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Clubes brasileiros endividados: 'Salários milionários vão acabar'

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No início da tarde desta quinta-feira, quatro presidentes de clubes se reuniram na sede da CBF, no Rio de Janeiro, com o vice-presidente da entidade, Marco Polo Del Nero. Em pauta, a discussão do calendário do futebol brasileiro nas próximas temporadas e, principalmente, a questão das dívidas das agremiações. Houve um consenso quanto às ideias dos atletas em relação ao calendário e, na próxima semana, uma nova reunião dará os ajustes finais ao tema. Sobre as dívidas, a decisão mais impactante: os clubes desejam o alongamento do prazo para quitar os débitos e a punição com perda de pontos para os clubes que não cumprirem o acordo.


Estiveram presentes no encontro os presidente de Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, do Internacional, Giovanni Luigi e do Vitória, Alex Portela. Também convidados, os presidentes de Atlético-MG e Fluminense tiveramproblemas e não puderam comparecer. A reunião durou quase três horas e, na saída, os dirigentes explicaram que as medidas devem entrar em vigor apenas em 2015. O encontro ocorreu com a participação da CBF, pois caberá à entidade estipular em seu Regulamengo Geral das Competições as medidas punitivas para o clube que não cumprir o fair play financeiro. Os dirigentes acreditam que o acerto de contas irá mexer com o mercado do futebol.

"O que eles (atletas) colocam é o fair play trabalhista. Os clubes concordam com isso. O que temos de colocar muito claramente é que nas competições que vão ser disputadas os atletas têm de receber em dia. Temos de moralizar o futebol brasileiro. Não podemos contratar jogadores com salários absurdos e cumpri-los. Se é pouco ou muito depende da capacidade de cada instituição. Mas não tenham dúvida: os salários milionários no futebol brasileiro vão acabar. Tem muita gente que ganha muito e joga muito pouco", disse o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade.

Em relação ao fair play financeiro, as ideias começaram a surgir. Segundo Vilson Ribeiro de Andrade, o sindicato dos atletas informará à Justiça Desportiva sobre o atraso de débito e o clube será notificado, com um prazo para a resposta e regularização antes da perda de pontos na tabela ser efetivada.

"O aleta através de seu sindicato aciona a justiça desportiva, que notifica o clube e dá um prazo de cinco dias para resposta. (O clube) apresenta se está pago, com comprovante e está encerrado o processo. Se não apresentou em 48 horas, perde três pontos", acrescentou Vilson.

Durante o encontro, os dirigentes confirmaram a tendência de deixar o projeto Proforte, do Governo Federal, de lado no momento. A ideia prevê que os clubes quitem parte das dívidas fiscais com contrapartidas como investimento em formação de atletas olímpicos. A questão não ganhou coro e os clubes desejam apenas o maior prazo para pagamento dos débitos.

"A ideia seria encontrar uma forma de um percentual sobre o faturamento bruto dos clubes que seja pagável e, portanto, permanente até a quitação da dívida antiga", disse Giovanni Luigi, presidente do Internacional.

A ideia é contar com pré-requisitos para que os clubes disputem as competições, como a obtenção das certidões negativas de débito (CNDs). No início deste ano, o Flamengo conseguiu acordo com a Fazenda e paga, mensalmente, cerca de R$ 8 milhões em dívidas pra manter as certidões. Presidente do clube, Eduardo Bandeira de Mello esteve presente no encontro e garantiu que a ideia do Proforte é válida, mas para o futuro.

"Num primeiro momento temos de tratar do alongamento da dívida e aí depois discutirmos de que maneira pode servir para pagar parte da dívida. No momento o que pensamos é nesta nova regra de governança, inclusive com exigência de certidões para participar de campeonatos e perda de pontos para quem não pagar a parcela na negociação. Isso alivia", afirmou Bandeira de Mello.

Na próxima semana, uma nova reunião ocorrerá na sede da CBF. Ainda sem data marcada, ela contará com a presença de representantes do sindicato dos atletas, de clubes e de integrantes do movimento Bom Senso F.C., que há duas semanas se reuniu com a entidade e entregou um dossiê com propostas de mudanças para o futebol brasileiro.


Fonte: ESPN
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