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Reflexões sobre o mundo pós-pandemia: o Meio Ambiente

Ainda na esteira de fazer algumas reflexões com os leitores do Ciência Viva, hoje falaremos sobre o Meio Ambiente. Há um viés muito interessante para abordar. O Meio Ambiente, em muitos dos seus vários aspectos foi beneficiado durante o período da pandemia.

Antes de enumerarmos alguns pontos importantes resultantes deste break geral do planeta é muito bom reforçar que o próprio aparecimento do SARS-Cov2, o vírus causador da COVID19, foi associado ao uso na alimentação de animais silvestres nos mercados da província de Wuhan. Estudo publicado recentemente na revista Science comparou a sequência genética de 781 vírus da mesma família do vírus SARS-Cov2 (Família Coronaviridae) e apontou que há uma semelhança de 96,2% entre o SARS-Cov2 e o vírus encontrado no Morcego-ferradura (morcegos do gênero Rhinolophus), confirmando a possível origem apontada pelos primeiros estudos sobre a origem da doença e o hábito dos chineses fazerem uso de animais silvestres para alimentação. A análise filogenética e a projeção da distribuição geográfica da doença foi confirmada por Peter Daszak, cientista que liderou outros 14 pesquisadores, autores deste estudo recente, em entrevista à Science.

Então é importante que se diga que, contrariando a crença popular de que o vírus foi gerado em algum laboratório chinês, o SARS-Cov2 parece de fato ter sido gerado pelo melhor e mais eficiente de todos os laboratórios do mundo: o Meio Ambiente.

O mesmo Meio Ambiente que tem se esbaldado e sido bastante resiliente em melhorar seus indicadores com a parada geral feita pela humanidade. Que digam as águas dos canais de Veneza, Itália, que se mostraram mais límpidas e atrativas à vida selvagem marinha, como já retratamos aqui anteriormente.

A qualidade do ar já se mostra bem melhor em várias megacidades como Nova York (EUA) e São Paulo (Brasil). Mas na China, que voltou à carga máxima de sua atividade industrial, o “novo normal” já parece superar os índices de poluição anteriores. A indústria chinesa já bate recordes de produção acelerada. A recuperação econômica virá acompanhada da elevação dos índices de poluição industrial.

Outro componente importante dos impactos ambientais é o desmatamento. Apesar de muita gente ter ficado recolhida em casa, os agentes de desmatamento do Brasil continuaram em plena atividade. Parece que absorveram bem as lições do próprio Ministro do Meio Ambiente brasileiro que chamou a atenção para possibilidade de aprovar flexibilizações da legislação ambiental dado que o foco do momento era a pandemia: “vamos aproveitar para passar a boiada”, numa referência à desburocratização, como preferiu se explicar depois. Algo absolutamente vergonhoso, na minha opinião.

No ambiente urbano, ter muita gente ancorada em casa fez aumentar a produção de lixo, com agravante de termos objetos contaminantes como luvas e máscaras descartáveis jogadas de qualquer maneira. Fez aumentar a poluição hídrica, especialmente nas cidades com baixa cobertura de esgotamento sanitário e fez aumentar o consumo de energia elétrica, com um agravamento maior nas cidades onde a matriz energética não é nada sustentável.

No último dia 05 de junho comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. Na oportunidade pude falar juntamente com dois colegas professores sobre a relação entre Meio Ambiente e a pandemia da COVID-19 para cerca de 300 professores através de uma live no YouTube. Fiz uma rápida fala que depois foi abrilhantada pelos outros dois colegas. Se quiser ouvir o que apresentei segue o vídeo (minha fala ficou entre o minuto 12’ e o minuto 38’).

Uma boa semana para todos (as) e até a próxima.

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