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“Carandiru” caiu...

Uma coisa quase uníssona para as pessoas que conhecem o ambiente acadêmico do Piauí é a situação da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). A UESPI é a maior instituição pública de formação superior do Piauí. Por um tempo, teve um dos vestibulares mais concorridos do Brasil, e foi uma das instituições de maior capilaridade no Estado, inclusive, ultrapassando fronteiras, porque chegou a funcionar com cursos em cidades do Maranhão e da Bahia. Em uma época que contava com um corpo de professores efetivos diminuto e uma massa de professores substitutos gigantesca.

A partir de 2002, a UESPI começou a investir em contratação de professores efetivos, com abertura de concursos. Criou um plano de cargos, carreiras e salários, compatível com a realidade do ambiente universitário, e foi se estabelecendo melhor. Foram vários concursos. Mas ao tempo que contratava pesquisadores, de diferentes partes do Brasil e até professores estrangeiros, em termos estruturais a universidade continuou sua prática de “gambiarras”: prédios públicos como escolas, centros sociais urbanos e até mercado, eram usados e viravam UESPI, nos diferentes rincões do Estado.

O tempo passou, a universidade deu uma encolhida, muitos cursos finalizaram, algumas unidades no interior foram desativadas, ou passaram a funcionar apenas como polo de apoio presencial para cursos do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB), posteriormente para o Universidade Aberta do Piauí (UAPI), mas a estrutura sendo, gradativamente dilapidada pela combinação de tempo mais a falta de gestão.

Ontem tivemos a notícia de que parte do teto de um setor da UESPI caiu. Este setor é popularmente conhecido como “Carandiru”, numa alusão ao presídio que já serviu de inspiração para filmes retratando um massacre ocorrido no passado. Por muitos anos ministrei aulas neste conjunto de quatro salas, que serviam aos cursos de Biologia e Educação Física. Hoje as salas servem aos cursos do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas (CCSA). Muitas vezes para turmas do curso de Direito, um dos mais concorridos pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU), cujo corpo docente e, principalmente o corpo discente, já conquistou, por diversas vezes, o selo de qualidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pelo nível de estudantes que forma.

Se se fizer uma pesquisa rápida, é possível verificar que o Orçamento da UESPI é um dos que mais cresce, ano após ano. E por que a Universidade padece tanto na sua estrutura? Por que a Universidade está desde 2014 sem Biblioteca Central? Tem alguma coisa muito errada. O tempo das gambiarras já deveria ter acabado há muito tempo.

Tenho certeza de que a UESPI virou prioridade para a equipe do Governador Rafael Fonteles. Afinal, Rafael é um professor (já falei nisso aqui), transita bem tanto na Educação Básica quanto na Superior. Rafael quebrou um paradigma fortíssimo. A Universidade Federal do Piauí (UFPI) que diplomou Rafael Fonteles como professor de Matemática em apenas dois anos de curso, teve que modificar seu sistema de avaliação para lidar com um estudante de Altas Habilidades e Superdotação. A quebra de paradigma agora vem na possibilidade de tirar a UESPI de onde está. E de cobrar dos seus gestores uma postura de trabalho, por uma universidade. 

Chega de tanto meme nas redes sociais protagonizado por quem deveria estar se dedicando à gestão universitária.

Boa semana para todos e todas!

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