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Mulher de classe média perdeu medo de denunciar, diz delegada

A Lei Maria da Penha foi um marco na mudança de atitude de mulheres agredidas por companheiros. Segundo a delegada Vilma Alves, titular da Delegacia da Mulher Centro, na década de 90, apenas mulheres usando chinelas compareciam ao DP para denunciar. "Agora, as mulheres que vão lá usam salto Luis XV", relata.


Em entrevista ao Notícia da Manhã desta sexta (16), Vilma Alves disse que o exemplo é o caso registrado ontem. A mulher de um procurador da Câmara Municipal de Teresina, Lia Raquel de Sousa Silva, 45 anos, foi até a Central de Flagrantes denunciar o marido por agressão física.


A vítima relatou que foi a segunda agressão sofrida e decidiu colocar um basta no relacionamento.




"A cultura machista está em todas as classes sociais. Se pensa que é um homem preparado, concursado, com conhecimento jurídico que sabe que não pode bater e comete um ato desse. Na década de 90, tínhamos mulheres que usavam sandália japonesa. Hoje temos mulher que usa salto Luis XV. A mulher perdeu o sentimento da vergonha, do que as pessoas vão falar, e agora pensam nelas mesmas", disse.


Porém, mesmo com o rigor da Lei Maria da Penha, Vilma avalia que a violência continua. "A violência continua. A primeira vez, na primeira agressão, o homem tem direito a fiança, mas na segunda vez não. Ser preso agora é uma realidade. As medidas protetivas de urgência, quando não são cumpridas, podem ser convertidas em prisão", afirmou.


A delegada afirma ainda que a Polícia Militar está orientada a atender esses casos e tem feito com eficiência. Porém, o número de guarnições ainda é pequeno para atender a todos os chamados. "Às vezes não chega por causa da demanda e elas ficam desesperadas. Elas querem um consolo, que alguém estenda a mão e dê o socorro necessário", comentou. 


Vilma alerta que qualquer tipo de agressão física ou psicológica é passível de denúncia. "Beliscar, puxar os cabelos, bater, pegar o cinturão e bater isso não pode ser aceito", enfatizou.


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Leilane Nunes
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