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Piauiense faz pouco caso do Aedes aegypti e epidemia pode aumentar, diz especialista

Fotos: Thiago Amaral/Cidade Verde

Depois que a Organização Mundial de Saúde confirmou a relação entre o Zika vírus e o nascimento de bebês com microcefalia, fala-se constantemente na importância de se combater a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que transmite a degue e a chikungunya. Em casos de evolução do vírus, podem ocorrer complicações neurológicas e até de doenças autoimunes. 

A gerente de epidemiologia da FMS, Amparo Salmito, alertou que o mundo todo está preocupado com esta situação, não só o Brasil. "Todo o mundo está voltado para resolver o problema, pesquisas estão sendo feitas, é uma guerra e temos todos que lutar”, destacou. Ela acrescentou que se fez pouco caso quanto à prevenção da proliferação do mosquito em anos anteriores, como em 2013 e 2014, quando ocorreram epidemias no Piauí. “Agora estamos pagando o preço disso”, lamenta.

A gerente destacou que há um risco elevado de contaminação da população porque além de o vírus estar demonstrando uma grande capacidade adaptativa de reprodução, é necessário investir em campanhas de prevenção e conscientização para que o mosquito não mais nasça. “Antes ele se dava bem em águas limpas, hoje ele consegue se reproduzir em qualquer ambiente e transmite os quatro sorotipos de dengue, a chikungunya e vetor de febre aftosa. Nos países desenvolvidos, nos Estados Unidos, por exemplo, há mosquitos, mas não há a doença, porque as pessoas são educadas desde cedo em relação a questão ambiental”.

Criadouros
Para Amparo, o maior criadouro no Piauí está ao redor das casas e a prevenção tem que começar pela erradicação desses criadouros, com a limpeza e a borrifação de inseticida para matar o mosquito, através do fumacê. Ela alerta que ainda podem haver epidemias muito maiores do que a de 2015. “A situação é extremamente preocupante e se não for tratada pode haver muito mais casos de microcefalia e até o desenvolvimento de outras doenças”, explicou. “Não é falta de informação, mas como já temos casos desde 1996, acho que a população meio que se acostumou com a situação, fazendo pouco caso, porque nós da Saúde, 365 dias estamos trabalhando para conter o mosquito, seja com limpeza, seja com borrifação, com 300 agentes trabalhando nas ruas”, completou Amparo.

Sintomas, transmissão e microcefalia
O tempo de incubação do vírus no ser humano varia entre 3 a 12 dias. A maioria dos pacientes com Zika se recupera de forma rápida, e a taxa de internação costuma ser muito biaxa, com sintomas como febre, dor de cabeça e no corpo, manchas avermelhadas, dores musculares e nas articulações. O período médio dos sintomas dura entre 4 e 7 dias, com efeitos amenos, mas a médio prazo, o problema é que depois de contrariar o vírus, gestantes podem passar o vírus para o feto, que durante a formação, pode afetar o desenvolvimento do cérebro e fazer com que o bebê apresente microcefalia.

Pesquisas
De acordo com reportagem do Jornal do Piauí, pesquisas recentes realizadas no Brasil, apontam que o Zika vírus pode contribuir para complicações de quadros clínicos e levar a morte. Não há vacina contra doença, apenas medidas para amenizar os sintomas.

Recomendações urgentes
A OMS faz uma recomendação para que haja uma mobilização da população na luta contra a proliferação do mosquito e para que, se possível, as pessoas possam adiar a gestação, pelo menos até que se conheça mais sobre a doença. A gerente da FMS atenta que "engravidar nesse momento é inoportuno" e que a medida mais sensata é não engravidar agora. Para as mulheres que estão grávidas, ela aconselha que redobrem os cuidados para não serem picadas pelo mosquito.

Sobre o vírus
“De início se imaginava que o Zika fosse o menos patogênico. O vírus penetra no organismo do adulto, da criança ou da gestante, e ele faz viremia. Se a mulher estiver naquele período em que é preciso ter mais cuidado, que o da organogênese, quando o feto está se formando, o cérebro está me formação, se a pessoa tem uma viremia no sangue, ele vai ficarem qualquer lugar no organismo e determina um processo inflamatório altamente patogênico que vai fazer uma má-formação do cérebro, a microcefalia”, explicou a gerente sobre como a má-formação acontece.

Ela disse que todo o mundo está voltado e pesquisando sobre essa situação que está acontecendo no Brasil e ainda que as epidemias que já ocorreram na Ásia e África não tinham essa particularidade. “Agora os trabalhos recentes já estão mostrando que na Plinésia Francesa, o Zika já estava determinando algumas alterações neurológicas, mas nada que se compare ao que está acontecendo no Brasil nesse momento". 

Lyza Freitas
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