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Pedido de tolerância marca início do Cultura Negra Estaiada na Ponte

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Autoridades de religiões de origem africana pediram respeito e o fim da intolerância religiosa durante a abertura do "Cultura Negra Estaiada na Ponte". O evento no final da tarde deste sábado (10), na zona Leste de Teresina (PI), contou com a presença de vários umbandistas e pretende mostrar que eles também são empreendedores.

Fotos: Yala Sena/Cidadeverde.com

Artemildes Silva, do Grupo de Cultura Afroxá, afirmou que o encontro representa a unidade, a coletividade e a solidariedade. Ela declarou que o evento é uma conquista de espaço. "Nós negros não estamos pedindo nada. Não estamos pedindo "por favor, nos ame". O que queremos é o respeito, que é mais importante do que o amor", disse, destacando que o "Cultura Negra Estaiada na Ponte" vai discutir a economia e mostrar com arte e beleza que os terreiros também são empreendedores. 

Mãe Eufrazina, uma das organizadoras, declarou que a rede de terreiros de Teresina vai lutar por seus direitos com muita força, para que a realidade mude. "Que respeitem a todos. Vamos lutar contra a intolerância".


A organizadora citou como exemplo de intolerância o apedrejamento de estátuas de Iemanjá, já flagrados na avenida Marechal Castelo Branco. Ela lembra que alguns usam tintas para pintar as imagens e deixá-las parecidas com "monstros", mas acredita que o evento vai ajudar a combater esse tipo de agressão. 

Além de confirmar que o "Cultura Negra Estaiada na Ponte" ficará no calendário de eventos da capital, Mãe Eufrazina conta que um plano de trabalho está sendo feito em conjunto com a Secretaria de Economia Solidária de Teresina, que busca políticas públicas voltadas para os terreiros. 


Representando o prefeito Firmino Filho (PSDB), que se ausentou por problemas de saúde, a secretária de comunicação de Teresina, Cláudia Brandão, ressaltou o caráter hospitaleiro da capital, que não tolera o preconceito. Para ela, a iniciativa destaca a cultura negra, que faz parte das nossas origens e deve ser respeitada e reverenciada. 

"Por isso tiramos culturas dos quintais, dos guetos, e trazemos para a vitrine da cidade", disse Cláudia Brandão, ressaltando que a Prefeitura já promoveu um seminário sobre Igualdade Racial.


Benção de Bita do Barão
A cerimônia de abertura do evento foi encerrada por Mestre Bita do Barão, de Codó (MA), um dos umbandistas mais famosos do Brasil. Ele afirmou que não esperava encontrar tantos umbandistas em Teresina. 

"Os pretos sofreram. Eu sofri. Já tenho mais de 100 anos de idade e convivi com todos os tipos de intolerância, mas está havendo avanços", disse Bita do Barão, convidando a todos para seus festejos no dia 17 de agosto. 

Ao se despedir, o mestre disse: "Orixá das Matas de Codó que abençoe a todos". 

Yala Sena (Flash)
Fábio Lima (Da Redação)
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