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Diretor relata situação de maternidade: "Fazemos parto de gestante sentada"

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Em visita dos deputados estaduais à Maternidade Dona Evangelina Rosa, o diretor técnico Joaquim Parente revelou que o problema da superlotação da maternidade vem se agravando porque os hospitais regionais do interior do Estado e as maternidades municipais não têm estrutura para atender os casos de baixa e média complexidade. A Maternidade teria condições de atender somente aos casos a que de alta complexidade, já que é a única referência estadual em alta complexidade, caso os regionais funcionassem melhor, de acordo com o diretor.

Ele contou que, eventualmente, profissionais da maternidade têm que “fazer partos de gestantes sentadas porque não há leitos disponíveis”. E considerou os funcionários como heróis por conseguirem trabalhar em meio à superlotação.

“Temos cerca de 300 pacientes por mês na maternidade que vêm de outras cidades. Se os hospitais regionais atendessem como deveriam, receberíamos apenas umas 50 pacientes por mês. Se atendêssemos 100 até, não teríamos problemas com superlotação”, esclareceu Joaquim Parente. 

Ele explicou que a MDER recebe quase mil pacientes por mês, o que corresponde a 94% da sua capacidade total e que o ideal era que ocupasse apenas 85% da sua capacidade, cerca de 750 atendimentos. “Nesse mês de dezembro, teve um dia que estávamos com 25 pacientes em locais de pós-parto, porque não tínhamos uma enfermaria disponível para colocá-las”. A maternidade tem 223 leitos, dentre alas de enfermarias, centro cirúrgico e pós-parto.

Joaquim Parente disse ainda que a direção apresentou um plano para a Secretaria de Saúde do Estado, com um projeto que possa revitalizar o atendimento nos hospitais e maternidades regionais, para que eles possam melhor atender às demandas que lhes são direcionadas. “Entregamos um relatório com uma proposta de intervenção para atenuar o problema”. Segundo a maternidade, o plano está em processo de elaboração conjunta com participação da Secretaria Estadual de Saúde, Apoiadoras do Ministério da Saúde, Secretários Municipais de Saúde da Região Entre Rios.

Mortes maternas

De acordo com os dados apresentados pela direção, em 2010 morreram 29 mães, em 2011 foram 22, em 2012, foram 29. Já em 2013, o registro foi de 24 óbitos, em 2014, de 17 e em 2015, até dia 22 de dezembro, foram 19 óbitos, Isto corresponde a um aumento de 11,7%.

Para o diretor técnico, a situação está sendo agravada também pelo aumento da população, ou seja o aumento de nascimentos. A falta de recursos que a maternidade recebe para manutenção dos serviços também é aquém da necessidade.

“Além disso, a necessidade de atender mais gestantes que deveriam ser atendidas na atenção básica, faz com que o problema da superlotação se agrave”, explicou o diretor. 

O deputado Dr. Hélio Oliveira (PTC) acredita que os hospitais regionais não conseguirão atender a toda a demanda de pacientes mesmo que sejam melhor estruturados e recebam mais recursos e que sempre vai haver grande atendimento na Evangelina Rosa. “Precisamos também realizar mais concursos para neonatologistas, porque a demanda sempre vai ser alta”, declarou.

Estavam presentes também os deputados Evaldo Gomes (PTC), Flora Izabel (PT), João de Deus (PT), Dr. Pessoa (PSD) e Rubem Martins (PSB).

Morte de bebês

Em 2015, até novembro, a Maternidade registrou 529 mortes de bebês, dentre óbitos fetais e infantis, o segundo após 12 dias do nascimentos. Em 2014, o número de morte de bebês foi maior, 620 no total.

Mesmo com a diminuição de morte de bebês, a problemática da superlotação continua na Maternidade. A situação é de que cerca de 80 a 85% dos partos são considerados de baixo e médio risco e podem ser atendidos pela atenção básica, e apenas de 15 a 20% dos casos são de alta complexidade, que deveriam chegar à MDER. 

Não é isso que acontece, segundo Joaquim Parente. “Na realidade a gente acaba recebendo outros casos, mesmo devendo atender somente os casos de alto risco, porque os hospitais não tem condições de realizar os procedimentos e encaminham até nós”.

Orçamento 

O deputado Evaldo Gomes, depois de questionar várias vezes sobre o orçamento da Maternidade, alertou que os valores pareciam estar sendo ocultados dos deputados pela direção. 

Somente depois da insistência do parlamentar, o diretor geral José Araújo Brito apresentou que o hospital recebe um custeio de R$ 1,1 milhão por mês do SUS, explicando que sempre solicita R$ 1,5 milhão e nunca é atendido. "Só nesse mês de dezembro agora é que fomos atendidos e vamos receber R$ 1,7 milhão", afirmou o gestor.

Da Rede Cegonha, que é um programa do governo federal, são repassados cerca de R$ 650 mil/mês e da Secretaria de Saúde, recebe cerca de R$ 540 mil.

Os recursos são considerados insuficentes tanto pela direção da Evangelina Rosa como pelos deputados.

Atualizada às 14h50 (horário local)

Lyza Freitas
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