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Fraude em concursos pode ter iniciado há mais de uma década, suspeita Greco

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Delegados Carlos César Camelo, Riedel Batista e Kleydson Ferreira

A descoberta de pelo menos três fraudes em concursos marcou o ano de 2016. Com mais evidências e riquezas de provas, essa descoberta ainda pode respingar em certames realizados há mais de uma década e complicar a vida de servidores públicos que conseguiram chegar ao sonhado emprego estável cometendo um crime. 

Apesar de já ter entregue à Justiça dois inquéritos, o Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) finaliza um terceiro e pode investigar mais. 

“Temos provas de que muitos concursos foram fraudados de 13 anos para cá”, revelou o coordenador do Greco, delegado Carlos César Camelo, depois de prender o advogado Evilásio Rodrigues, nas três operações contra as fraudes.  “Ele não era um dos líderes, mas tem seu percentual de culpa. O cabeça é o Cristian Santiago que tem possui muitas pessoas que trabalham com ele há vários anos”, explicou. 

No concurso do Corpo de Bombeiros foram indiciadas 72 pessoas, sendo que dez continuam presas e seis ainda estão foragidas: Cristian Alcântara Santiago, Josué Odesto Brito, Evelyn Mariane Oliveira, Bruno Carvalho, Joselito Batista Alves e Ítalo César. 

As investigações apontaram que o grupo criminoso era bem articulado e contou, inclusive, com a participação de fiscais do certame, que eram responsáveis por vazar as provas para os demais membros da organização. Já o gabarito era repassado por outros integrantes da quadrilha por meio de mensagens via celular. 

De acordo o delegado Carlos César Camelo, uma das fiscais já ouvidas informou que neste concurso ela tirou fotos das provas e teria repassado, via whatsapp, para o advogado Evilásio que distribuía para os “pilotos” responderem e repassarem o gabarito para os candidatos que estavam com o celular em ponto estratégico para visualizarem.

“É um crime sério que deturpa todo um sistema idôneo que é o concurso público e vamos responsabilizar todos os envolvidos”, destacou o delegado. 

Como recebiam o dinheiro

A quadrilha cobra dez vezes o valor que o cargo pagará e é recebido até três meses depois da nomeação. “Eles esperam a pessoa ter autorização para fazer um empréstimo consignado e pegam o valor acordado e entrega para eles. Se o salário é de R$ 3 mil, o empréstimo será de R$ 30 mil que será o valor repassado e quando alguém não paga, eles ameaçam de morte”, declarou Carlos César. 

Ele disse ainda que as investigações continuam e que deverá entregar à Justiça os nomes de todos os aprovados em concursos que já são servidores públicos e que caberá a ela julgar se serão demitidos ou não, juntamente com o poder executivo. 

“A metodologia de investigação que está sendo feita vai detectar todas as fraudes realizadas em concursos nos últimos anos. Onde está surgindo indícios, não vou dizer que são todos, mas se realmente as fraudes ocorreram elas serão descobertas. Deve ter muita gente preocupada ai, que está numa situação esperando que a polícia não descubra, mas vamos descobrir”, finaliza. 

Os maiores inquéritos da Polícia Civil dos últimos anos tratam foram sobre fraudes em concurso: o primeiro foi o da fraude do Corpo de Bombeiros e o segundo do concurso do Tribunal de Justiça. Em ambos os casos, os inquéritos jáestão na Justiça, mas há ainda um terceiro em andamento: o concurso para Agente Penitenciário da Secretaria de Justiça do Estado. 

Sobre o concurso da Sejus

O delegado Kleydson Ferreira destacou que o inquérito do concurso de Agente Penitenciário foi desmembrado em cinco, já que foram prisões em flagrantes e que dois já foram concluídos, mas que ainda tem três em andamento. 

Ao Cidadeverde.com, o secretário de Justiça Daniel Oliveira disse que recebeu um relatório do Greco e repassou à Procuradoria Geral do Estado (PGE) para analisar se vai anular ou não o concurso. 


 

Caroline Oliveira
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