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Capital Inicial retoma a veia política com lançamento de novo disco

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O ano de 2012 acabou se traduzindo numa coisa extenuante para mim — diz o cantor do Capital Inicial, de 48 anos, por telefone, de São Paulo. — Nossa agenda de shows, que sempre é muito intensa, foi ainda mais cansativa por causa da boa repercussão da nossa apresentação no Rock in Rio, em 2011. Então, passamos dos cem shows, ainda fiz uns oito ou nove do “Black heart” (disco solo que lançou em março e que o traz ao Rio para apresentações em fevereiro, na Miranda), gravei dois discos...
O segundo é “Saturno”, 11º disco de carreira do Capital, após “Das Kapital” (2010).


— Acho que desta vez a máquina estava ainda mais azeitada — avalia ele. — Ensaiamos muito e fomos para o estúdio bem afiados, mais uma vez com o produtor David Corcos. Em um mês o disco estava gravado, bem diferente de “Black heart”, que eu achei que seria moleza, e acabou levando uma eternidade, porque eu ensaiava e gravava nos intervalos das atividades do Capital.

A “máquina azeitada” passa também pela parceria com Alvin L., com quem compõe a maior parte das canções do Capital desde “Mickey Mouse em Moscou”, sucesso do disco “Todos os lados”, de 1989.

— Nosso truque é não parar de compor — conta o cantor. — Agora, que o disco está saindo, já temos canções prontas para um futuro CD, que pode ser meu ou do Capital. Aprendi com o Renato Russo que as coisas não devem ser feitas com pressa, porque esse clima acaba aparecendo no disco. “Um disco é para sempre!”, dizia. Compondo sem parar, não enferrujamos e nos aperfeiçoamos. Aliás, em matéria de texto, acho que Alvin e eu nunca fizemos um trabalho tão bom quanto esse de “Saturno”.

Além das diversas músicas de letras mais abstratas, como “Água e vinho” e “A valsa do inferno”, os dois retomaram a veia política que jamais se afastou totalmente do Capital — herdeiro direto do Aborto Elétrico, cujo repertório contava com as furiosas “Que país é esse?” e “Geração Coca-Cola”, que depois estourariam com a Legião Urbana. “Eles mentem/ E não sentem nada/ Eles mentem/ Na sua cara/ Nobre colega/ Acha que a nação inteira/ É surda e cega”, diz a letra de “Saquear Brasília”.

— Sou um entusiasta do Brasil — começa Dinho. — Reconheço as transformações recentes, sei que a desigualdade é a menor em 30 anos, mas na última década a impressão é que o país avança apesar da classe política. São as mesmas pessoas dando as cartas há muitos anos, no PMDB, no DEM, no PSDB. Você viu as abstenções e os votos em branco na eleição para prefeito? Foi um número absurdo, e isso porque o voto aqui é obrigatório. Se não fosse, tenho a impressão de que um terço das pessoas apareceria para votar. O povo não se sente representado pelos políticos. Acho que o voto nulo deveria ser computado. O cara que vota em branco está dizendo “tanto faz”, mas o que anula está gritando: “Não!”

Fonte: O Globo

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