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Coluna 06/02/24

O estilo Rafael de fazer aliança política

A política é um jogo de soma zero. Há posições no topo da pirâmide, que são poucas e as pessoas brigam para estar nelas. Um governo novo, é sempre forte. E o poder sempre muda, incorporando traços daqueles que o exercem naquele momento. Com um pouco mais de um ano de gestão, já está claro no mundo da política que o governador Rafael Fonteles escolheu dividir o topo da pirâmide com aqueles que estiveram ao seu lado na primeira hora. Mas não se furta, quando necessário, em receber apoios dos que estiveram no campo oposto em 2022. Apoiar de volta? Bom, aí é outra história.

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A régua do voto

O voto pode ser observado como uma régua: de um lado os favoráveis, do outro, os opositores e no meio o campo em disputa, que é quem decide mesmo as eleições. Um aliado de primeira hora avalia assim o estilo Rafael de alianças: “Ele (governador) aceita (opositores) para ser apoiado, não aceita é ele apoiar”. Mesmo que não falem, os políticos pensam e comparam. E vem à mente um dos mais longevos governadores do Piauí, o atual ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.

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Não dá para unir todo mundo

 “Era o contrário com o Wellington, que queria unir de A a Z. Isso, claro terminou desgastando porque reunia numa cidade, dois, três, quatro grupos... Na hora as pessoas não tinham força para dar um não, mas depois cruzavam os braços”, analisa um político da cozinha do Governo. Mas estar no mesmo palanque com o médico Paulo Márcio, que votou em Sílvio Mendes contra Rafael, acolher ex-adversários em cidades como José de Freitas e Parnaíba, significa que a regra de Rafael mudou?

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Pera lá

“Claro que não. Em Teresina, o Rafael perdeu por 20 mil votos. Tinha que trazer gente de fora (do grupo) para compensar. Nas cidades com dois candidatos da base, a prioridade é não ir. E se for, vai subir no palanque de quem votou nele”, completou a fonte bem relacionada. 

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O sujeito joga como treina 

Um estado com 224 municípios é como ter várias casinhas distribuídas: há casas de praia, casebres humildes, mas arejados, casas de luxo e sítios que precisam de uma reforma urgente. O grupo de Fonteles, assim como o do senador Ciro Nogueira, precisa organizar todas essas casinhas se não, o castelo desaba. 

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Um resumo

Como é o estilo de Rafael organizar suas “casinhas”? “Centralizador nas decisões, mas de uma palavra só. Prefere perder o amigo para cumprir o que se comprometeu. Prefere perder a eleição em um município apoiando quem o apoiou, a vencer com quem não esteve com ele”. Bom, isso explica muita coisa, passando de Parnaíba a Oeiras e chegando a Teresina.

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Avise que eu volto

Aviso aos navegantes! O vereador Luís André (até hoje filiado ao União Brasil) deixa a secretaria municipal de Meio Ambiente logo depois do Carnaval e retorna para a Câmara de Teresina, desalojando o suplente Zé Filho, que conversa para ficar no PRD mesmo. O prefeito Dr. Pessoa já foi avisado. 

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Será que tem a ver com isso?

Mas o prazo de desincompatibilização para os gestores que vão disputar eleição não é só em abril? Será que o retorno bastante antecipado tem alguma coisa a ver com o fato de Zé Filho não se filiar ao PL, chapa que Luís André passa o dia e a noite tentando montar? Não custa perguntar!

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Super chapa média

Já no PRD, a turma resolveu vetar o vereador Valdemir Virgino. Já os suplentes e superintendentes das Saads Leste e Centro, Gustavo Gaioso e Roncalli Filho, respectivamente, tiveram as decisões sobre suas entradas, adiadas. Motivo? Só entra quem estiver disposto a abrir mão de espaços para equilibrar a chapa. “Não pode ter alguém super forte. A média são 3,5 mil votos”, revelou uma fonte da sigla. Roncallinho está quase com os pés no PRD, e Gaioso? 

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PSDB convoca

Às vezes a fonte não está mentindo, ela só não está bem informada. Por exemplo, a reunião extraordinária convocada pelo vereador Edson Melo no PSDB,  marcada para o dia 20/02, vai discutir questões corriqueiras, apenas “assuntos de interesse do partido”... mas que assuntos são esses? 

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Eu já sei o que vai acontecer

“Deve ser apresentada a proposta de candidatura própria, caso tenha ‘viabilidade’, e vetar a aliança com o PT. É para criar um discurso (de adesão a Sílvio Mendes) mas o que vale é a federação. Qualquer decisão em cidades com mais de 100 mi habitantes (caso de Teresina) quem decide é a Executiva nacional”, respondeu um tucano do lado do ex-deputado Luciano Nunes. Hoje, Luciano e seu grupo já são contados como futuros aliados de Fábio Novo, assim soube a colunista. A fonte tucana diz que não é bem assim: “Calma, se não eles (Governo) antecipam!”. Eita!

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Ao confronto

O leitor que estiver buscando paz pode evitar chamar na mesma mesa para tomar um café forte, a vereadora Thanandra Sarapatinhas (PRD) e o vereador Ismael Silva (ainda no PSD). Tudo começou quando Ismael resolveu postar em seu perfil no Instagram uma imagem com o deputado Aldo Gil (Progressistas), de Picos. Aldo foi apoiado por Thanandra em 2022 e é um defensor da causa animal. Pra quê, né? A vereadora foi ao perfil do colega (podemos chamar assim?) responder. Ismael retrucou. As imagens falam por si, acompanhe, leitor:

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Se conselho fosse bom

Só lembramos daquilo que sai do senso comum, do que foge do esperado e do normal. Você já viu algum filme, série ou peça de teatro em que as pessoas estavam fazendo o esperado? Não. As histórias contadas são sobre quem rompe padrões. Ser não convencional é estar disposto a pagar um preço social alto, do julgamento alheio. Mas no fim das contas, são sobre os outliers (atípicos) que a história é escrita. 

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Cifrada do Inimigo Mora ao Lado

Não é que um político importante, de lustrosa capacidade, tem sido observado com atenção por um grupo de relevo? Motivo: “O problema não é ele querer se fingir de besta, o problema é ele achar que os outros são bestas!”, desabafou uma fonte que observa todas as “tramoias” (palavra da fonte, a coluna só transcreveu) que o tal político estaria fazendo para prejudicar um aliado do próprio grupo em uma disputa que se avizinha. O troco virá valendo? Aqui o menos esperto ganha de olhos vendados do campeão mundial de xadrez, Magnus Carlsen.

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Foto do dia

Advogado com especialização na seara criminalista e mestrando em Direito, o presidente da Eturb, João Duarte, o Pessoinha, foi escalado não para asfaltar alguma rua ou entregar algum título de regularização de terras, pera lá! O papel do filho do prefeito Dr.Pessoa é o de ser um articulador entre a Prefeitura municipal e o Judiciário. Ele já teve a primeira (de muitas) reuniões no próprio TJ-PI, como mostra registro da coluna junto ao juiz auxiliar da presidência, Luiz Moura. Os encontros serão semanais. Visto como interlocutor confiável, Pessoinha buscará destravar questões relevantes sem que elas passem por um excesso de judicialização. Assunto não faltará, certamente.

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A frase para pensar

“Indicamos para o cargo um amigo. O absurdo seria se indicássemos um inimigo”, José Maria Marín (1932-), advogado, político e ex-presidente da CBF quando, por curto tempo, foi governador de São Paulo.

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