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Corpo do menino morto no RJ será trazido ao Piauí neste fim de semana

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Atualizada às 16h41

O Governo do Rio de Janeiro enviou nota ao Cidadeverde.com confirmando o translado do corpo do menino Eduardo de Jesus Ferreira, 10 anos, para o final da manhã deste domingo (5). O corpo sairá da capital fluminense por volta das 11h, mas não foi informado ainda o horário que chegará a Teresina, de onde seguirá para Corrente (874 km).

No final desta manhã, a diarista Terezinha Maria de Jesus, 40 anos, mãe do garoto morto no Complexo do Alemão, conversou com o Cidadeverde.com e ainda aguardava providências do governo do Rio de Janeiro para o translado do corpo do filho. Por determinação do governador Luiz Fernando Pezão, as despesas com o traslado e o sepultamento do corpo do menino Eduardo de Jesus Ferreira, assim como a viagem dos pais, serão arcadas pelo governo do estado.

O garoto será sepultado no município de Corrente (a 874 quilômetros de Teresina) neste final de semana.

Terezinha é piauiense e disse que virá para o estado acompanhada do marido e de uma vizinha com o corpo do filho. “Já está tudo certo, a qualquer momento vamos sair daqui para Teresina, onde uma funerária foi contratada para levar meu filho até Corrente. Estamos esperando o governo entrar em contato, ainda não sei a hora”, destacou a mãe, que ainda está sob efeito de remédios, após a morte de Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos na porta de casa, na última quinta-feira(02) após uma troca de tiros entre policiais e traficantes na comunidade Areal no Complexo do Alemão.

Parte da família: outras duas filhas de Terezinha, o genro e uma amiga deixam o Rio de Janeiro de ônibus até Brasília e de lá seguem para Corrente ainda nesta manhã. A diarista informou ainda que tem muitos parentes na cidade e que o cemitério já está contratado. 

O corpo de Eduardo foi liberado do IML por volta das 19h de ontem e está na Santa Casa aguardando o translado. 

“Meu filho não é bandido” 

Terezinha tinha outros quatro filhos já crescidos, Eduardo era o mais novo e o mais próximo da mãe. Ainda ontem(03), em um dos acessos ao Complexo do Alemão, em ato de desespero, ela ameaçou a se jogar na frente dos carros que passavam pela Estrada do Itararé, mas foi impedida pelo marido. Ele, com olhar perdido abraçava os repórteres suplicando por conforto. O relato é do repórter Caio Baretto Briso do Jornal O Globo. 

A diarista revelou que foi ameaçada por um policial militar quando se deparou com o filho morto na porta de casa. “Ele disse: já que matei o filho, posso matar a mãe também. Eu gritava que ele tinha acabado com a vida do meu filho e cheguei a agredi-lo. Eles atiraram menos de 10 metros e sabiam que era uma criança”, disse Terezinha chorando. Ela afirmou ainda que reconhece o policial que atirou contra seu filho.

Pais do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, que morreu ontem após ser baleado
Foto: Fábio Gonçalves/Agência O Dia/Estadão

A versão de que seu filho estaria armado com a pistola durante a ação foi negada por Terezinha. “Meu filho não é bandido. Ele não estava com arma. Ele tinha um celular na mão quando foi morto”.

Os tiroteios sucessivos entre PMs e traficantes vêm assustando a comunidade nos últimos três meses. Quatro pessoas morreram em 24 horas.

Natural do Piauí, Terezinha que mora há 16 anos no Rio de Janeiro disse que deixará a cidade após a morte do filho. “Eu não quero deixar um pedaço de mim nesse lugar. Tenho cinco filhos e não quero perder mais nenhum”, desabafou a doméstica.

Protesto dos moradores

Os moradores da comunidade Areal vestiram branco e com vela nas mãos saíram em protesto contra a violência que matou o garoto que gostava de estudar e tinha o sonho de ser bombeiro. 

“Meu filho era estudioso, nunca pegou em arma. Nossa família é boa, de pessoas direitas. Ou você acha que meu filho fosse bandido, os moradores teriam vestido branco e botado uma vela na mão para protestar contra a morte dele? Claro que não”, desabafa Terezinha. 

Governo do Rio 

Ela disse ainda que o governo do Rio de Janeiro só resolveu ajudar a família após ela ir para imprensa. “Eles queriam enterrar ele aqui. Se eu não tivesse botado a boca no mundo, ido em rádio, televisão era isso que ia acontecer. O secretário ainda fez corpo mole dizendo que era difícil transportar o corpo por 900 quilômetros e eu disse que nem que custasse um milhão era obrigação deles, porque meu filho está morto é por causa da polícia mal treinada deles”, revelou. 

Polícia Militar do Rio de Janeiro 

Policiais do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e da CPP, que estavam na ocorrência, já estão respondendo a um Inquérito Policial Militar (IPM). Eles foram afastados do policiamento nas ruas e tiveram suas armas recolhidas para a realização de exame balístico. A presidente Dilma emitiu nota pedindo apuração rigorosa para o caso.

 

 

Caroline Oliveira e Yala Sena
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