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Festival de Berlim: filme provoca discussão sobre aborto

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Temas que geram debates acalorados em qualquer parte do mundo - aborto, descoberta da sexualidade e guerras coloniais - entraram na pauta do 66º Festival de Berlim neste domingo, quarto dia da competição pelo Urso de Ouro. Embora pouco ousado, do ponto de vista da forma, o alemão "24 wochen" (em tradução literal: "24 semanas"), de Anne Zohra Berrached, levou vantagem no "palmômetro" sobre os demais concorrentes do dia pela coragem ao retratar o drama íntimo de um casal que espera um filho que nascerá com graves distúrbios genéticos.

Grávida do segundo filho, a comediante Astrid (Julia Jentsch, vencedora do Urso de Prata de melhor atriz em 2005 com "Uma mulher contra Hitler") descobre que o bebê é portador da síndrome de Down. Depois de hesitar, ela e Markus, seu parceiro e agente, decidem ter a criança. Novos testes revelam, já no sexto mês de gravidez, que a extensão do problema é mais grave, colocando-os diante do dilema moral de interromper ou não a gestação - a lei alemã permite o aborto de um bebê doente ou deficiente até poucas semanas antes do parto.

- Não é um filme contra ou a favor do aborto, mas um retrato de uma situação em que tomar uma decisão difícil é a única opção - alegou a diretora.

Em "Quand on 17 ans", do francês André Téchiné, o problema em família é de outra ordem. A trama gira em torno do adolescente Damien (Kacey Mottet Klein), constantemente hostilizado por Tom (Alexis Loret), colega de colégio, por causa de seu comportamento andrógino. Quando uma crise de saúde obriga Tom a passar uma temporada na casa dos pais de Damien, descobre-se que a tensão entre os dois tem origem em desejos reprimidos. Aqui, o veterano realizador retoma o universo juvenil de "Rosas selvagens" (1994), que lhe rendeu quatro prêmios César, incluindo o de melhor filme.

- Os garotos desconhecem a origem da animosidade. Talvez seja porque Tom leva uma vida dura como filho de fazendeiros, e Damien é mimado pela mãe, uma médica. A diferença de estilo de vida tende a separá-los, a não entender um ao outro - explicou Téchiné.

Já "Cartas da guerra", do português Ivo Ferreira, é ambientado durante a Guerra de Independência da Angola (1961-1974) e narrado sob a perspectiva do escritor António Lobo Antunes, que serviu como médico no conflito. Enquanto move-se entre um posto e outro no território angolano, o oficial escreve cartas íntimas para a mulher, que espera o primeiro bebê. Em seus relatos ficam evidentes sentimentos de saudade, amor e revolta diante dos horrores da guerra. O roteiro foi inspirado no livro "D'este viver aqui neste papel descripto", em que as filhas do escritor português reuniram os textos que o pai escreveu naquele período.

- É o agonizar de uma guerra estúpida, absurda, que os próprios portugueses não compreendem - descreveu o diretor.

Fonte: O Globo

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