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Advogado: faltam ações coordenadas para tirar adolescentes do crime

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O advogado Otoniel Bisneto, que trabalhou por seis anos como coordenador do Centro Educacional Masculino, analisou hoje (03), em entrevista ao Jornal do Piauí, o envolvimento de adolescentes em três crimes (como acusados ou vítimas) ocorridos durante esse final de semana. Em uma análise geral, Otoniel afirmou que o motivo principal do envolvimento de menores de idade nesses casos reflete a falta de ações coordenadas do Estado principalmente nas comunidades mais carentes.

Os três casos são: um menino de 13 anos que gravou um vídeo afirmando que havia sido apreendido com uma arma de fogo e foi solto um dia depois; dois irmãos que foram encontrados sob suspeita de estarem sendo submetidos a ritual macabro e uma creche, localizada na zona norte, que sofreu vandalismo.

Sobre o caso do garoto que assumiu ser o comandante do tráfico do Parque Alvorada em vídeo, Otoniel declarou que a falta de políticas públicas em educação ocasiona a chegada das drogas. "Simplesmente porque não olhamos por onde deveríamos ter olhado há muito tempo. Esse é o produto da Constituição cidadã. Demos liberdade demais enquanto deveríamos dar educação. Esquecemos o principal: o ser humano. Não é uma questão de lei. A lei se torna uma letra morta. Quem dá efetividade à lei é o cidadão, principalmente as famílias. O problema é: enquanto a gente discute o tráfico entra. O ECA é uma das mais belas leis que temos. Não justifica um jovem de 13 anos tomar o fôlego dos pais. Enquanto o Estado não ocupar o espaço. Teresina precisa de ações de segurança, educação e saúde coordenadas", disse.

Os vandalismos em escolas e creches, segundo Otoniel, continuarão a ser noticiados enquanto o Estado não fizer as intervenções necessárias. "Isso vai se repetir enquanto não se efetivar programas que levem essa comunidade ao desenvolvimento. A prova maior é que falta coordenação entre as ações. Mas são ações de saúde para um lado, segurança para outro e educação para outro. Enquanto não se elaborar um plano a médio e longo prazo o problema persistirá. Garotos estão sabotando a infância de outros porque os pais perderam o controle. O Estado tem uma série de responsabilidades. As ações descordenadas tendem a se tornar pontuais", declarou.

Já sobre o caso dos pais acusados de submeterem os filhos pequenos a um suposto ritual macabro, o advogado comentou que a sociedade atual está submersa no consumo e na acumulação de renda e esquece de valores familiares básicos. "Hoje se vive um estresse mundial e um vazio. Tenho muita tecnologia, tenho muito trabalho e esqueço de preencher alguma coisa. As pessoas estão entrando em colapso mental. Estamos esquecendo do basilar, o resgate dos valores, o resgate da relação familiar, um grupo que está debaixo de um teto e quando não se tem um objetivo comum se descamba para isso", afirmou.

Leilane Nunes
[email protected]

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