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Coluna 09 e 10/05/24

Os dilemas nas mensagens de campanha de Fábio Novo e Sílvio Mendes

As últimas pesquisas de intenção de voto divulgadas em Teresina, mesmo com os mais diversos números, reforçam um padrão: a visibilidade é cada vez mais um componente essencial na produção de capital político. Com Sílvio Mendes (União Brasil) e Fábio Novo (PT) polarizando a eleição, fica claro porque foi Sílvio e não Bárbara do Firmino (PP) ou Luciano Nunes (PSDB), o candidato da oposição. 

Assim como entende-se que a escolha por Fábio Novo, e não por Dr. Vinícius ou Franzé Silva (ambos do PT), era a mais natural: o conhecimento por parte da população é o ponto de partida mais seguro para disputar uma eleição de maneira competitiva. Sílvio e Fábio vieram de seguidas eleições disputadas, as últimas delas, majoritárias. A conclusão impõe várias reflexões sobre o futuro: que lideranças ascendem hoje sobre o amanhã? O pós-2024 e, mais ainda, o pós-2026, alimentam-se do presente.

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Trump e Milei que o digam

Se a visibilidade na mídia tradicional (que é quem fornece os esquemas narrativos que permitem interpretar os acontecimentos) e nas redes sociais (que distribuem, reorganizam e questionam esses mesmos esquemas) explicam o ponto de partida, a chegada é outra coisa. Fábio Novo e Sílvio Mendes, mas também outros nomes, como Dr.Pessoa (PRD) e Tonny Kerley (Novo), enfrentam desafios semelhantes: sair das suas bolhas. As pessoas não querem - exceto se forem obrigadas - a consumir conteúdos que contradigam suas crenças. não é difícil de entender.

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Voto em quem eu sou

O voto, no sentido clássico, é a autorização dada a alguém para agir pelo outro. Mesmo tão desmoralizado, é importante. Por sua vez, o gatilho que faz alguém decidir para um lado ou o outro, depende de múltiplos fatores, como a faixa etária e geografia (morar mais no campo ou na cidade, etc). Mas, principalmente, decidir votar em A e não em B, inclui questões emocionais: identificação e projeção. Sílvio Mendes anda bem no eleitorado mais experiente, mas é difícil adentrar na faixa jovem. Fábio Novo, um político progressista, precisa do eleitorado católico e conservador, majoritário em Teresina. Dilemas.

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Time azul, time vermelho, time furta-cor

Vamos fazer um simples exercício de imaginação: em Teresina há, mais ou menos (depende da pesquisa), 25% do eleitorado de esquerda (o PT pode contar com esse voto) e 35% se diz de centro-esquerda (esse voto poderia ser do PT, mas é mais fluido). Se 20% dos teresinenses se enxergam como de centro, 15% de centro-direita e 5% de direita, essa massa está mais próxima a Sílvio Mendes, no outro espectro ideológico. Mesmo assim, nada é garantido. 

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Contradição ambulante

Os eleitores de esquerda, votaram, no passado, no pré-candidato da direita (time azul), e os eleitores do centro e da centro-direita, votam no presidente da República de esquerda (time vermelho).  É uma bagunça e os dois nomes que lideram as pesquisas precisam fazer o exato oposto em suas estratégias: Sílvio tem que calar-se sobre críticas às bandeiras diretas da esquerda, e Fábio precisa levantar as tradicionais bandeiras de centro-direita, dos tucanos. 

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Marchar ao centro!

Toda campanha é um mantra que deve ser repetido do primeiro ao último dia. São raros os eleitores que, nessa altura do campeonato, já decidiram o voto. As campanhas ocorrem cada vez menos nos espaços públicos (comícios e carreatas) e mais nas redes digitais. Os grandes eventos são feitos para mostrar a quem não vota no candidato, sua força. O voto útil segue sendo importante em todo lugar: ninguém quer andar com o mais fraco. A meta dos dois exércitos é avançar para o centro. Se o time azul ficar só com seus eleitores, perde. Idem ao time vermelho, cujo eleitorado é ainda mais volúvel. Uma guerra aberta pelo meio.

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Paz? Que paz?

A coluna esperava receber apenas uma resposta protocolar quando perguntou, inocentemente, a uma liderança do PRD sobre como estava o clima por lá depois do apaziguamento entre os demais pré-candidatos a vereador de Teresina e o suplente Roncallinho. É que Roncallinho, não custa lembrar ao leitor, recebeu recentemente o forte apoio da primeira-dama, Samara Conceição, gerando uma chiadeira geral nos colegas. A resposta: “Apaziguamento?!”. 

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Tiramos ele da chapa

Os pré-candidatos do PRD ouvidos pela coluna ameaçam não permitir a homologação da pré-candidatura de Roncallinho. Xiiii... “A gente desiste é dele (Roncallinho) ao invés dos vereadores. Prioridades são os vereadores da chapa. Não tem nada pacificado!”, afirmou a fonte, em reserva. A coluna torce pela paz e soube que a turma dos bombeiros está atuando. Uma nova reunião com a cúpula do Palácio da Cidade deve ocorrer nos próximos dias com os presidentes da legenda, Marquim Costa e Bruno Vilarinho. Ou sobe ou desce?

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Saldo 

O saldo da ida do ex-senador João Vicente Claudino (PSDB) a Brasília, junto com o vereador Edson Melo: JVC não fica com o diretório estadual, que segue com o ex-deputado Luciano Nunes (que vem a ser apoiador do petista Fábio Novo. Pois é...). Mas Luciano também não fica com o diretório municipal, que mantém a pré-candidatura a prefeito de JVC. Uma solução salomônica?

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Guerra de versões

Uma fonte próxima ao lado de JVC, disse à coluna que Luciano Nunes será instado a apoiar a pré-candidatura de João Vicente. Já pensou, leitor? Um interlocutor de Luciano, porém, afirmou o contrário: “Tudo como dantes! Nada muda!”. O leitor tire suas próprias conclusões... A colunista só repassa a apuração.

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Era chapa que vocês queriam?

Das 29 cadeiras de vereadores de Teresina, o mundinho da política conta como certas, duas delas para o vereador Neto do Angelim e o suplente Caio Bucar, homens na casa histórica dos seis mil votos. Ambos, não por acaso, filiados ao PV. A ex-deputada Teresa Britto, que é quem comanda o partido, quer fazer mais. Anunciou ontem a chapa do PV na federação com o PT em Teresina. E disse o seguinte (veja abaixo), nas redes sociais, em leve provocação aos petistas (que também a provocam direto, convenhamos!): 

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Caio Bucar internado

Falando em Caio, o suplente de vereador do PV está internado com um quadro de dengue. A coluna apurou que Caio está recebendo todo o apoio médico e familiar necessário, em recuperação. O pré-candidato do PV teve que suspender a agenda, claro. A coluna deseja prontas melhoras!

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Pé lá

Ex-assessor do deputado estadual Fábio Novo, o pré-candidato a vereador Wilson da Educação, não ficou no PT, seu destino de origem. Filiou-se mesmo no PDT, mas as raízes com o PT seguem fincadas. Tanto que tem o apoio do deputado federal Merlong Solano (PT), a quem solicitou uma emenda parlamentar para a construção da passarela de pedestres na BR-316, especificamente no quilômetro 7, situado no bairro Santo Antônio, zona Sul da cidade. Merlong se comprometeu a buscar uma solução junto ao DNIT.

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Bancada do Marcos Aurélio

Falando em apoio de federal, não deixa de ser interessante o caso do deputado federal Marcos Aurélio Sampaio (PSD). Por ser discreto, a coluna se surpreendeu com a notícia de que o homem apoia seis pré-candidatos a vereador em Teresina. Sim, leitor, seis! São eles: Venâncio Cardoso (PT), Elzuila Calisto (PT), Júnior Macêdo (PDT), Marquinho Maia (MDB), Zé Nito (MDB) e Roberto Madeira (PSB). Múltiplas chances. Tem praticamente os votos para abrir uma CPI... 

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Se conselho fosse bom

O equilíbrio é uma ilusão. Você tem que fazer apenas uma simples escolha: ser muito bom em algo ou ser medíocre em uma dezena de coisas. Ninguém vai diminuir seu peso por você. Apenas escolha algo a priorizar, aquilo pelo qual você quer apostar tudo, e deixe todo o resto para trás. É aí que a maioria das pessoas erra. Apegam-se a ninharias e não entendem que as prioridades mudam com o tempo, por isso vivem um eterno desalinhamento de tempo e energia. Sempre se pergunte: “O que eu posso parar de fazer?”. Menos é mais.

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Para ler, ver e ouvir

Ainda disponível em alguns cinemas, mas também no streaming (Mubi), o filme “Dias Perfeitos” é, com o perdão da redundância, praticamente perfeito. Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional e deu ao ator Koji Yakusho o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. A história é simples: um funcionário que faz faxina em banheiros público no Japão, tem uma rotina aparentemente previsível naquela que é considerada uma profissão menor, na base de pirâmide social. Ele, no entanto, tem esmero em tudo o que faz, uma vida cultural e interna rica, e mostra de maneiras sutis e profundas ao telespectador, que há muitas formas de apreender a beleza até do cotidiano mais comum. Belo.

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Cifrada do Peso-Pesado

No campo das candidaturas de batedores, há a perspectiva de quem um nome peso-pesado (mesmo!) seja lançado em breve por um partido com grife em Teresina. O escolhido é um profissional experiente e polêmico, e deve inflamar ainda mais o debate – pendendo, obviamente, para um lado. O nome está sendo segurado pois, por enquanto, um outro pré-candidato, muito polido, mantém sua posição. Quem será que está por trás dessa jogada, hein? 

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Foto do dia

Provando que é mais ele, o secretário estadual de Segurança Pública, Chico Lucas, passou mais de cinco anos (pasme, leitor!) usando a mesma foto em todas as suas redes sociais. Hoje, resolveu mudar (a imagem o leitor confere abaixo). E aproveitou justo o registro na 90ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional dos Secretários de Segurança Pública (Consesp), em Brasília e de uma feira de tecnologia. Acompanhado do diretor de Inteligência da SSP-PI, Anchieta Nery, e do superintendente de Operações Integradas, Matheus Zanatta, Chico discutiu a integração dos bancos de dados criminais. Mas, o assunto que chamou a atenção mesmo, foi o projeto de combate ao roubo e furto de celulares, criado no Piauí e que reduziu esse tipo de crime em até 40%. Querendo ou não, no meio dos holofotes, o despojado Chico?

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A frase para pensar

“Sem dinheiro o governo não tem força. Nada pode”, José de Alencar (1829-1877), escritor brasileiro. 

 

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