeira e aí não sei se ir para o Parlamento seria positivo, em vez de continuarem na gestão”, argumentou o interlocutor da coluna no andar de cima.

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Rafaboys: uma semiótica

O termo “Rafaboy” é usado, no mundinho da política, como alcunha (aparentemente) elogiosa para o núcleo duro próximo ao governador Rafael Fonteles: pessoas jovens, que tenham compartilhado laços escolares na infância ou adolescência, e que possuem posição de relevo na gestão petista. Mas, como as linhas da vida são mais cinzas do que preto e branco, também há aí um certo tom de alfinetada, como o leitor pode vislumbrar nessa conversa que a coluna teve recentemente com um deputado federal do Piauí:

A coluna: “-O que você acha deles (Rafaboys)?”

O deputado federal: “-Acho ótimo. A única parte ruim é que eu não sou um Rafaboy”.

A coluna: “-Entendi...”

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Eu sei qual é a intenção de vocês

A coluna queria ter os seguintes talentos: saber bordar em ponto cruz, dançar e cantar ópera. Infelizmente, a natureza e a completa falta de aptidão e esforço da colunista, a fizeram ser limitada nesses nobres talentos. Dessa forma, só cabe à coluna fazer análises políticas, publicar bastidores e outras coisinhas do tipo. Sendo assim, um “Rafaboy” revelou à coluna, dia desses, estar de “saco cheio” do termo: “Tem um recalquezinho aí, né? Turma quer debochar, no fundo”. Será?

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Maduros

Mas os Rafaboys são apenas aqueles que estudaram no Instituto Dom Barreto, junto com o governador? São pessoas jovens, na casa dos 30 a 40 anos? Então, por favor, explique por que os secretários estaduais de Saúde, Antônio Luiz (que também é compositor, veja só), e Planejamento, Washington Bonfim, são vistos como figuras de proa, fortes-fortíssimos em confiança e respaldo, do governo Fonteles? O mundo é complexo, senhores!

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O meu vai dar gente, mas não é inflando não

Um político que tem trabalhado para organizar por esses dias um super evento de apoio ao pré-candidato do PT à Prefeitura de Teresina, Fábio Novo, disse à coluna que está bastante animado: “Se prepare para a maior reunião de apoio ao Fábio de toda a campanha. Vai ser difícil superar. Mas o meu não vai ser superdimensionado não!”. Eita!

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Vamos tirar a prova dos nove então

Como assim? Quem é que está superdimensionando o número de participantes dos eventos? “Ora mais, o Fulano, que disse ter feito um evento com 2 mil pessoas. Não tinha nunca”. A coluna sugere, portanto, diante de tão grave denúncia, que estatísticos e demais especialistas atuem na contagem de participantes em eventos políticos na capital. Prova dos nove!

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Expandir ou perecer

Basta uma breve consulta à História, para compreender que as cidades, Estados e impérios que prevaleceram, o fizeram sempre expandindo o poder. O presidente Lula, seguindo a máxima, colocou como autoridade federal para atuar no Rio Grande do Sul, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta.

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Três coelhos com uma cajadada...

Resolve assim, três problemas de uma tacada só (assim como cria outros, pois assim é a vida: tudo, não terás): tira um ministro alvo de críticas internas e externas na Comunicação – área sensível de qualquer gestão; coloca em evidência um futuro candidato a governador no RS para enfrentar um adversário do petismo, o governador Eduardo Leite (PSDB) e, por fim, toma para o Governo Federal os créditos pelas ações de reconstrução do estado abalado pelas enchentes.

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Nascem novos problemas

Contras: 1) a Comunicação do Governo vai para as mãos de quem? 2) Paulo Pimenta vai dar conta do recado? 3) os ônus do longo processo de trabalho no RS também cairão na conta da gestão Lula. Mas, governar é isso, não é mesmo? Riscos e oportunidades andam de mãos dadas. 

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Se conselho fosse bom

Seu maior trabalho na vida não é tentar se tornar outra pessoa. Não é copiar a personalidade e os trejeitos de alguém que você admira, ou algo do tipo. Sua missão é ser originalmente e completamente você mesmo. Seu trabalho, seu modo de vestir, tudo deve convergir para a essência daquilo que você tem como verdadeiro potencial. Suas fraquezas devem ser abraçadas e admitidas (a si próprio, não aos outros). Só quem realmente se conhece e não vive imerso em dramas, esmagado pela roda da vida, consegue tomar decisões rápidas, sem olhar para trás. Nada contra os indecisos, mas o mundo é dos confiantes.  

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Cifrada do Vamos ser Sinceros

Sobre a possibilidade de que um relevante personagem do mundo político seja ou não candidato em 2024 numa cidade decisiva do Piauí, uma fonte próxima ao homem, disse o seguinte à coluna: “Nenhum de nós, os mais próximos e os que mais gostam dele, mesmo todos os rompantes e destemperos dele, quer ele candidato e muito menos o pessoal do partido X (a coluna omitiu o nome para preservar o sigilo). Isso evitaria um desconforto muito grande em ter que pedir voto para ele e tê-lo no palanque vista a imagem negativa que ele próprio criou nesses anos. É triste, mas é a realidade.”. Complicado...

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Foto do dia

Tendo desenvolvido no Piauí um trabalho, ao longo dos anos, de ações para o combate às drogas, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, tem estendido as ações em Brasília. Ele realizou esta semana o 1º Fórum Nacional de representantes de Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas. A ideia é fortalecer a integração entre o Governo Federal e os conselhos estaduais. Wellington ressaltou a importância do trabalho das entidades que atuam na redução da demanda por drogas. O representante do Piauí no evento foi o coordenador da Coordenadoria de Combate às Drogas e Fomento ao Lazer, Tiago Vasconcelos, que preside as políticas sobre drogas no estado. Na foto, com Sâmio Falcão e Erisson Lindoso, presidente dos Conselhos Estaduais de Políticas sobre Drogas. 

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A frase para pensar

“Quanto às pessoas, podemos dizer em geral que são ingratas, inconstantes, mentirosas e hipócritas, que evitam o perigo e são ávidas por ganhos”, Nicolau Maquiavel (1469-1527), pensador renascentista italiano, conhecido como fundador da Ciência Política.

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