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Sem apoio, judoca do PI viaja apenas com passagem de ida para seletiva

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No ano em que Sarah Menezes conquistou um inédito ouro olímpico, o judô piauiense voltou a ter medalhas em campeonatos nacionais e acenou sair de uma fase que era ruim, bem ruim, em especial no sentido de revelar talentos. No entanto, o banho de água fria veio nesta semana. E do calor de Teresina, não refresca nada. 

Dos sete judocas inscritos para a seletiva nacional Sub-18 e Sub-21, só um vai viajar na tarde desta quinta-feira (6) e graças a uma "gambiarra" que merece alguns parágrafos para ser narrada. O pior de tudo: Antônio Fabrício Alves só tem garantida a passagem de ida.


Detentor dos melhores resultados nacionais para o Piauí em 2012, Fabrício só vai embarcar para Vitória (ES) por conta de milhas aéreas conseguidas junto a amigos pelo seu técnico, Abdias Queiroz Filho. Lá, o campeão brasileiro sub-20 ficará sob os cuidados do treinador Robert Marques, do Distrito Federal, que seguiu de carro para a capital capixaba.

Para voltar a Teresina, Fabrício Alves terá duas opções: a primeira, e mais importante, é conseguir passagens para São Paulo, onde na próxima semana acontece a seletiva do projeto Rio 2016, classificatória para a seleção brasileira, que já conta com Sarah Menezes. 

Se seu treinador não tiver sucesso em sua busca por apoio, o judoca voltará de carro para Brasília com Robert Marques. Afinal, dar um jeito de regressar do Distrito Federal é mais fácil que sair do Espírito Santo, mais distante do Piauí.

Geração prejudicada
A seletiva em Vitória é o passaporte para treinamentos e competições internacionais de base custeadas pela Confederação Brasileira de Judô e um caminho mais curto para a seleção brasileira adulta. Pensando nisso, além de Fabrício Alves, os técnicos inscreveram no torneio Lilian Lopes, Joseanne Fernandes, David Silva, William Farias, João Batista Romeiro e Stael Torres. Os dois últimos conquistaram medalhas nas Olimpíadas Escolares na semana passada. Até a noite de quarta-feira, nenhum deles tinha ganho presente de Natal antecipado de Papai Noel. 


A situação virou novidade em 2012 por dois motivos: 1) A Confederação Brasileira de Judô só banca passagens para os estados em campeonatos brasileiros, ficando cada um por si nas seletivas; 2) "Salvador" nas horas de aperto, o poder público alegou não poder ajudar dessa vez.

O retrato da situação de penúria é vivido na pele por Queiroz Filho, que nas últimas semanas tem feito peregrinação em favor dos atletas. "Em 10 anos, pela primeira vez não vou a uma seletiva nacional", diz o professor, convocado por mais de 20 vezes para treinar seleções brasileiras de base. Agora, além do posto em âmbito nacional, ele teme perder judocas para outros estados. 


Fábio Lima
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