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No PI, consultor de Tropa de Elite diz Caso Amarildo pôs em risco as UPPs

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Pela primeira vez no Piauí, Paulo Storani, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (BOPE-RJ), e consultor dos filmes Tropa de Elite I e II, proferiu palestra nesta segunda-feira (12) e falou de assuntos polêmicos da atualidade. Inspiração para o Capitão Nascimento, ele disse que a personagem não pode ser seguida a risca e afirmou que o Caso Amarildo mostrou o ponto fraco das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). 

Fotos: Cida Cardoso/Especial para o Cidadeverde.com

Em uma conversa descontraída com a imprensa antes da palestra no Experience Day, da faculdade Facid DeVry, Storani avaliou o projeto das UPPs como excelente, apesar de fazer um alerta. "A UPP possibilida as pessoas que, por exemplo, nos últimos 30 anos não tiveram acesso ao seu direito de ir e vir. Porém, o conceito da UPP é apenas uma parte. Se não houver os demais desdobramentos, não anda", afirmou.

Um exemplo citado por Paulo Storani foi o desaparecimento de Amarildo Dias de Souza, pedreiro que desapareceu nos protestos populares de junho do ano passado e supostamente morto pela polícia. Para o ex-capitão, a falha aconteceu por desvio de conduta policial. 

"Neste momento, o policial colocou em risco todo o projeto. Possibilitando com que as pessoas que ainda trabalham com tráfico de drogas nas comunidades pudessem levar o descrédito (das UPPs) aos demais moradores", disse o ex-policial, citando que traficantes têm provocado diversos tipos de confusão na tentativa de fazer com que os policiais "percam a cabeça" e venham a cometer atos semelhantes ao contra Amarildo.


Capitão Nascimento
Storani contou que foi chamado para participar do filme Tropa de Elite quando a ideia ainda era de uma espécie de documentário. A evolução dos trabalhos o levaram a ser consultor para as personagens. Para o ex-capitão, o comportamento de Nascimento não deve ser levado a risca porque ele também erra.

"A polícia deve ver que o capitão Nascimento traz com ele alguns princípios. Porém, ele sofre de um desvio de conduta, cometendo um crime, e assim podemos ver que não se deve buscar um resultado a qualquer preço", alertou Storani. 


De acordo com o consultor do filme, o capitão é uma peça base, pois soube em determinado momento fazer com que dois personagens - os tenentes Neto e Matias - fossem moldados com um certo equilíbrio entre a racionalidade e a emoção de ambos. 

"O filme mostra diversas lutas para equilibrar esses dois pontos, mas que deve ser tomado cuidado para não estrapolar um ou outro, pois se extrapolarmos a tendência para o erro é bem forte. A busca pelo equilíbrio deve ser incessante", finaliza.

Cida Cardoso (especial para o Cidadeverde.com)
Fábio Lima (Da Redação)
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