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Família quer corpos de assaltantes que teriam sidos mortos em roubo ao BB de Curimatá

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A família de três homens que teriam participado do assalto ao Banco do Brasil de Curimatá [a 775km de Teresina] entrará com uma ação contra o Estado do Piauí por conta da ausência de informações sobre os suspeitos. O crime aconteceu no mês de maio em uma ação violenta na qual cinco homens foram mortos em troca de tiros com a polícia. Para o delegado que investigou o crime, a suspeita é que eles tenham morrido no mato ou estejam foragidos.

O crime aconteceu na madrugada do dia 05 de maio quando um bando fortemente armado explodiu a agência do Banco do Brasil no centro da cidade. Na ação, houve intensa troca de tiros com a polícia, com moradores da região sendo usados como "escudo humano" e liberados na estrada.

Policiais Militares do Piauí, da Bahia e de Pernambuco participaram das buscas aos suspeitos, que foram interceptados na região do município de Morro Cabeça no Tempo. Depois de nova troca de tiros, cinco deles acabaram sendo mortos. Eles foram identificados como  Anaxandro Pereira Matias (Bahia), Edvan José dos Santos "Van Van Araquan", Edenilton Aquino do Nascimento "Patrão", Denilton Araquan" (Bahia), Everton Diego Moreira "Tom, Cego, Ceguinho" e Cícero Augusto Freire Rodrigues (Pernambuco).

Desaparecidos
Outros três suspeitos conseguiram escapar e se esconderam na mata. Eles são Josenilton Gomes de Sá, Leandro Granja Pereira e Cicero Henrique Moreira Lacerda. Segundo a polícia, nunca foram localizados, o que acabou gerando um grande desconforto para a família, que desde então nunca recebeu notícias e, como não foram encontrados corpos, não podem ao menos entrar com pedido de benefícios sociais. 

“As mulheres deles foram ao Piauí e foram destratadas e coagidas pela polícia. Elas só queriam informações, qualquer coisa. Mandaram elas voltarem. Disseram para elas se afastarem das fazendas de Morro Cabeça no Tempo. Elas voltaram morrendo de medo. Um deles tem 4 filhos pequenos. Estão tentando aposentadoria e não conseguem porque não encontraram o corpo. Sabemos que fizeram uma coisa errada, mas a família não precisa pagar por isso”, conta Rogério Carlos Gomes, o Rogerio “Araquan”, representante dos familiares.

Segundo Rogério, os corpos dos cinco mortos já foram recambiados para as famílias, mas os dos três não se têm notícia, o que levou os familiares a acreditarem que a polícia estaria ocultando informações. “Se estivessem vivos, certamente teriam entrado em contato com a família”, declara.


Armas e dinheiro apreendidos pela polícia na época do assalto
 

Mortos ou foragidos
O delegado Genival Vilela, do Greco - Grupo de Repressão ao Crime Organizado -, acompanhou as investigações na época do crime e explica que apenas cinco suspeitos foram confirmados como mortos após o assalto, lembrando que ainda soube de informações dos outros três. 

“Na época conseguimos informação de moradores que encontraram eles na mata. Eles [os suspeitos] estavam com muita fome e tomaram bastante leite. Um morador disse que quando encontrou com eles, perguntaram por algumas pessoas. Descreveram comparsas e os moradores diziam que tinham morrido”, explica.

Para o delegado, como os suspeitos estavam muito debilitados e estavam em um local de mata fechada, dificulta que alguém encontre os corpos, caso tenham morrido. “Há uma grande possibilidade de terem morrido na mata, pois estavam debilitados e um deles ferido. Não descartamos essa possibilidade, ainda mais porque imaginei que iam voltar para os familiares”, afirma Vilela.

Denúncia 
A esposa de Leandro Granja, Jaqueline Pires, alega que foi pessoalmente buscar informações sobre o marido na cidade de Avelino Lopes e afirma que foi coagida e humilhada pela polícia. Ela afirma ainda que na fazenda onde os suspeitos foram vistos pela última vez, ninguém fala sobre o caso depois de uma suposta ameaça da polícia. “A gente andou na fazenda do Doca, esse que deu leite a ales. O Doca disse que os meninos saíram e foram para outra fazenda, mas a polícia de Curimatá silenciou tudo”, destaca. 

Para ela, os três suspeitos foram executados e enterrados no mato, algo que estaria sendo omitido pela polícia. “A gente sabe que eles erraram e a gente precisa saber onde eles estão. Ninguém quer dizer se eles estão vivos ou mortos. O que a gente quer é que digam onde mataram esses meninos. Eu não sei mais o que dizer para o meu filho que pergunta pelo pai”, lamenta.

A mulher denuncia ainda que, durante as buscas da polícia aos suspeitos, ela e outras mulheres recebiam áudios da polícia com ameaças e humilhação. 

Processo
Diante do mistério, o representante da família, que é de Belém de São Francisco, em Pernambuco, alega que está buscando ajuda do Ministério Público local, com uma audiência marcada para esta quarta-feira (19) para tentar buscar uma solução. “Vamos entrar com processo contra o Estado para que mostrem a realidade da coisa. Não é justo a família passar por isso”, finaliza Rogerio Araquan.

Família Araquan x Benvindo
Boa parte dos suspeitos envolvidos no assalto são integrantes da mesma família, o grupo dos Araquan, que há vários anos vivia em conflitos com o clã dos Benvindo no sertão pernambucano. As disputas deixaram rastros de sangue na região por vários anos com o envolvimento de alguns membros com ações criminosas, incluindo acordos com o Comando Vermelho, e negociatas políticas com assassinatos.

Hoje, depois da morte de alguns líderes dos grupos rivais pela polícia, eles selaram a paz. Entretanto, alguns descendentes acabaram se envolvendo em atividades criminosas, enquanto outros focaram na política e em ações em prol da comunidade. 

Diego Iglesias
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