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Favoritos para presidência da Câmara ainda não oficializaram candidaturas

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Considerados favoritos na acirrada disputa pela presidência da Câmara, os deputados Rogério Rosso (PSD-DF) e Rodrigo Maia (DEM-RJ) ainda não se lançaram oficialmente na corrida pela sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Antes de expor as candidaturas nos carpetes verdes da Câmara, os dois parlamentares da base aliada de Michel Temer travam, nos bastidores, uma intensa batalha por votos e pelo apoio oficial do Palácio do Planalto.

A corrida pela presidência, que estava limitada a conversas de bastidores nas últimas semanas, foi deflagrada oficialmente quando Cunha renunciou ao comando da casa legislativa na última quinta-feira (7).

Como enxadristas, Rosso e Maia aguardam o momento certo para se movimentar oficialmente na disputa eleitoral. A precaução para entrar na concorrida pelo comando da Câmara é uma tentativa de evitar o desgaste público antes de fecharem as alianças.

Líder do PSD na Câmara, Rosso é aliado próximo de Eduardo Cunha e um dos nomes mais influentes do chamado "Centrão", bloco que reúne os partidos de centro-direita da Casa. O parlamentar do Distrito Federal presidiu, na Câmara, a comissão especial do impeachment que analisou o afastamento de Dilma Rousseff.

A postura de Rosso no comando da comissão do impeachment chamou a atenção do governo Temer. Atualmente, o líder do PSD é o deputado que tem a maior simpatia dos integrantes do Planalto, ainda que, oficialmente, o palácio esteja evitando demonstrar preferência por qualquer um dos candidatos para evitar um racha na base aliada.

Outro ponto a favor de Rosso, na visão do governo, é o fato de que ele ele tem “bom trânsito” entre as principais lideranças da Câmara e tem “baixo índice de rejeição”, além de não ter a imagem ligada “aos velhos caciques” do Congresso Nacional. O deputado do PSD chegou a comandar o Distrito Federal, em 2010, em um mandato tampão quando o então governador José Roberto Arruda (PR-DF) foi preso e afastado do Palácio do Buriti.

O líder do PSD quer anunciar oficialmente que vai concorrer ao comando da Câmara na véspera da votação. Para ter chances de se eleger para o mandato tampão de presidente da Câmara até fevereiro, o deputado do PSD terá de superar a concorrência do grande número de deputados governistas que se lançaram na corrida eleitoral mesmo sem apoio de seus partidos. Mapeamento do Palácio do Planalto identificou que até 12 integrantes de partidos alinhados ao governo pretendem concorrer à sucessão de Cunha.

Outro desafio de Rosso é contornar a desconfiança das legendas da antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) com as siglas do "Centrão", estreitamente identificadas como aliadas de Eduardo unha. Correndo por fora na disputa pela presidência da Câmara, Rodrigo Maia tem buscado o apoio de diferentes partidos, inclusive da atual oposição, para se lançar oficialmente como candidato. Filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), Rodrigo integra um bloco informal dos chamados governistas independentes. Além do DEM, fazem parte do grupo o PSDB, PSB e PPS.

No início da gestão Temer, Rodrigo Maia foi cogitado para a liderança do governo na Câmara, mas, no final das contas, acabou preterido pelo líder do PSC, André Moura (SE). Integrante da "tropa de choque" de Eduardo Cunha, o deputado sergipano foi imposto pelo "Centrão" para o posto. Deixando as diferenças ideológicas e políticas de lado temporariamente, Rodrigo Maia tem admitido a aliados que buscará votos até mesmo de antigos desafetos, como PT, PSOL e PC do B. Nas fileiras oposicionistas, o aceno do deputado do DEM é correspondido. 

Em busca de um nome com força suficiente para tentar derrotar o candidato do "Centrão" indicado por Cunha, petistas e aliados sinalizam que podem votar em Rodrigo Maia. Deputados petistas ouvidos em condição de anonimato admitiram que o partido será coadjuvante na disputa e que não terá um candidato próprio. A tendência, segundo relatos desses parlamentares, é que o partido – dono da segunda maior bancada da Câmara – dará apoio a um nome que tenha condições de ir ao segundo turno.

Líder do DEM e histórico desafeto do PT, o deputado Pauderney Avelino (AM) afirmou nesta sexta (8) que não descarta o apoio da oposição para vitaminar a candidatura de Rodrigo Maia. Tanto Rosso quanto Rodrigo Maia terão até o dia da eleição para registrarem oficialmente suas candidaturas. A queda de braço entre o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), e líderes do "Centrão" deixou indefinida a data da votação.

Candidaturas confirmadas
Até a manhã deste domingo, seis deputados já haviam formalizado a participação na eleição prevista para acontecer nesta semana. Veja quem são:
–  Fausto Pinato (PP-SP): advogado, tem 39 anos e está em seu primeiro mandato. Chegou a ser eleito relator do processo contra Cunha no Conselho de Ética, mas foi substituído.
Carlos Gaguim (PTN-TO): administrador, tem 55 anos e também está no primeiro mandato. Foi vereador e deputado estadual no Tocantins. Governou o estado após a cassação do então governador Marcelo Miranda e do vice Paulo Sidnei pelo TSE, em 2009.
Carlos Manato (SD-ES): médico, tem 58 anos e está no quarto mandato na Câmara. É o atual corregedor da Casa e já ocupou cargos de suplente na Mesa Diretora.
Marcelo Castro (PMDB-PI): médico, 66 anos, foi ministro da Saúde do governo da presidente afastada, Dilma Rousseff. Como deputado, está no quinto mandato.
Fábio Ramalho (PMDB-MG): empresário, está no terceiro mandato consecutivo na Câmara. Ele já foi prefeito do município de Malacacheta (MG), entre 1997 e 2004.
Heráclito Fortes (PSB-PI): funcionário público, exerce o quinto mandato na Câmara. Ex-integrante do DEM, foi um dos principais opositores do governo Lula no Senado. Já comandou a prefeitura de Teresina.

Além deles, dois deputados anunciaram que irão concorrer mas ainda não oficializaram candidatura: a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do delator do mensalão Roberto Jefferson, e Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara.

Articulações no fim de semana
As negociações em torno da disputa pelo comando da Câmara dos Deputados se intensificaram neste sábado (9). Em Brasília, líderes partidários, potenciais candidatos e emissários de Temer passaram o dia em conversas na tentativa de definir os nomes que concorrerão no pleito.

Entre os auxiliares de Temer, a ordem oficial é para ninguém do governo interferir, publicamente, no processo de eleição do novo presidente da Câmara para evitar fissuras incontornáveis entre os partidos aliados.

De qualquer forma, os ministros palacianos Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) estão acompanhando com lupas as movimentações dentro da base aliada.

Assessores de Temer admitem, sob a condição de anonimato, que “ninguém pode ser ingênuo de achar que o governo não está se movimentando".
Conforme relatos, Temer não tem um preferido para suceder Cunha, mas auxiliares dele veem “com simpatia” alguns possíveis candidatos. Entre eles, estão Rogério Rosso e José Carlos Aleluia (DEM-BA).

O dilema de Temer
Mantidas as previsões de a eleição do novo presidente da Câmara ocorrer na terça (12), como defendem os líderes partidários, assessores do Planalto dizem que o governo tem até a noite desta segunda (11) para definir quem irá apoiar. “Mas não esperem um anúncio oficial. Isso não vai ocorrer”, disse um assessor do governo.

“O que se pode esperar é, após a confirmação do eleito, um movimento do Planalto de procurar o novo presidente e sugerir que os trabalhos sejam feitos em conjunto e em harmonia”, acrescentou o integrante da equipe de Temer. Nas últimas semanas, uma romaria de deputados passou a procurar Temer no Palácio do Planalto para pedir a bênção do peemedebista para uma eventual candidatura à presidência da Câmara.

O movimento, que demonstra inicialmente a ascendência do presidente em exercício sobre sua base aliada, também o coloca em uma situação delicada. Um gesto mal interpretado ou uma ação atribulada e açodada podem gerar ressentimentos em parlamentares e partidos aliados, comprometendo a atual coesão da base.

Com vasta experiência do funcionamento da Câmara dos Deputados, Temer tem consciência de que sua postura, neste momento, pode manter a harmonia na base governista ou pode deflagrar um racha com consequências imprevisíveis. O episódio da eleição do próprio Eduardo Cunha para a presidência da Câmara, no qual atrapalhados articuladores políticos da presidente Dilma Rousseff abriram uma guerra com o PMDB e com os partidos do "Centrão" para tentar eleger o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), transformou praticamente em pó a base aliada da petista. Segundo relatos de integrantes do palácio, o presidente em exercício tem respondido a todos os deputados que o procuram que eles devem conseguir, antes de mais nada, o apoio de seus partidos para então buscarem a bênção do governo.

Temer, de acordo com assessores, passará o fim de semana “atento” às movimentações na Câmara dos Deputados, mas não pretende interferir diretamente no processo. A expectativa é de que, até o momento da votação, parte significativa dos atuais 12 pré-candidatos governistas abandonem a disputa. Há uma avaliação no Palácio do Planalto de que alguns dos mais de dez possíveis candidatos à presidência da Câmara só colocaram o nome da disputa para pressionar o governo e tentar conseguir, por exemplo, obter cargos no Executivo federal. "Temer tem uma larga experiência política e muito dessa experiência foi construída na Câmara. Ele sabe como funciona a Casa. Quando os deputados decidem, a Câmara segue um curso próprio. Se o governo tentar interferir no processo interno de disputas, pode sair enfraquecido", avaliou ao G1 um interlocutor do presidente em exercício.

Fonte: G1 Brasília

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