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Mais experiente, PT volta ao poder no Piauí disposto a não repetir erros do passado

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Acompanhado da vice Margarete, Dias dá entrevista após posse (Foto: Raoni Barbosa/Cidadeverde.com)

Quase cinco anos após deixar o Governo do Estado, Wellington Dias (PT) foi reconduzido ao Palácio de Karnak nesta quinta-feira (1º). Mais experiente que em 2003, quando assumiu a administração estadual pela primeira vez, ele e o partido voltam ao poder no Piauí dispostos a não repetir erros do passado.

Em 2015, a tarefa de comandar a máquina será dificultada pela crise financeira que abalou o Estado na gestão de Antonio José de Moraes Souza Filho (PMDB). Com atrasos nos pagamentos de terceirizados e fornecedores, a expectativa é que o primeiro ano da nova gestão seja apenas de ajustes.

Por conta das dificuldades, o primeiro ato Wellington Dias como governador foi decretar urgência administrativa pelo prazo de 90 dias nas secretarias de Segurança, Justiça, Saúde, Administração e Educação, além de Agespisa, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. O petista alegou calamidade nas pastas para tomar sua decisão.

"A vontade de todo mundo é fazer um governo melhor do que foram os dois primeiros. Sabemos que precisamos mudar e aperfeiçoar algumas coisas. Mas teremos dificuldades. Vamos receber o Estado quase em estado de calamidade. O primeiro ano não será de muitas esperanças porque ainda temos que consertar a máquina", argumenta Regina Sousa (PT), que é presidente do Diretório Estadual do partido e assumiu na quinta uma vaga no Senado Federal com a saída de Wellington Dias.

Um dos principais desafios será na área da Segurança Pública. Titular da pasta durante a maior parte dos quase oito anos de gestão de Wellington Dias, o deputado estadual reeleito Robert Rios (PDT) não pensou duas vezes antes de criticar o antigo aliado durante o período eleitoral. A principal bronca? A falta de investimentos entre 2003 e 2010. Por conta disso, o petista teve, entre outros problemas, dificuldades no diálogo com policiais civis e militares.

Na atual gestão, Wellington Dias já deu um passo decisivo para diminuir os ruídos na Segurança ao escolher Fábio Abreu (PTB) como secretário. Capitão reformado da Polícia Militar e ex-comandante do RONE, ele abriu mão de uma cadeira na Câmara Federal para assumir o desafio de reduzir os índices de violência e fortalecer o combate ao tráfico de drogas. Além disso, seu bom relacionamento com civis e militares pode servir como "escudo" às críticas nos primeiros meses da nova administração.

Na Educação, a principal meta será expandir o número de escolas de tempo integral. O programa foi iniciado no Piauí pelo próprio PT, mas apenas em 2009, a um ano do fim do segundo mandato de Wellington Dias. Titular da pasta nas gestões petistas passadas, Antônio José Medeiros (PT) crê que o novo desafio será melhor administrado pelo partido e seus aliados. "É claro que cometeu erros. Mas a experiência acumulada permitirá ao PT administrar melhor em 2015".


Rejane Dias retorna ao secretariado de Wellington Dias desta vez na Educação (Foto: Wilson Filho/Cidadeverde.com)

A partir de fevereiro, a Secretaria de Educação será comandada pela primeira-dama e deputada federal eleita Rejane Dias (PT). Mais bem votada entre os candidatos piauienses que tentaram uma vaga na Câmara Federal, ela retorna ao secretariado de Wellington Dias, do qual fez parte nas administrações petistas entre 2003 e 2010, desta vez com mais moral, reflexo dos mais de 134 mil votos obtidos em outubro. Sua prioridade no início da gestão já foi definida: evitar atraso no início do ano letivo. O sonho, porém, é outro: repetir na Seduc o mesmo sucesso que teve à frente da Secretaria Estadual para Inclusão da Pessoa com Deficiência.

O ex-deputado federal Nazareno Fonteles (PT) também fez parte de uma das administrações de Wellington Dias no Governo do Estado. Ex-secretário estadual de Saúde e um dos fundadores do partido, ele deu um tempo na política, mas garante que espera bastante da nova gestão petista. “Vejo o terceiro mandato do Wellington com muita esperança. Acho que ele continua como uma pessoa que procura sonhar alto para desenvolver o Piauí. Acredito que as pessoas que fazem isso sempre se comprometem a fazer mais”, disse o ex-parlamentar, cujo filho Rafael Fonteles será secretário de Fazenda.

Senadora admite que PT era inexperiente em 2003

Secretária de Administração nas primeiras gestões de Wellington Dias, Regina Sousa admite que faltou experiência ao PT em alguns aspectos. Mesmo assim, ela avalia como positivos os dois mandatos do petista entre 2003 e 2010.

"Na primeira vez que o PT governou o Piauí, todo mundo era muito novo e sem experiência. É claro que houve dificuldades. Mas, pela aprovação, não foi tão mal assim. Deixamos o Governo do Estado com bons indicadores. As pessoas dizem que o Piauí continua sendo um dos estados mais pobres do país. É claro que continua. Ele sempre foi um patinho feio. Mas já saímos do último lugar. Triplicamos o PIB. Nossa pretensão é subir mais. Para isso, apostamos em uma boa gestão da economia, por exemplo", assinala.

A partir de 2015, Regina Sousa contribuirá com o Estado de uma forma diferente. Com a eleição de Wellington Dias para o Governo do Estado, ela assumiu uma cadeira no Senado Federal. Embora o cargo não tenha caráter executivo, ela assegura que continuará trabalhando pelo Piauí.


Regina Sousa toma posse e se torna a primeira senadora da história do Piauí (Foto: Divulgação)

“Aproveitarei o recesso para construir meu cronograma em janeiro. Para isso, vou ouvir os movimentos sociais. Mas vou focar nos temas relacionados a direitos humanos, meio ambiente e educação, além da reforma política, que é um tema do PT”, se comprometeu a primeira senadora da história do Piauí.

"Reforma comportamental"

O início da terceira administração estadual petista no Piauí deveria sugerir maior interesse em se aproximar da sigla. O deputado federal Jesus Rodrigues pensa diferente. Insatisfeito com a postura do partido, ele já anunciou que vai deixar o PT assim que terminar o seu mandato na Câmara Federal.

Filiado há mais de 20 anos, Jesus Rodrigues justificou sua decisão de uma forma bem firme. “Vou ‘reideologizar’ a minha carreira Quando entrei no partido, era diferente do que é hoje. O PT se tornou igual aos outros. Quero buscar um partido que se identifique com minha ideologia”, argumento o parlamentar, que deve confirmar sua ida para o PSOL em fevereiro.

Parte da insatisfação de Jesus Rodrigues vem das constantes denúncias de corrupção contra o PT. A estratégia para encaixar aliados na nova administração petista também incomoda vários filiados. As escolhas do ex-deputado estadual Flávio Nogueira (PDT) e do deputado estadual Gessivaldo Isaías (PRB) como secretários de Turismo e Trabalho e Empreendedorismo, respectivamente, não foram perdoadas por alguns dos quadros da sigla, uma vez que tanto o pedetista quanto o republicanos fizeram parte da coligação liderada pelo ex-governador Zé Filho nas eleições de 2014.


Jesus Rodrigues deixa PT depois de mais de 20 anos (Foto: Divulgação)

Flávio Meireles
[email protected]

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