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Taxa de transmissão da covid no Brasil volta a superar 1

Foto: Roberta Aline

 

 

O Brasil voltou a registrar aumento nas taxas de transmissão do coronavírus segundo dados divulgados nesta terça-feira, 17, pelo Imperial College de Londres. A taxa de transmissão do vírus chegou a 1,10 no País. Há três dias o índice era estimado em 0,94.

Uma taxa de transmissão de 1,10 significa que cem pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 110. A instituição vem fazendo projeções matemáticas do crescimento da pandemia e avaliações das ações em andamento.

O Imperial College recomenda cautela na análise dos dados uma vez que "o registro de mortes e casos no Brasil está mudando frequentemente". Nas últimas semanas, houve falhas nos sistemas de registro do Ministério da Saúde e, portanto, subnotificação de infecções e mortes pela covid-19.

Os dados de aumento da taxa de transmissão, no entanto, coincidem com uma alta das internações por covid-19 já registradas em São Paulo e outros Estados. A média diária de novas internações ligadas à covid-19 em São Paulo subiu 18% na última semana, segundo dados divulgados na segunda-feira, 16, em coletiva de imprensa.

Com o aumento, que abrange tanto a rede pública quanto a privada, o governo João Doria (PSDB) decidiu adiar em duas semanas a reclassificação do Plano São Paulo, que colocaria quase 90% do Estado na fase verde, de maior flexibilidade da quarentena e de reabertura econômica.


Fonte: Estadão Conteúdo 

Vacinas para o novo coronavírus têm resultados animadores

Ascom Anvisa

No terceiro anúncio consecutivo de resultado positivo para vacinas contra a covid-19 em menos de sete dias, a farmacêutica americana Moderna informou ontem que seu produto apresentou uma eficiência de 94,5%. O índice ficou ligeiramente acima do da Pfizer (90%) e do Instituto Gamaleya (92%). Pesquisadores ouvidos pelo Estadão dizem que é alta a chance de haver, em 2021, várias opções de imunizante contra o novo coronavírus. Isso facilitaria o combate à pandemia. Ao todo, 57 pretensas vacinas são testadas em seres humanos. Mesmo que só 10% funcionem, serão pelo menos cinco.

As vacinas da Moderna e da Pfizer têm tecnologias inéditas e semelhantes, com base no RNA mensageiro do novo coronavírus. A vacina russa, a Sputnik V, usa um adenovírus humano como vetor; uma plataforma já testada com sucesso em outros imunizantes. Os resultados, segundo as farmacêuticas, são excelentes. A vacina do sarampo, por exemplo, considerada uma das melhores do mercado, tem eficiência de 90%. A da poliomielite é de, em média, 70%. Mesmo assim, a doença foi erradicada em vários países.

O imunizante da Moderna, segundo a própria farmacêutica, apresenta uma vantagem em relação ao da Pfizer. Embora as duas usem a tecnologia do RNA mensageiro (que entrega ao organismo as instruções para fabricar uma proteína do novo coronavírus dentro das células humanas e assim induzir a imunidade), a da Moderna é mais estável. Ela pode ficar armazenada em geladeiras normais por um mês e em freezers comuns por até seis meses. A vacina da Pfizer requer temperaturas de menos 70 graus Celsius, muito mais baixas. Com uma embalagem especial de gelo seco, ela se mantém por duas semanas e, depois de descongelada, por mais uma semana em geladeira comum. Num país como o Brasil, isso pode facilitar ou dificultar a logística de distribuição.

Mas o bom resultado da Moderna - em colaboração com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid) dos EUA e com envolvimento de 30 mil voluntários - surpreendeu até mesmo os pesquisadores. "Eu vinha dizendo que ficaria satisfeito com uma vacina 75% eficaz", disse Anthony Fauci, diretor do Niaid.

Dinheiro e tecnologia. Quando laboratórios em diversas partes do mundo se lançaram na corrida em busca de uma vacina contra a covid, há menos de um ano, muitos cientistas alertaram para o fato de que desenvolver um imunizante era um trabalho de longo prazo. Além disso, disseram, a chance de um produto que chega à fase 3 de testes ser, de fato, eficiente e seguro a ponto de ser aprovado para uso é de apenas 10%. Os resultados, no entanto, vêm surpreendendo até mesmo os mais céticos.

"Todas essas plataformas são seguras, nenhuma delas usa o vírus atenuado, que poderia mimetizar uma infecção com grande potência", explica Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp. "Além disso, a tecnologia realmente evoluiu muito, não dá para comparar com uma vacina desenvolvida 50 anos atrás. Um terceiro aspecto é que o Sars-Cov-2 é muito mais simples e menos sujeito a mutações do que o HIV ou o vírus da hepatite C, por exemplo."

O virologista Flávio Guimarães, do Centro de Tecnologia de Vacinas da UFMG, lembra também de outro aspecto fundamental: o financiamento das pesquisas. "Em vista da emergência sanitária, houve um influxo de dinheiro por parte das empresas e dos governos como jamais houve na história", disse. "A ciência é pragmática: quando você paga, recebe."

A diversidade de vacinas, a depender das características de cada uma, pode ser decisiva para esquemas de vacinação mais eficientes. Por exemplo, se uma delas tiver resultados melhores entre os idosos e outra entre os mais jovens. Ou se um imunizante for mais facilmente armazenado e transportado do que outro. Ou se for capaz de prevenir formas mais ou menos graves da doença.

Para os especialistas, o Brasil se encontra em uma posição privilegiada. "O País tem dois acordos bilaterais que incluem compromisso de compra e transferência de tecnologia, para a Coronovac, com o Instituto Butantã, e para a vacina de Oxford, com a Fiocruz e Biomanguinhos", lembrou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunização, Renato Kfouri. "Além disso, o País integra a Covax Facility (a iniciativa da OMS para a distribuição de imunizantes licenciados). E, claro, podemos ainda negociar a compra de outras vacinas se houver disponibilidade." Essa possibilidade, aliás, continua em análise pelo Ministério da Saúde.

Os cientistas ressalvam, no entanto, que os resultados de eficiência da Pfizer, do Gamaleya e da Moderna não foram ainda publicados em revistas com revisão dos pares. Foram anúncios feitos pelas empresas que, inclusive, acabaram por valorizar suas ações nas bolsas.

 

Estadão Conteúdo

EUA registra novo recorde com mais de 180 mil infecções diárias por coronavírus

Foto: Eduardo Valente/FramePhoto/Folhapress

Os Estados Unidos superaram pela primeira vez a marca de 180 mil novos casos diários do novo coronavírus na sexta-feira, 14, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, totalizando 184 514 infecções. O novo recorde eleva o número total de casos no país para 10,8 milhões.

O número de pessoas morrendo nos EUA de Covid-19 também está aumentando. Mais de 1.400 mortes foram relatadas na sexta-feira, de acordo com dados da Johns Hopkins, o maior número de mortes em 10 dias. No entanto, esse número continua abaixo do pico de 2 606 mortes diárias registradas em abril. Ao todo, mais de 244 000 pessoas morreram da doença nos EUA.

Os estados do meio-oeste são os mais atingidos, incluindo Ohio, Indiana, Iowa, Oklahoma, Nebraska e Dakotas.

Com os EUA relatando mais de 100 mil novos casos por dia nos últimos 10 dias, governadores, prefeitos e outras autoridades divulgaram nesta semana novas medidas para ajudar a conter a disseminação na doença.

"Nunca vimos nada assim. Nossa onda de primavera e de verão não foi assim em nenhum lugar", disse o governador republicano de Ohio Mike DeWine ao The Wall Street Journal.


Fonte:Estadão Conteúdo 

Vacina Sputnik V tem 92% de eficácia, afirma Rússia

Foto: Agif/Folhapress

Resultados preliminares de testes clínicos apontam que a vacina Sputnik V é 92% eficaz em proteger pessoas do novo coronavírus, de acordo com o fundo soberano russo em anúncio feito nesta quarta-feira, 11. Moscou se apressa para alcançar as farmacêuticas do Ocidente na corrida pela vacina. Segundo os desenvolvedores da vacina, os dados da análise preliminar ainda serão publicados em uma revista científica internacional e não passaram por avaliação de outros cientistas. A diretora do Centro Nacional de Pesquisas para Medicina Terapêutica e Preventiva da Rússia, Oksana Drapkina, também disse que o imunizador desenvolvido no país tem mais de 90% de eficiência.

Os resultados iniciais da Sputnik V são apenas os segundos a serem divulgados com base nos estágios finais de testes em humanos, em um esforço global para produzir vacinas que podem frear a pandemia que já matou mais de 1,2 milhão de pessoas e devastou economias em todo o mundo.

A Rússia foi o primeiro país a registrar uma vacina contra o novo coronavírus, no mês agosto. A aprovação foi concedida antes do início dos testes em larga escala, que começaram em setembro. "Estamos mostrando, baseados em dados, que temos uma vacina muito eficaz", disse o chefe do Fundo de Investimento Direto Russo (RDIF), Kirill Dmitriev, acrescentando que esse seria o tipo de notícia que os desenvolvedores da vacina falariam para seus netos um dia.

Os resultados preliminares são baseados em informações dos testes de 16 mil participantes que receberam as duas doses da vacina, disse o RDIF, que financia a produção do imunizante.

A análise foi conduzida após 20 participantes do teste serem diagnosticados com a covid-19 e posterior verificação de quantos receberam placebo. Esse é um número significativamente menor que os 94 testes positivos da vacina desenvolvida pela Pfizer e BioNTech. Para confirmar a taxa de eficácia, a Pfizer disse que continuaria os testes até atingir 164 casos de covid-19 entre os participantes. Os testes russos vão continuar por mais seis meses.

Testes

A fase 3 dos testes da vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya está sendo realizada em 29 clínicas de Moscou e vai envolver 40 mil voluntários no total, com 10 mil deles recebendo placebo. As chances de contrair a covid-19 são 92% menores entre pessoas vacinadas com a Sputnik V do que as que receberam placebo, segundo informou o RDIF. Esse resultado é bem maior que os 50% mínimos de eficácia estabelecidos pela agência regulatória de medicamentos e alimentos americana (FDA) para aprovação de uma vacina contra a covid-19. A Sputnik V foi elaborada para produzir resposta imune a partir de duas doses administradas em um intervalo de 21 dias. (Com agências internacionais).

 


 Fonte: Estadão Conteúdo

56% dos brasileiros acham que o SUS não suporta a demanda da pandemia, diz estudo

A publicação da lei que criou o SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro, completa 30 anos no mês de outubro. Porém, desde sua criação, o SUS sempre lutou e luta por investimento, pois os financiamentos que recebe não são suficientes. Por esse motivo, e pelo estado de calamidade que trouxe a Covid-19, entende-se que o sistema não estava preparado para a pandemia.

Um estudo feito pela Famivita constatou que 56% dos brasileiros acreditam que o sistema não suportou e não suporta bem a demanda gerada pela pandemia. E entre os infectados, pelo menos 55% acham que o sistema não deu conta da demanda. Um dos reflexos, é o número de casos de coronavírus que já ultrapassam 5 milhões e o número de mortes, mais de 150 mil. 

Entre os estados, o Piauí é o que mais concorda que o sistema de saúde está dando conta da demanda, com 53% dos participantes. Já em São Paulo, estado com o maior número de casos, 47% dos entrevistados acreditam que o sistema de saúde está suportando bem a pandemia. E no Rio de Janeiro, somente 31% concordam que o sistema de saúde conseguiu e consegue dar conta da demanda.

Ademais, o estudo também constatou que pelo menos metade da população deixou de fazer alguma consulta ou exame desde que a pandemia começou. Em Tocantins, pelo menos 58% da população não compareceu a alguma consulta ou exame desde que a pandemia começou. Já no Rio de Janeiro e em São Paulo, pelo menos 51%. O estado com o menor percentual de pessoas que deixaram de comparecer a uma consulta ou exame é o Acre com 40% dos entrevistados.

 

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Em Pio IX, agente comunitária usa cordel para ensinar protocolo de saúde

Toda vez que sente uma vontade de desabafar, Maria Marilene do Monte Carvalho, 45, escreve um cordel para si mesma.

Os cordéis com cara de diário já retrataram as dificuldades da seca, os percalços enfrentados na criação dos três filhos e o período em que ela ficou separada do marido quando este era alcoólatra.

Como os versos, segundo ela, servem para aliviar a cabeça das preocupações, são descartados assim que finalizados. "Isso me ajudou a não ter depressão, a não tomar remédio controlado e nem pensar em morrer."

Mas o talento com o gênero literário tão popular no Nordeste, que explora as rimas e outros recursos musicais de nossa língua para contar uma história, não ficou restrito a seus desabafos pessoais.

Ela tem usado o cordel como uma ferramenta de trabalho para manter seus conterrâneos informados sobre o novo coronavírus. E essa ideia surgiu de um hábito antigo e necessário: escutar o outro.

Há 20 anos que ela trabalha como agente comunitária de saúde na pacata Pio IX, cidade de 18 mil habitantes no Piauí, distante a 444 km da capital Teresina.

Carvalho conta que queria mesmo era ser professora. Mas, durante o curso de pedagogia, percebeu que poderia unir a didática com o trabalho em uma UBS (Unidade Básica de Saúde).

Nascia, ali, a agente de saúde "diferentona", como costuma ser chamada pelos colegas de profissão. "Eu gosto de criar. Não consigo fazer só o feijão com o arroz", fala.

Na pandemia, o trabalho dos agentes de saúde ganhou destaque. São eles os responsáveis por monitorar os casos suspeitos de Covid-19 e isolar os moradores contaminados.

Pio IX não tem infraestrutura de saúde para tratar doenças de média e alta complexidade como os casos graves de Covid-19.

Com apenas uma UBS, o município transfere de ambulância para a vizinha Picos, a 125 km de distância, os pacientes que necessitam tratamento especializado

Pio IX contabilizava até sábado (24), 184 casos de pessoas infectadas e dois óbitos por Covid-19, segundo boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde do Piauí.

A literatura de cordel entrou na batalha contra a doença quando a agente de saúde notou uma reclamação comum entre as 167 famílias que atendia. "Ninguém estava entendendo as informações repassadas pela mídia sobre o coronavírus", diz.

O noticiário, segundo Carvalho, também ajudou a criar um clima de pânico que atrapalhou seu contato com as famílias. "Uma mãe chegou a dizer: esse é momento de fazer visita?", lembra.

Foi, então, que a agente de saúde se lembrou do cordel.

Bem antes da pandemia, os versos de Lene, como ela é conhecida entre os pio-nonenses, já abordavam temas como prevenção ao câncer de mama e de próstata, questões ligadas à amamentação e sobre gênero e sexualidade.

A agente de saúde tem uma filha lésbica e escreveu um cordel contando como lidou com a revelação da filha sobre a orientação sexual dela. Numa palestra para adolescentes, leu o texto e uma garota se sentiu pronta para "sair do armário". "Toda a turma dela chorou muito", lembra.

Os cordéis pandêmicos fizeram barulho na pequena Pio IX. A dona de casa Ana Patrícia da Costa, 31, conta que sua mãe, Antônia Matilde Vieira, 85, só conseguiu entender que precisa usar máscara após escutar os versos dela.

"É uma linguagem mais próxima da gente, explicada. Não tem como não entender o conteúdo", afirma Joana Teresa de Souza Rodrigues, 32.

No cordel de título "#FiqueEmCasa", a agente de saúde escreveu: "O que é o coronavírus/ é um vírus que causa infecção/ ataca o sistema respiratório/ causando danos ao pulmão/ o vírus chega até você/ através de suas mãos".

Já em "Faça Sua Parte", ensinou sobre a importância do isolamento social: "Não ache que é besteira/ siga as orientações/ evite lugares fechados/ e com aglomerações/ só sai se necessário/ essas são as recomendações".

Por falta de dinheiro para imprimir os livretos, os primeiros cordéis foram lançados em vídeo e enviados por aplicativo de mensagem a cada uma das famílias.

"Houve uma aproximação que eu não imaginava. Se antes eu via essas famílias uma vez por mês, a gente passou a ter contato quase que diário. O cordel apaziguou os ânimos mais exaltados", avalia.

Depois, o projeto conseguiu a ajuda de um patrocinador e foi possível imprimir 150 unidades, já esgotadas, do cordel "#FiqueEmCasa".

O projeto de Carvalho concorre a um prêmio da Opas (braço da Organização Mundial da Saúde para as Américas) que reconhece iniciativas inovadoras para conter o novo coronavírus.

E ela já tem planos para os próximos versos: falar sobre a realidade de sua gente.

A falta de perspectiva de vida, segundo ela, tem levado muitos homens ao alcoolismo, e feito com que mulheres recorram a ansiolíticos sem prescrição médica.

Valdir Gregório da Silva, 48, era um que vivia bêbado pelas ruas da cidade após a mãe falecer. Antes, ele trabalhava assando castanha de caju.

Sua família suspeitava que um dia ele adoeceria por causa do consumo excessivo de álcool, mas não esperava que ele fosse morrer de Covid-19.

No fim de agosto, ele foi levado em estado grave para Teresina (PI) e não resistiu. Duas semanas após a morte do irmão, Raimunda Maria da Silva, 55, contava, chorando, que ainda estava difícil encarar a realidade e olhar para as coisas que pertenciam a ele.

 

DHIEGO MAIA E KARIME XAVIER
Pio IX, PI (FOLHAPRESS)

Para governo, vermífugo pode reduzir carga viral da covid na fase inicial

Foto: Alan Santos/PR

 

O governo federal fez uma apresentação na noite desta segunda-feira, 19, no Palácio do Planalto dizendo ter comprovação científica sobre o uso do medicamento nitazoxanida para reduzir a carga viral em pacientes na fase precoce da covid-19. O estudo completo, no entanto, não foi apresentado e ainda não há qualquer publicação mais completa sobre a investigação.

O estudo foi liderado pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. "Temos um medicamento que é, comprovado cientificamente, capaz de reduzir a carga viral", disse o ministro.

A coordenadora do estudo, Patrícia Rocco, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse que o estudo ainda será publicado em uma revista científica. "Infelizmente, nesse momento não poderei relatar mais detalhe sobre o estudo já que ele foi submetido à uma revista internacional e isso faria com que perdêssemos o ineditismo, limitando a publicação. Entretanto, no Brasil continuam morrendo em torno de 500 indivíduos por dia", disse.

Rocco afirmou que a pesquisa foi submetida à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e também aos conselhos de ética de cada unidade hospitalar onde o estudo foi feito.

Segundo Rocco, foram 1.575 voluntários. Foram admitidos os que tinham até três dias de sintomas da covid-19. Parte dos pacientes recebeu doses de 500 miligramas do medicamento, três vezes ao dia, por cinco dias. Outro grupo recebeu placebos - um "falso remédio" sem qualquer efeito.

Segundo o governo, o estudo foi conduzido em centros de saúde de sete cidades, São Caetano (SP), Barueri (SP), Sorocaba (SP), Bauru (SP), Guarulhos (SP), Brasília (DF) e Juiz de Fora (MG).

O ministro disse que o medicamento não pode ser usado de forma profilática, ou seja, para prevenir a doença. "Estamos anunciando algo que vai começar a mudar a história da pandemia", disse.

Pontes afirmou ainda que ele mesmo foi voluntário nos testes. O ministro divulgou ter contraído a covid-19 no final de julho.

Por Camila Turtelli
Estadão Conteúdo

Mais de 6.000 cientistas defendem que jovens 'retomem vida normal'

Foto Ilustrativa Roberta Aline/Cidadeverde.com

Mais de 6.400 cientistas e médicos assinaram uma carta aberta pedindo que os governos do Reino Unido e dos Estados Unidos estimulem a imunidade de rebanho com a estratégia que eles chamam de "proteção forçada".

A ideia é resguardar idosos e doentes e permitir a circulação de jovens acima de 18 anos para espalhar o vírus e elevar a imunidade na população.

O texto, que defende a proteção forçada no lugar de novos confinamentos, foi coordenado por professores de medicina da Universidade Harvard (EUA), Martin Kulldorff, e Stanford (EUA), Jay Bhattacharya , e pela epidemiologista da Universidade Oxford (Reino Unido), Sunetra Gupta.

Segundo os signatários, os confinamentos produzem "efeitos devastadores" na saúde física e mental dos indivíduos e na saúde pública de curto e longo prazo.

"Manter essas medidas em vigor até que uma vacina esteja disponível causará danos irreparáveis, com os desprivilegiados desproporcionalmente prejudicados."

Entre os efeitos das restrições eles listam taxas de vacinação infantil mais baixas, piora nos desfechos de doenças cardiovasculares, queda em exames de câncer e deterioração da saúde mental.

Segundo os cientistas, esse impacto levará a um maior excesso de mortalidade nos próximos anos, com os mais pobres e mais jovens carregando o fardo mais pesado. "Manter os alunos fora da escola é uma grave injustiça", diz o texto.

Os pesquisadores dizem que o conhecimento sobre o novo coronavírus avançou, e hoje já se sabe que a vulnerabilidade à morte por Covid-19 "é mais de mil vezes maior em idosos e enfermos do que em jovens".

"Na verdade, para as crianças, Covid-19 é menos perigoso do que muitos outros danos, incluindo a gripe."

A chamada imunidade de rebanho é atingida quando a porcentagem de imunes é grande o suficiente para bloquear a transmissão. Para o coronavírus, estima-se que ela esteja entre 60% e 70% da população, bem acima dos 10% que já contraíram o coronavírus até hoje, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Segundo os cientistas que assinam a carta, a vacina é uma forma de atingir a imunidade de rebanho, mas não é indispensável.

Como a maioria da população não corre o risco de morrer se for infectada, essa parcela deve continuar suas vidas normalmente, argumentam os cientistas.

Complicações de longo prazo provocadas pela Covid-19 não são mencionadas pela carta, batizada de Declaração do Grande Barrington, em referência à cidade em que foi escrita, no estado de Massachusetts (EUA).

Os autores sugerem que escolas e universidades devem adotar ensino presencial e retomar atividades extracurriculares, como esportes.

"Os jovens adultos de baixo risco devem trabalhar normalmente, e não em casa. Restaurantes e lojas devem ficar abertos. Artes, música, jogos e outras atividades públicas devem ser retomadas."

A proposta ressalta que a proteção dos vulneráveis deve ser a prioridade de saúde pública. Entre possíveis medidas eles citam garantir que funcionários de casas de repouso estejam imunes ou façam testes frequentes e que todos os visitantes sejam testados.

Um sistema de apoio deve ser organizado para fornecer alimentos, medicamentos e outros itens essenciais a idosos, para que eles não deixem suas casas.

Quando possível, idosos devem encontrar os membros da família ao ar livre, e não dentro de sua casa, sugerem.

A carta diz também que todos, jovens ou idosos, devem adotar medidas como lavar as mãos e ficar em casa quando doentes, porque isso reduz o liminar necessário para propiciar a imunidade de rebanho.

Publicado em inglês, alemão, espanhol, português e sueco, ele é coassinado por professores e cientistas de dezenas de universidades do mundo, entre elas as britânicas de Londres, Cambridge, Leicester, Edimburgo, York e Glasgow (Reino Unido), Yale (EUA), de Mainz (Alemanha), Tel-Aviv (Israel), Canterbury e Auckland (Nova Zelândia), Queens (Canadá), Instituto Karolinska (Suécia) e o Instituto Estatístico da Ìndia, e já recebeu apoio de mais de 57 mil pessoas.

A carta surge num momento em que o número de novos casos bate recordes e já começa a pressionar os sistemas de saúde. Na última semana, registrou-se 1 milhão de mortes desde o começo da pandemia.

Sob o impacto da segunda onda, governos de vários países europeus retomam restrições de mobilidade e estudam a possibilidade de reimpor confinamentos.

Um deles é o próprio Reino Unido, que pode retomar o confinamento no norte da Inglaterra ainda nesta semana. O governo britânico chegou a adotar a estratégia de imunidade de rebanho, mas a abandonou ao longo de março.

Pesquisa realizada nesta quarta-feira no país pelo instituto YouGov, porém, mostra que 56% são contra a estratégia de "proteção forçada" sugerida pelos cientistas, enquanto 32% se dizem a favor. Entre os idosos, 65% são contra.

A discussão sobre retomar a vida normal dos mais novos surge também no momento em que o governo brasileiro permitiu que escolas mantenham aulas remotas até o final de 2021.

 

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) 

Metade das brasileiras gostariam de fazer um teste para covid, diz estudo

Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com

O Brasil já passou 4 milhões de casos de infecções por coronavírus, porém, sua taxa de recuperados é maior do que a taxa mundial, segundo a Universidade de Johns Hopkins. Porém, mesmo com a alta taxa de recuperação, a população continua assustada com o número de casos, e também com a impossibilidade de realizar um teste para Covid. Pois, os testes são reservados para as pessoas que apresentam sintomas. 

O Trocando Fraldas em seu mais recente estudo, constatou que pelo menos metade das brasileiras gostariam de fazer um teste para covid. Porém, 74% delas não têm condições de pagar por ele. E por esse motivo, 82% das entrevistadas ainda não realizou um teste para coronavírus. Somente 12% fizeram o teste rápido, e 3% o teste CPR.

O estudo também constatou que o principal motivo que faz com que 74% das participantes queiram fazer o teste é a curiosidade de saber se já tiveram ou têm coronavírus. O segundo motivo é realmente pela suspeita de ter o vírus, com 14% das entrevistadas. 

Os dados estaduais demonstram que, Rio Grande do Norte e Pará são os estados com os maiores percentuais de pessoas que gostariam de fazer um teste, com 68% e 64% respectivamente. No Rio de Janeiro, 52% da população gostaria de poder fazer. Já em São Paulo pelo menos metade da população gostaria de realizar o teste. E o Mato Grosso é o estado com o menor percentual, mas mesmo assim, 41% da população gostaria de fazer um teste.

 

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156 países aderem à iniciativa para universalizar vacina contra covid-19, diz OMS

Foto: Rodrigo Nunes/MS


A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 21, que 156 países aderiram oficialmente à Covax, aliança global que visa acelerar o desenvolvimento de vacinas contra à covid -19 e fazer uma distribuição equitativa do imunizante.

"Mais de 156 economias trabalharão juntas para garantir a vacina por meio da Covax", disse Seth Berkley, CEO da Vaccine Alliance, órgão que colidera a iniciativa junto com a OMS. O número é menor do que havia sido anunciado no início do mês, quando 165 nações tinham interesse de participar da aliança.

Berkley ainda informou que nos próximos dias os países membros assinarão os termos do acordo e que outras 38 nações confirmarão se vão aderir à Covax. "Em seguida (aos acordos assinados com os países), na próxima fase dos trabalhos, começaremos a assinar os acordos formais com os produtores e desenvolvedores das vacinas", complementou.

Estados Unidos, China e Rússia estão entre os países que não fazem parte da lista de membros. Já o Brasil aparece na relação dos que manifestaram interesse de participar da iniciativa.

Durante a coletiva de imprensa, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ainda lembrou que a Covax é um mecanismo que garantirá uma coalizão global e cobrou por mais cooperação política e financeira.

"Uma vacina ajudará a controlar a pandemia, a salvar vidas e a garantir a verdadeira retomada econômica. Isso (a cooperação financeira) não é caridade, é uma ação que representa o melhor interesse para todos os países. Nós precisamos de um fortalecimento expressivo do compromisso político e financeiro dos países. Não é apenas a coisa certa a ser feita, é a opção mais inteligente a ser tomada", falou.

Ele também informou que a organização já conseguiu US$ 3 bilhões para o Acelerador de Acesso às Ferramentas (ACT) por meio de parcerias com governos e instituições privadas, mas ressaltou que a entidade ainda precisa de R$ 15 bilhões "imediatamente" para iniciar os trabalhos da Covax nos próximos dias. Esses US$ 15 bilhões seriam usados para "cumprir com nossos prazos ambiciosos", disse o diretor-geral.

Em relação à vacina, a OMS reafirmou nesta segunda que a meta é ter 2 bilhões de doses para serem distribuídas até o fim de 2021 A diretora do Departamento de Imunização e Vacina da entidade, Kate O´Brien, explicou que essa "quantidade se baseia em vacinas que precisam de duas doses", mas ponderou que ainda não há um número exato de doses que serão compradas, já que é preciso ter certeza de quantos países irão aderir ao mecanismo Covax. Segundo a OMS, a Covax tem 9 vacinas no portfólio.

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