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Marcelo Castro reage às críticas de Eduardo Cunha: "Foi desrespeitoso"

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O deputado federal Marcelo Castro (PMDB) reagiu às críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quanto à votação do parecer de Marcelo acerca do projeto de reforma política na Casa. Em entrevista ao Jornal do Piauí nesta sexta-feira (22), ele disse que Cunha foi desrespeitoso ao dizer que seria melhor realizar a votação sem que o parecer passasse pela Comissão Especial de Reforma Política, cujo relator é Marcelo Castro.

"Acho que Eduardo Cunha cometeu um equívoco. Ele jamais poderia se manifestar daquela forma, como presidente da Câmara, ele foi desrespeitoso com os colegas parlamentares e com a comissão", declarou o parlamentar.

Marcelo Castro afirmou que o presidente da Casa tem se manifestado dessa forma porque "a comissão não está aprovando o relatório que ele quer, então ele não concorda". Um dos pontos de maior divergência diz respeito ao tempo de mandato para os senadores e ao fato de os deputados estarem legislando sobre o Senado. Segundo Eduardo Cunha, as instâncias são diferentes e não devem sofrer interferências uma da outra. 

Para o deputado, o tempo de mandato dos senadores deve se igualar aos dos demais parlamentares e passar a ser de cinco anos. Para isso, o próximo mandato dos senadores se estenderia por nove anos, para que as eleições coincidissem com as demais no ano de 2027. Quanto a esse "arranjo", Cunha declarou que "faltou inteligência política" ao seu colega de partido.

A respeito das declarações, o representante do Piauí na Câmara disse estar com a consciência tranquila e que não acredita que o presidente esteja decepcionado por tê-lo escolhido como relator da Comissão.

"Fiz o máximo que estava ao meu alcance, dialoguei com diversas entidades representativas, como a CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil], OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], UNE [União Nacional dos Estudantes], CUT [Central Única dos Trabalhadores], Assembleias e Câmaras, busquei ouvir a população ainda que indiretamente, estamos produzindo um relatório que tem a participação dos parlamentares", declarou.

Dificuldades

Marcelo Castro admitiu, contudo, a dificuldade na aprovação da reforma. Segundo ele, este é um tema em que cada parlamentar tem posicionamentos bastante divergentes dos demais.

"Se tiver uma coisa difícil de ser aprovada no Brasil é a reforma política. Temos mais de três décadas tratando do tema sem conseguir avançar. Estou na quinta legislatura e sempre há debates e discussões, mas nunca vai a votação. Somos 513 deputados e cada um em particular se sente especialista. Pelo menos em um ponto, alguém discorda dos outros", disse.

Ele afirmou que o ponto principal de divergência é que, com a mudança, muitos parlamentares podem acreditar que serão prejudicados com o novo modelo. "Defendo que devemos fazer essa última tentativa de reforma política. Ou teremos  que nos conformar com o atual sistema, que é uma tragédia, ou fazermos uma constituinte exclusiva para o tema", destacou.

Apesar disso, Marcelo Castro disse não ter dúvidas de que pontos importantes serão aprovados. Um deles seria o fim da reeleição para cargos executivos e o mandato de cinco anos a partir de 2022. Segundo ele, os cargos executivos podem ser utilizados pelos gestores para que permaneçam por mais tempo no poder.

O projeto vai a votação na próxima segunda-feira (25) entre os parlamentares da Comissão Especial de Reforma Política e será votado no plenário da Câmara dos Deputados na terça-feira (26). 

 

Maria Romero (especial para o Cidadeverde.com)
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