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Mundo chega a 30 milhões de casos de covid-19 e países retomam 'lockdowns'

Foto: Claudio Furlan/Dia Esportivo/Estadão Conteúdo

 

Os contágios de covid-19 no planeta superaram a marca dos 30 milhões, de acordo com o levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, dos EUA. O número de mortes, segundo a mesma instituição, ultrapassou os 945 mil. Enquanto a pandemia avança, países adotam "lockdowns" parciais e tentam retomar a "normalidade" enquanto não há perspectiva de uma vacinação universal a curto prazo.

Nesta sexta-feira, 18, o governo do Reino Unido advertiu que poderá retomar o confinamento na Inglaterra após observar o aumento do número de casos, com as taxas de hospitalização dobrando a cada oito dias, segundo o Ministério da Saúde. "Queremos evitar um confinamento nacional, mas estamos preparados para fazer isso, se necessário", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, à rede BBC. "Estamos preparados para fazer o que for necessário, tanto para proteger vidas, quanto para proteger a economia."

De acordo com Hancock, novas restrições serão aplicadas a partir desta sexta em partes do nordeste da Inglaterra. Em várias cidades da região, que somam quase dois milhões de habitantes, ficará proibido o encontro entre pessoas que vivam em casas diferentes, e todos os locais de entretenimento terão de permanecer fechados entre 22h e 5h.

Além da Inglaterra, Israel começou a aplicar um segundo "lockdown" de sua população nesta sexta-feira devido ao ressurgimento da pandemia no país, que tem a maior taxa de contágio das últimas duas semanas.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu alertou sobre "um aumento preocupante de infecções e pacientes gravemente doentes" para justificar o confinamento de três semanas, que coincide com o feriado judaico. Um "lockdown" foi imposto no final de março e levantado em maio com a diminuição das contaminações, mas na semana passada os novos casos atingiram máximas diárias de mais de 5 mil diagnósticos positivos.

A lista dos mortos - que já são 946.685 no mundo - é encabeçada pelos Estados Unidos, com 197.633. Na sequência, Brasil e Índia somam 134.935 e 84.372 mortes, respectivamente. Quanto ao número de casos, os três países também ocupam os primeiros lugares do ranking, com Brasil e Índia invertendo de posição.

Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o nível de transmissão da covid-19 na Europa está mais alto do que na primeira onda da pandemia, entre março e abril. A entidade se declarou preocupada com a redução do tempo de quarentena decidida ou planejada por alguns países, como a França.

Novos surtos da epidemia e a maior quantidade de testes, em comparação com a onda de março-abril, levaram o número diário de casos a algo entre 40 mil e 50 mil. Na primeira onda, o dia 1º de abril registrou o recorde de 43 mil contágios, de acordo com a OMS Europa. O novo recorde absoluto diário foi registrado em 11 de setembro, com 54 mil contágios em 24 horas.

Na Áustria, que vem apresentando números tão altos quanto no primeiro semestre, o premiê, Sebastian Kurz, admitiu nesta semana que a intensidade dos novos contágios já configura uma segunda onda. O país retomou medidas restritivas. "A partir de agora, eventos em locais fechados não poderão ter mais de 10 pessoas. Estamos diante de um crescimento exponencial de novos casos na Áustria", afirmou o premiê.

"Os números de setembro deveriam servir de alerta para todos nós na Europa, onde o número de casos é superior aos registrados em março e abril", disse o diretor da OMS no continente, Hans Kluge, que pediu atenção com a chegada do outono e com o início do ano escolar.

O governo da Grécia também adotou restrições, fechando bares de música ao vivo por 14 dias e tornando obrigatório o uso de máscaras em locais fechados - públicos e privados. Feiras e mercados abertos só poderão operar com 50% da capacidade. Além disso, diante do aumento dos contágios, Atenas e sua região metropolitana foram colocadas em alerta.

Na Espanha, a maior preocupação é com Madri, a capital que responde por quase um terço dos 122 mil novos casos registrados nas últimas duas semanas. O Ministério da Saúde alertou que a capacidade de alguns hospitais madrilenhos está perto do limite. A velocidade dos contágios também começou a afetar a capacidade de testagem. Na Espanha, 13% dos testes têm resultado positivo. Em Madri, o índice de positividade chega a 22%.

Olivier Véran, ministro da Saúde da França, incluiu na quinta-feira, 17, as cidades de Lyon e Nice na lista de "zonas vermelhas" do país. O país agora tem 28 departamentos em estado crítico, entre eles Paris, Marselha, Bordeaux e Guadalupe, ilha francesa no Caribe. "Peço que, especialmente nas regiões mencionadas, os esforços sejam redobrados e para reduzir o número de encontros entre as pessoas", afirmou. (Com agências internacionais).

Fonte: Estadão Conteúdo

AstraZeneca suspende testes de vacina contra covid após reação adversa

Foto: Roberta Aline

A vacina contra covid desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca teve seus testes clínicos suspensos por suspeita de reação adversa grave em um dos voluntários participantes no Reino Unido. A informação foi publicada na tarde desta terça-feira pelo site americano Stat News, especializado em notícias de saúde e ciência, e confirmada pelo Estadão com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que firmou parceria com a farmacêutica para produzir o imunizante.

A vacina de Oxford está sendo testada também no Brasil em cerca de 5 mil voluntários. Os estudo brasileiros estão sendo coordenados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Já havia acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a AstraZeneca para que o imunizante fosse produzido no País após uma eventual aprovação. A fabricação seria possível graças a uma parceria para transferência de tecnologia para a Fiocruz.

A reportagem procurou a AstraZeneca no Brasil para saber o impacto da interrupção dos testes no braço brasileiro do estudo, mas não recebeu resposta até as 20h15 desta terça.

A Anvisa disse que aguarda mais informações da AstraZeneca para se pronunciar oficialmente sobre a interrupção dos estudos. A decisão do laboratório britânico ocorre no dia em que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirma que em "janeiro a gente comece a vacinar todo mundo". O governo federal abriu crédito de cerca de R$ 2 bilhões para a Fiocruz receber, processar, distribuir e passar a fabricar sozinha a vacina.

Segundo fonte da Anvisa, o laboratório apenas enviou um comunicado à agência sobre a interrupção, sem detalhar que tipo de efeito colateral foi notado em participante do estudo, por exemplo, que levou a travar os trabalhos. Técnicos da Anvisa, agora, buscam mais informações da AstraZeneca.

"A decisão de interromper os estudos foi do laboratório, que comunicou os países participantes. A Anvisa já recebeu a mensagem e vai aguardar o envio de mais informações para se pronunciar oficialmente", disse a Anvisa em nota.

Já a Fiocruz informou que foi informada pela Astrazeneca sobre a suspensão dos testes clínicos em fase 3 e vai acompanhar os resultados das investigações sobre possível associação de efeito registrado com a Vacina para se pronunciar oficialmente.

Fonte: Estadão Conteúdo

Candidata a vacina chinesa tem efeito mais fraco em idoso

Foto: Roberta Aline/ Cidadeverde.com

 

A empresa chinesa Sinovac Biotech informou na segunda-feira, 7, que a vacina que desenvolve contra a covid-19 no Brasil, com apoio do Instituto Butantã, apresentou respostas imunológicas mais fracas em idosos­ um dos públicos que especialistas defendem como de prioridade. A candidata CoronaVac não causou efeitos colaterais graves e mais de 90% dos testados experimentaram alta significativa de anticorpos. Só que em idosos os níveis foram ligeiramente mais baixos.

Já a farmacêutica alemã BioNTech informou que, ao lado da americana Pfizer, foi autorizada a testar também na Alemanha a sua candidata a vacina. Caso o teste clínico seja bem-sucedido, a expectativa é de que agências possam dar o aval regulatório até outubro. Assim, Pfizer e BioNTech preveem a possibilidade de administrar até 100 milhões de doses até o fim deste ano ­ e 1,3 bilhão até o fim de 2021. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Estadão Conteúdo

Covid: 9 de cada 10 relatam sintomas até três meses depois da infecção

Foto: Eduardo Valente/FramePhoto/Folhapress

 

Um estudo do Centro de Controle de Doenças Americano (CDC) aponta que nove em cada dez infectados pela covid-19 ainda sentem reflexos da contaminação. O trabalho é confirmado por relatos de pelo menos cinco médicos paulistas, que tratam pessoas que contraíram o novo coronavírus, ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Eles apontam a ida ao consultório de pacientes que tiveram a doença nesse período de seis meses de pandemia e permanecem com sintomas como fadiga, dores no corpo, perturbação visual e perda de olfato e também do paladar por até três meses.

"Ainda tenho uma fraqueza, o corpo parece que está travado", conta o marceneiro João Soares Pereira, de 54 anos, que teve a doença em maio e ficou 25 dias no hospital, 12 deles entubado, em Ribeirão Preto. "Eu tinha obesidade, estava com 110 quilos, mas não tinha pressão alta", lembra.

Já com a oxigenação recuperada, ele contou que ainda sente a fadiga. Quase três meses depois do diagnóstico, disse que, na época, foi surpreendido pela contaminação.

"Eu me assustei bastante, principalmente quando falaram da entubação. É bem preocupante", disse o marceneiro, que já voltou ao trabalho, apesar do sintoma persistente.

As queixas de sintomas crônicos deixados pela doença foram analisadas por hospitais americanos e citadas em trabalho compilado pelo CDC, organismo do governo americano que acompanha a evolução da pandemia. O CDC mostra que, de 292 entrevistados entre 14 a 21 dias após a data do teste que deu positivo, 94% (274) relataram sintomas persistentes.

Esse levantamento foi realizado nos EUA, durante o período de 15 de abril a 25 de junho de 2020, com entrevistas por telefone de uma amostra aleatória de adultos acima de 18 anos que tiveram um primeiro teste positivo de reação em cadeia da polimerase-transcrição reversa (RT-PCR, o padrão ouro dos testes) para Sars-Cov-2, em uma consulta ambulatorial em um dos 14 sistemas acadêmicos de saúde de 13 Estados.

Síndrome

A chamada síndrome da fadiga crônica, que tem sido relatada por pacientes convalescentes da covid-19, é uma manifestação encontrada também na recuperação de pessoas que tiveram outras infecções, aponta o infectologista Valdes Roberto Bollelo, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. "Isso não é só da covid-19, a dengue tem isso também", diz.

O médico afirma que ocorrem situações de recuperação nas quais o paciente fica por uma ou duas semanas "quebrado", com desânimo, embora a doença já tenha passado. "Isso ocorre também com chikungunya, mononucleose, toxoplasmose aguda e outras Sars (coronavírus), que apresentam quadro pós-infeccioso com mialgia e até sintomas neurológicos ou psicológicos", explicou. São reações imunológicas que estão sendo observadas também com a covid-19.

Esses casos de sintomas persistentes preocupam os profissionais de saúde, mas ainda não estão bem comprovados por pesquisas no Brasil.

Segundo Mirian Dal Ben, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, não há estudos científicos no País sobre essa permanência mais duradoura dos sintomas da covid-19. O que há é a percepção, pela experiência de consultório, de casos de pacientes que permanecem com febre por mais de 30 dias, perda do olfato ou perda de paladar, comentou a médica.

"Há casos até de gente que relata queixas de fadiga por até três meses depois da infecção", explicou a especialista.

De acordo com a infectologista Daniela Bergamasco, do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, a prática tem mostrado que os sintomas crônicos podem permanecer por semanas. Mas a especialista ressaltou também que ainda não é possível comprovar cientificamente o fenômeno por falta de acompanhamento com parâmetros seguros de pesquisa, como foi feito pelo CDC, nos EUA, onde esses pacientes estão sendo chamados de long haulers, ou seja, pessoas que carregam os sintomas da doença por meses.

Para o pneumologista Bruno Guedes Baldi, também do HCor, é possível que pacientes com quadros graves da doença, por exemplo, continuem com os sintomas da covid-19 por até 70 ou 80 dias. "Quando a carga viral é muito alta, por exemplo, ou em casos nos quais a pessoa tenha ficado em UTI, com entubação", afirma.

Tempo de transmissão

O impacto da doença preocupa ainda por uma manifestação adicional. De acordo com a infectologista Adriana Coracini, há casos de pacientes da covid-19 que permanecem com PCR positivo por até 40 dias. Ela ressaltou, porém, que esses pacientes já não transmitem o vírus. A médica alertou também que há doentes que melhoram dos sintomas e voltam a sentir os efeitos da doença um mês depois, com PCR positivo novamente.

Um dos casos que chamou a atenção nas últimas semanas envolve um estudo da Universidade Federal do Rio (UFRJ) que encontrou uma paciente que ainda testou positivo para RT-PCR após cinco meses. O resultado foi uma surpresa para os próprios pesquisadores, mas a mesma pesquisa apontou resultados positivos para um quinto dos testados após um mês da infecção.

Adriana explica que há trabalhos científicos mostrando que, na maioria dos casos, a cultura viral fica positiva para a covid-19 durante nove dias e os exames de PCR positivos, a partir do nono dia, já não correspondem a vírus viável ou replicante. "Temos vírus positivos por 30 ou 40 dias, mas sem que isso signifique transmissão para outra pessoa", disse.

Coracini alertou, no entanto, que ainda não há dados científicos em quantidade necessária para a comprovação segura de que não haja contaminação no período. "Há estudos em andamento, ainda sem conclusões robustas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Pablo Pereira
Estadão Conteúdo

Azitromicina não tem efeito em pacientes graves de Covid-19, diz estudo brasileiro

Foto:Folhapress



O uso do antibiótico azitromicina no tratamento de pacientes com sintomas graves de Covid-19 não promoveu melhoras na evolução clínica deles. A conclusão é de uma pesquisa feita pela Coalizão Covid-19, liderada pelos hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês. Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz, BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, pelo Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e pela Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).

Os resultados foram publicados na revista científica The Lancet, uma das mais prestigiadas do mundo. "Os achados do estudo, portanto, não sustentam a indicação do uso rotineiro desta terapia no tratamento da doença em casos graves", afirma o grupo no texto.

A azitromicina tem sido o segundo remédio mais usado no mundo no tratamento dos doentes. Ficou atrás da hidroxicloroquina quando se acreditava que a droga era eficaz.
No Brasil, a azitromicina é distribuída por prefeituras e ministrada por diversos médicos. O prefeito Bruno Covas, de São Paulo, por exemplo, anunciou que fez uso da droga quando foi infectado pelo novo coronavírus.

"Muita gente dá azitromicina ao paciente assim que ele chega ao hospital. Mas o estudo revela que ela não traz benefícios aos doentes", diz a médica Viviane Cordeiro Veiga, da BP.

"É um bom antibiótico para infecções respiratórias, mas não tem efeitos benéficos no caso de pacientes graves da Covid-19", diz o médico Alexandre Biasi, do H?Cor.

O estudo da azitromicina é o terceiro publicado internacionalmente pela Coalizão Covid-19 desde que a epidemia começou no Brasil.

Em julho, o grupo divulgou pesquisa mostrando que a hidroxicloroquina não tem eficácia no tratamento de pacientes com sintomas leves ou moderados da Covid-19 que estão hospitalizados. Em setembro, eles mostraram que o uso do corticoide dexametasona diminui o tempo de pacientes graves da doença em respiradores artificiais.

O trabalho com a azitromicina foi realizado com 397 pacientes divididos em dois grupos. Em um deles (214 pessoas), os enfermos foram tratados com doses diárias de 500 mg de azitromicina mais tratamento padrão. Em outro, apenas o tratamento padrão. O tratamento padrão incluía todas as medidas de suporte hospitalar, uso de outros tratamentos como antivirais e, conforme padrão da época da realização do estudo, hidroxicloroquina.

Os pacientes foram acompanhados durante 29 dias. A avaliação considerou seis aspectos: ter recebido alta, mas manifestar sequela; estar internado, porém sem limitações; permanecer internado e continuar recebendo oxigênio; precisar de oxigênio, mas sem ventilação mecânica; fazer uso de ventilação mecânica e, por fim, morrer.

A análise feita 15 dias após o início dos tratamentos mostrou que não houve diferença entre os dois grupos estudados na chance de os pacientes apresentarem melhora.

Não houve diferença importante na mortalidade entre o grupo que recebeu a azitromicina e tratamento padrão (incluindo hidroxicloroquina) e o grupo que recebeu apenas tratamento padrão (incluindo hidroxicloroquina).

No primeiro, a taxa de óbitos após 29 dias foi de 42%. Entre o grupo controle, foi de 40%. Também não houve diferenças significativas no tempo médio de internação: 26 dias para os pacientes que receberam azitromicina mais tratamento padrão e 18 dias entre os pacientes que receberam apenas a terapia padrão.

Como efeitos colaterais, os dois grupos apresentarem índices semelhantes de insuficiência renal: 39% nos que receberam a azitromcina, e 33% nos que receberam apenas o tratamento padrão.

 

Fonte: Folhapress, por Mônica Bergamo

Vacina russa é promissora, mas cientistas dizem que precisa de mais testes

Arquivo CV

O primeiro trabalho científico publicado em revista internacional sobre a vacina russa contra a Covid-19 registrou resultados promissores, mas os pesquisadores admitem que são necessários mais testes para a comprovação cabal de sua eficácia.

O estudo sobre as fases 1 e 2 de estudos da chamada Sputnik V foi publicado pela revista britânica The Lancet.

Segundo ele, o medicamento aplicado em duas doses mostrou eficácia de 100% e apontou uma resposta imune até 1,5 vezes superior à registrada pelo imunizante desenvolvido pela AstraZeneca/Universidade de Oxford -que o governo federal testa no Brasil.

Para o presidente do Fundo de Investimento Direto da Rússia, Kirill Dimitriev, o resultado serve para "responder às dúvidas do Ocidente" sobre a vacina. O fundo bancou a pesquisa do Instituto Gamaleya, criador do imunizante.

As questões, contudo, permanecem e são respaldadas pelos próprios autores do estudo. "Ensaios grandes e de longo prazo incluindo a comparação via placebo, e monitoramento adicional, são necessários para estabelecer a segurança e eficácia da vacina no longo prazo para prevenir a infecção", afirma o texto.

O estudo só analisou os efeitos em 76 pessoas de 18 a 60 anos, e não foi randomizado (quando não há a escolha dos indivíduos) nem duplo-cego (quando um grupo é injetado com composto inócuo sem que ele ou o médico saiba). Eles duraram 42 dias, levando ao registro da vacina em 11 de agosto.

A aprovação do Ministério da Saúde russo, que permitiu ao país propagandear a Sputnik V como primeira do gênero no mundo, veio antes da chamada fase 3, de grande escala. Os russos afirmam que já começaram ela com 2.500 dos 40 mil voluntários que pretendem acompanhar.

Enquanto isso, o plano é, a partir de algum momento de setembro, vacinar já profissionais da saúde do país. O registro do Ministério da Saúde, contudo, só prevê vacinação geral a partir de janeiro de 2021.

Alexander Ginzburg, diretor do Gamaleia, afirmou em videoconferência nesta sexta acreditar que os estudos da fase 3 estarão prontos em outubro ou novembro.

Como já havia ficado claro em entrevista no dia 20 de agosto, a Rússia ajustou seu discurso inicial, que dava a entender que iria vacinar maciçamente sua população de imediato, e está adicionando elementos científicos mais sólidos à sua campanha pela Sputnik V aos poucos.

Politicamente, se o imunizante for mesmo eficaz e seguro, isso poderá se reverter numa vitória para o presidente Vladimir Putin, inicialmente um cético acerca do novo coronavírus.

Mesmo o nome da vacina, o mesmo do primeiro satélite artificial, foi feito para lembrar o assombro do Ocidente ante ao feito espacial dos soviéticos em 1957.

Ginzburg defendeu os atalhos tomados pelos pesquisadores e o atraso na publicação internacional de dados.

"De acordo com a regulação russa, só é ético publicar no exterior após o registro doméstico", disse. Ele voltou a dizer que a emergência da pandemia acelerou todo o processo, que normalmente demoraria muito mais. "Era necessário tomar ações regulatórias para vacinar civis."

Sobre o início da produção em massa, já anunciado por Moscou, ele afirmou que os resultados com um grupo tão pequeno de pacientes são suficientes porque a segurança do imunizante estaria certificada por ele usar o mesmo princípio das vacinas contra o ebola (já aprovada) e a Mers (doença semelhante à Covid-19, que parou na fase pré-clínica).

Dimitriev manteve o tom usual de crítica política aos detratores da vacina ao comentar os resultados. "Minha questão para a indústria farmacêutica é: vocês vão mostrar estudos de longo prazo a seus cidadãos? Eles não existem", disse.

"A publicação demonstrou a abertura da Rússia a um diálogo, bem como virou uma resposta aos céticos que criticavam a vacina irracionalmente. Na época de pandemia é extremamente importante usar uma plataforma com segurança provada", afirmou.

Para compensar a evidente lacuna em torno da Sputnik V, ele apontou para 250 estudos prévios com o princípio da vacina citados no estudo na Lancet. Outras publicações, disse, virão: ainda este mês deverá ser publicado o resultado dos testes com primatas e hamsters.

Segundo o estudo desta sexta, não houve efeitos colaterais sérios nos testados, apenas eventos como dor no local da vacina (em 58% dos testados), febre (50%), dor de cabeça (42%), fraqueza (28%) e dor muscular (24%). Nas outras vacinas, afirmam os russos, efeitos adversos têm aparecido de 1% a 25% dos voluntários.

A resposta imune foi aferida tanto na produção de anticorpos neutralizantes quanto nas células T, afirma o texto. Ela foi obtida após duas injeções. Na primeira, o mais comum adenovírus Ad5 é aplicada e, 21 dias depois, uma dose de outra variante, o Ad26, é injetada.

Segundo o estudo, a imunização foi vista ao fim dos 42 dias. Acerca da dúvida sobre a eficácia do uso do Ad5, que é um vírus de alta circulação e causa resfriado, o diretor-adjunto para pesquisa do Gamaleia, Denis Lugonov, afirmou que a dose mais alta na primeira injeção superou a eventual imunidade que os indivíduos pudessem ter ao patógeno.

Essa é uma das dúvidas sobre a abordagem russa, que também ocorre apenas em uma dose do Ad5 na vacina chinesa a CanSino, já que a prevalência desse adenovírus varia de 40% a 80% entre populações e poderia inutilizar o esforço de atingir a resposta imune.

A Sputnik V será testada no Brasil. O estado do Paraná já assinou contrato com o fundo russo, mas ainda não há detalhes sobre o processo, e outras unidades federativas negociam o mesmo.

Segundo Dimitriev, já são 40 os países interessados na vacina.

Além da vacina de Oxford, o país testa em larga escala a chinesa da Sinovac, em parceria com o governo paulista. Outros dois imunizantes (Pfizer e Sinopharm) estão em teste, mas sem contratos de produção ainda.

 

IGOR GIELOW
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Vacina contra Covid-19 precisará ter eficiência de 50%, diz OMS

Foto: Rodrigo Nunes/MS

 

Para ser recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), uma vacina contra a Covid-19 deve ter eficiência mínima de 50%, com não menos que 30% em sua banda inferior, afirmou nesta segunda (31) a cientista-chefe da entidade, Soumya Swaminathan.

Os parâmetros fazem parte do perfil do produto alvo publicado pela OMS, que inclui também a comprovação de que a vacina é segura, ou seja, eventuais efeitos colaterais mais graves devem ser raros.

Segundo a assessoria da OMS, no caso do novo coronavírus (Sars-CoV-2), a proporção de pessoas que precisam estar imunizadas contra o patógeno para que a população esteja protegida é de 65% a 70%. "Quanto mais transmissível o vírus, maior é essa proporção", afirmou a OMS.

Estudos recentes indicam que de 5% a 10% da população global tem anticorpos por exposição ao Sars-Cov-2, o que significa que "a maior parte da população mundial ainda é suscetível e a infecção pode continuar em ondas".

A vacina seria uma forma de chegar a essa proporção de imunização protetora com mais segurança e eficiência. Há mais de 200 projetos candidatos a se tornarem uma vacina produzida e distribuída globalmente, em diferentes fases de desenvolvimento, disse Swaminathan.

Segundo relatório da última sexta (28), há no momento 33 vacinas em fase de experimentos clínicos, das quais 10 estão na etapa mais adiantada, chamada fase 3.

Outras 143 vacinas estão em fase pré-clínica.

Swaminathan afirmou que é importante ter um grande número de projetos, porque mais de um tipo de vacina pode ser necessário para proteger a população, ou dois ou mais tipos podem ser combinados, para elevar a eficiência da imunização.

Em sessão de resposta a dúvidas do público há algumas semanas, a cientista-chefe da OMS também disse que o grande número de candidatos aumenta a chance de se encontrar uma vacina viável: "Normalmente a taxa de sucesso de uma vacina é de 10%. Quanto mais candidatos tivermos, mais oportunidades teremos de sucesso".

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS)

 

Pesquisadores reportam novo caso de reinfecção por coronavírus nos EUA

Após a divulgação por pesquisadores de Hong Kong do primeiro caso de reinfecção do novo coronavírus comprovado, cientistas norte-americanos divulgaram mais um caso de contágio de duas cepas do vírus por um mesmo indivíduo em Reno, no estado de Nevada (EUA).

Os dados foram publicados na forma de pré-print (ainda sem revisão por pares) e submetidos para publicação na prestigiada revista científica The Lancet na última quinta-feira (27).

No estudo, pesquisadores da Universidade de Nevada, do Instituto de Medicina Personalizada e do Laboratório de Saúde Pública do estado sequenciaram duas amostras distintas, chamadas de A e B, de um mesmo paciente que foi contaminado em dois momentos distintos.

O paciente, um homem de 25 anos, apresentou sintomas gripais -dor de garganta, tosse, dor de cabeça- em 25 de março e foi identificado em uma testagem comunitária feita pelos órgãos de saúde do Condado de Washoe, em 18 de abril. Após a confirmação por meio do exame RT-PCR, o homem foi isolado e relatou não ter mais sintomas em 27 de abril.

Um exame realizado no dia 9 de maio comprovou o fim da infecção. Novamente, no dia 26 de maio, outro exame RT-PCR foi feito para certificar que o vírus não estava mais em seu organismo, cujo resultado foi negativo.

O paciente voltou a apresentar sintomas no dia 31 de maio, quando procurou assistência médica com quadro de febre, diarreia, náusea e tosse. Após uma análise de radiografia do pulmão, o paciente foi liberado para casa. Cinco dias depois, o homem consultou novamente um médico, agora já com quadro de hipóxia, e foi encaminhado para um serviço de urgência.

A segunda infecção, confirmada por outro exame RT-PCR no início de junho, foi bem mais violenta, com hospitalização, necessidade de suporte de oxigênio e danos ao pulmão. O paciente se recuperou em 6 de junho. Nessa mesma data, um exame sorológico confirmou a presença de anticorpos IgM e IgG para o Sars-CoV-2.

Com as duas amostras de swab em mãos, os pesquisadores sequenciaram o material genético do vírus e encontraram diversas diferenças genéticas entre elas. Em uma análise com a sequência do vírus "zero" de Wuhan e amostras do laboratório público de Nevada, os cientistas concluíram que as duas cepas fazem parte de uma mesma linhagem -chamada de 20C.

Os pesquisadores argumentam que embora não seja impossível, a hipótese de o vírus ter permanecido "adormecido" no organismo do homem e sofrido mutações ali é extremamente improvável, pois para isso acontecer a taxa de mutação seria quase quatro vezes maior do que a encontrada do vírus na natureza.

"Ainda, de enorme relevância é a presença de quatro mutações entre as amostras A e B que, para serem mutações de um mesmo vírus, seriam um tipo de mutação [chamado reversão] ligado ao genótipo ancestral. As chances de isso ocorrer são tão remotas que chegam a ser inexistentes, e virtualmente asseguram que essas duas infecções foram eventos distintos."

Como a segunda infecção foi bem mais acentuada do que a primeira, os pesquisadores avaliam que uma exposição inicial ao vírus não leva a uma imunização 100% protetora em toda a população, fato a ser considerado para a produção de vacinas. Ressaltam, no entanto, que é importante observar que a frequência de reinfecção ainda é muito baixa para afirmar que esse padrão de contaminação será repetido.

Segundo os autores, a segunda infecção ocorreu concomitantemente ao contágio de uma pessoa que mora na mesma casa que o homem e que não há nenhuma informação sobre o paciente tomar remédios imunossupressores ou ser imunodeprimido. A análise do RNA viral do outro morador está em andamento e pode trazer novas informações sobre o caso.

Os autores concluem que as dificuldades de rastreamento e testagem de casos suspeitos podem ainda interferir no diagnóstico e descoberta das reinfecções e que "a falta de sequenciamento genômico dos casos positivos nos Estados Unidos e em todo o mundo limitam a sofisticação da vigilância epidemiológica necessária para encontrar esses casos."

ANA BOTTALLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) 

 

Estrelas do basquete ajudam a aprovar teste mais barato para coronavírus

Estrelas do basquete profissional dos EUA ajudaram cientistas da Escola de Saúde Pública de Yale a obter autorização do governo para um novo teste de coronavírus baseado em saliva, mais rápido e mais barato que os atuais, que usam cotonetes para recolher secreções da garganta e do nariz.

O método, chamado Saliva Direct, recebeu autorização da FDA (agência de vigilância sanitária dos EUA) para uso emergencial na última semana.

Para provar que ele era tão confiável e eficiente quanto o teste atual, Yale fez uma parceria para aplicá-lo em jogadores de 22 das 30 equipes da NBA, liga profissional de basquete americana.

Em sua retomada durante a epidemia, a NBA criou uma "bolha de segurança", em que os mais de 340 jogadores são testados todos os dias. Desde julho, eles fazem também paralelamente o SalivaDirect, e os resultados são comparados.

"Além de ser tão confiável quanto o teste já em uso, o nosso método mostrou menos variação, porque a coleta de amostras é mais prática e segura", disse à Folha a pesquisadora Chantal Vogels, que liderou o desenvolvimento e validação do laboratório junto com Doug Brackney, professor clínico adjunto.

O teste com cotonete exige treinamento do profissional de saúde e é mais sujeito a falhas ao recolher o material para análise.
Ela ressalta que, embora permita colher e processar mais amostras em menos tempo, o novo método não é o chamado "teste rápido", sujeito a falhas. É um teste do tipo PCR, ou seja, avalia a presença de material genético do coronavírus na amostra.

O processamento é mais rápido porque dispensa a etapa de extração de DNA ou RNA, diz Vogels. "Simplesmente tratamos a saliva com uma enzima, a proteinase K, e calor", afirma a pesquisadora. Com isso, o kit de Yale permite testar 92 amostras em três horas.

Um dos objetivos da equipe era eliminar os caros tubos de coleta de saliva que outras empresas usam para preservar o vírus para detecção.

No laboratório, eles descobriram que o Sars-Cov-2 é estável na saliva por períodos prolongados em temperaturas quentes, tornando desnecessários conservantes ou tubos especializados.

Com a simplificação, o processo também ficou mais barato, segundo os pesquisadores de Yale. Eles acreditam que laboratórios poderão cobrar cerca de US$ 10 por amostra, quanto testes pelo método do cotonete podem custar mais de US$ 100.

"Se alternativas baratas como o SalivaDirect puderem ser implementadas em todo o país, poderemos finalmente controlar essa pandemia, mesmo antes de uma vacina ", diz o professor de Yale Nathan Grubaugh, que comanda o laboratório em que Vogels trabalha.

Testar todos os casos suspeitos já era uma das principais recomendações da OMS para controlar a transmissão da doença e, recentemente, países como a Alemanha estabeleceram teste obrigatório para todos os que chegam ao país vindo de uma região considerada de risco, o que aumenta o risco de falta de kits.

Segundo Vogels, além das vantagens no preço e no prazo, o método de Yale também é menos sujeitos a falta de insumos, porque foi validado com reagentes e instrumentos de vários fornecedores, o que evita gargalos nas cadeias de produção.
Os pesquisadores afirmaram que o objetivo não é comercializar o SalivaDirect e que os os protocolos de teste serão fornecidos para laboratórios em uma base de "código aberto".

A NBA e a associação de jogadores, que financiaram parte do estudo de Yale, não informaram se passarão a adotar o SalivaDirect em suas partidas.

Até o começo da pandemia do novo coronavírus, Vogels, que faz pós-doutorado na escola de Saúde Pública de Yale, pesquisava vírus transmitidos por mosquitos, como a zika. Desde março, porém, todo seu tempo é dedicado ao Sars-Cov-2.
A Universidade Yale fez uma parceria com o Laboratório Jackson de Medicina Genômica, de Connecticut, para estudar como aplicar o teste em grande escala.

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS)

 

Incidência de Covid-19 no Maranhão chega a 40,4%, a maior taxa do Brasil

Foto: Instagram/Governoma

A incidência de Covid-19 no Maranhão chegou a 40,4%, a maior taxa do Brasil. Isso representa quase 3 milhões de maranhenses contaminados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia.

Os dados são do inquérito sorológico realizado por uma equipe técnica da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) e da Secretaria de Estado da Saúde. Foram analisadas 3.156 amostras de sangue em 69 municípios entre 27 de julho e 8 de agosto.

Apesar do alto número de infectados no Maranhão, a taxa de letalidade da Covid-19 no estado é de 0,17%. Segundo Antônio Augusto Moura, professor do Departamento de Saúde Pública da UFMA, essa é uma das menores taxas do mundo. O inquérito estima que 5.026 pessoas tenham morrido por alguma complicação em decorrência da doença.

A prevalência de infeção pelo novo coronavírus no Maranhão é muito superior do que a reportada em outras áreas do país: Fortaleza (14,2%), São Paulo (4,8%), Espírito Santo (2,1%), Ribeirão Preto (1,4%) e Rio Grande do Sul (0,22%). As outras avaliações, entretanto, tiveram amostras coletadas até meados de junho.

O relatório constatou que houve maior incidência de Covid-19 em domicílios com maior número de pessoas (acima de dois moradores) e que indivíduos com maior escolaridade foram menos afetados pelo coronavírus. Segundo o inquérito, sexo, idade, raça e renda familiar não tiveram impacto direto nos resultados.

"Esses resultados indicaram relação inversa da prevalência dos anticorpos investigados com a escolaridade mais elevada e com menor número de moradores, sugerindo que desigualdades sociais e composição do número de moradores nos domicílios podem ter maior influência na exposição ao SARS-CoV-2", diz o documento.



Fonte: Camila Matoso- Folhapress

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