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Escola para o mundo atual

A educação é um movimento humano dinâmico. Há algumas semanas atrás participei de entrevistas nas quais os jornalistas se revezaram em me instigar a comparar a educação que se faz hoje com a educação que se fez na época em que fui aluno e nas épocas que participei como professor, e hoje divido uma reflexão com os leitores do Ciência Viva.

A educação sempre foi um movimento de propósitos. Lembro que quando fazia a educação básica, havia um conjunto de disciplinas que exaltavam preceitos da moral e do civismo, que contavam sobre a organização social e política do Brasil, com um viés praticamente integrado às forças que administravam o Brasil, desde meados do anos 1960. Duas décadas antes, o governo precisava formar contingente para ocupar fábricas e nosso país era uma grande nação rural. Cito estes dois exemplos para mostrar que as reformas educacionais sempre se pautaram por interesses políticos e econômicos. E o momento que vivemos não é muito diferente.

Vivemos a época da Quarta Revolução Industrial. A época na qual as pessoas precisam saber mais do que os processos de automação, mas lidar, inclusive, com a Inteligência Artificial (dias atrás publiquei falando do software que consegue escrever redações e que pode causar uma verdadeira revolução negativa na educação, por substituir aqueles estudantes que se acham mais espertos, em atividades que requerem uma autonomia de pensamento). Veja aqui.

A quarta revolução industrial trabalha com a robótica como elemento central (para muito além dos processos de automação que caracterizaram a terceira revolução industrial), a internet das coisas (já bem representada pelas sucessivas gerações da Alexa que, com comandos de voz, já consegue fazer algumas coisas importantes na sua casa), computação em nuvem (uma realidade que vem fazendo desaparecer a necessidade das mídias físicas para guardar arquivos e documentos importantes e tudo o mais que conseguimos produzir) e, principalmente, a Inteligência Artificial que pode terminar atropelando a humanidade. E a pergunta é: qual a educação que precisamos para formar pessoas para esta realidade?

O estudante que a escola forma hoje precisa ser bem além de um assimilador de conteúdos. Precisa ser alguém que seja capaz de tomar decisões. Alguém que, diante de uma situação, consiga analisar e produzir uma saída eficaz. Que em termos de arranjos produtivos, consiga gerar produtos que saltem do limiar competitivo e se destaque para uma sociedade cada vez mais exigente em termos de consumo. Que consiga ter uma perspicácia tecnológica, sem abandonar o lado humano. Que analise dados numéricos, mas que os retire da frieza algébrica, partindo para resolver situações como o abandono ou o esmagamento provocado pelo Capital. Que combata a violência com a força da inteligência e com foco nas causas e não nas consequências.

Estamos diante de um novo momento para reformas. As reformas propostas até aqui não respondem às demandas impostas pela sociedade de hoje. Analisar questões do passado, como as falhas dos processos de reforma educacional são um bom mote para o presente, visando respaldar os atores educacionais do futuro. A sociedade clama por uma reforma diferente.

Até o próximo post...

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