Cidadeverde.com

Mãe faz memorial após receber carta de filho morto

Imprimir

O pequeno Pedro Augusto partiu quando tinha apenas 9 anos de idade. Após resistir por 11 meses, ele perdeu a luta para uma aplasia medular. A doença veio de forma tão agressiva que em menos de um mês, a médula óssea dele parou. Aos familiares restaram saudades. Para a mãe Amanda Torres Nunes, este é o primeiro Dia de Finados sem o filho e foi diante da dor que ela resolveu transformar o quarto de Pedro em um memorial após receber uma carta do filho psicografada.

"A carta psicografada está guardada comigo e tem escrita muitas coisas que só eu e ele sabíamos. Nela, meu filho revelou o desejo de que eu doasse todos os seus brinquedos. A fé não depende de querer; É uma questão do que você pode e quer acreditar. Eu acredito. Essa carta me consola e a mensagem dele me conforta", disse emocionada a mãe de Pedro.

Os brinquedos do garoto foram doados para o lar Maria João de Deus, na Vila Operária, zona Norte de Teresina. A mãe relembra que, antes de adoecer, Pedro Augusto fez aniversário e havia decidido juntar os  brinquedos antigos para doação. Infelizmente, o garoto não teve tempo de entregá-los pessoalmente. 

"Quando ele tava na UTI decidiu que todos os brinquedos seriam doados. Agora, recebi essa mensagem dele dizendo que queria que todos os brinquedos fossem doados para esse lar na Vila Operária, um local onde ele já tinha ido e feito outras doações. Antes de adoecer, ele fez aniversário e tinha juntado vários brinquedos em uma caixa. Meu filho disse que ia dar porque ia ganhar brinquedos novos. Logo após a festa, ele adoeceu, não deu tempo da gente fazer essa doação. Na carta, ele pediu para eu doar os brinquedos para que os amigos dele ficassem tão felizes como ele foi", desabafa a biomédica.

Sobre o memorial, ela conta que há apenas objetos simbólicos como uma coleção de miniaturas do mcqueen, o primeiro boneco, o primeiro sapatinho e os quadros pintados por Pedro. 

"A memória dele está materializada. No início, ainda pensei em me mudar, mas resolvi ficar lá...Meu filho nasceu e se criou naquela casa. Resolvi pensar desta forma e fiz esse memorial, um local só nosso. Contudo, quem quiser visitar o local, teremos prazer em receber. Para mim, ele continua vivo de todas as formas que se possa imaginar", conta a mãe.


Dia de Finados

Na manhã desta quarta-feira (02), Amanda Torres visitou o túmulo do filho no cemitério Jardim da Ressurreição, na Zona Sudeste de Teresina. Entre lágrimas, ela conta que foi ao local por ser um dia simbólico, uma vez que continua acreditando que o filho 'permanece vivo'. 

Fotos: Thiago Amaral/Cidadeverde.com

"É estranho dizer, mas confesso que não gosto de vir ao cemitério. Para mim, ele não está aqui (cemitério). Consegui aceitar tudo o que aconteceu como sendo uma missão que ele cumpriu e teve que partir. O dia de hoje é um dia triste em que a gente lembra mais, que dói mais. Tento me concentrar e pensar: o cemitério é só um lugar simbólico que a gente vem prestar homenagens. Meu filho está no meu dia a dia, quando eu acordo, quando eu durmo. O dia de hoje não é mais um dia comum, como era antes, nem posso dizer que é um dia bom, mas o Dia de Finados não cabe para o meu filho. Ele não é finado", disse Amanda. 

Pedro Augusto morreu à espera de um transplante de medula óssea e  em março deste ano. na luta pela vida do garoto, familiares ainda tentaram tratamento em São Paulo.

"Ele era muito saudável e de repente apareceu essa doença. Foram 11 meses em São Paulo tentando um transplante de medula. O Pedro resistiu muito...os pacientes com a mesma doença vivem cerca de quatro ou cinco meses. Ele era muito forte e sempre estava alegre", finaliza a mãe apontando para a lápide da sepultura com a foto do filho no hospital. 


Graciane Sousa 
[email protected] 

Você pode receber direto no seu WhatsApp as principais notícias do CidadeVerde.com
Siga nas redes sociais