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Perfil de prefeito chama moradora de 'problemática'

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Uma vendedora que há três meses tenta matricular o filho em uma creche em Barretos (SP) diz que foi ofendida em uma mensagem supostamente escrita pelo prefeito Guilherme Ávila (PSDB) no Facebook. No texto, que parece ter sido encaminhado por engano, a moradora é chamada de "problemática".

Karine Nishisaki, de 20 anos, contou que a polêmica teve início nesta segunda-feira (6), após fazer um comentário em uma postagem na página do prefeito na rede social, sobre investimentos na educação. Ávila dizia que a rede municipal atende 100% da demanda do ensino infantil.

A mulher afirmou, porém, que desde dezembro tenta matricular o filho de 1 ano em uma das creches da cidade, mas sempre recebe como resposta que não há vagas disponíveis. Ela cobrou do prefeito uma solução para o impasse.

“Eu não tenho condições de pagar aluguel, água, luz, comprar o leite especial para o meu filho, porque ele é alérgico, e ainda pagar uma pessoa para cuidar dele. Eu pago meus impostos, é direito do meu filho a ter uma vaga na creche”, disse a jovem.

Após o comentário, Karine recebeu uma mensagem pedindo os dados pessoais dela e do filho. A jovem enviou as informações por inbox e recebeu como resposta o seguinte texto: “Moça problemática. Acho melhor responder in box e pedir pra alguém da educação ligar pra ela. Se der corda, ela vai torrar na linha do tempo.”

A vendedora disse ter ficado surpresa com a resposta. “Acho que foi muito deselegante porque mostra o jeito que o prefeito e a equipe dele tratam os moradores de Barretos. Ficou claro que ele estava falando mal de mim para outra pessoa e, sem querer, acabou mandando a mensagem para mim.”

Assessora promete vaga
Irritada com a situação, Karine publicou o conteúdo da conversa em um grupo formado por moradores de Barretos no Facebook. A postagem viralizou e recebeu 198 comentários até a tarde de terça-feira (7), a maioria deles criticando a atitude do prefeito.

“Duas horas depois, me ligou um homem – não sei se é assessor do prefeito – dizendo que foi ele quem enviou a mensagem. Ele disse que o prefeito estava viajando e pediu para eu apagar a publicação no Facebook porque ele corria o risco de perder o emprego”, afirmou.

Diante da negativa, a vendedora disse que uma assessora do prefeito de Barretos ligou para ela em seguida. Karine disse que a funcionária prometeu uma vaga para o filho em uma creche, com a condição de que a publicação na rede social fosse apagada.

“Ela perguntou se eu apagaria a postagem, caso ela resolvesse o problema. Ela prometeu arrumar uma vaga para o meu filho e, em 15 minutos ligou de novo, dizendo que já havia arrumado a matrícula. Eu disse que queria a vaga, mas não apagaria o post”, afirmou.

Karine levou a documentação do filho na escola municipal nesta terça-feira. Ela disse que ficou espantada com a rapidez com que o problema foi resolvido, após a polêmica na internet, mas se sente decepcionada com a forma como foi tratada pela administração.

“Eu me senti ofendida, fiquei muito triste. Eu só fiz uma pergunta e ele [o prefeito] se ofereceu em me ajudar, pedindo os meus dados. O que eles fizeram é muito feio. O que aconteceu comigo, poderia ter acontecido com outra pessoa, é muita falta de respeito”, desabafou.

Mensagem por engano
Em nota, a assessoria da Prefeitura de Barretos afirmou que a postagem foi feita fora do contexto por um assessor que tinha a função de auxiliar na leitura e no encaminhamento das solicitações enviadas como mensagens privadas ao prefeito. O funcionário cometeu um engano na hora de alternar o login da página em questão com o perfil pessoal dele, onde o texto deveria ter sido postado. Se referia a uma questão pessoal, como resposta privada à pergunta de um amigo, mas o assessor fez questão de ligar para a moradora e se desculpar publicamente.

A assessoria ressaltou que a página é utilizada pela equipe de comunicação e que o responsável foi advertido e afastado da função.

O suposto autor da mensagem destinada à Karine chegou a publicar uma mensagem em um grupo no Facebook assumindo o erro e pedindo desculpas à moradora e ao prefeito, destacando que Ávila teve "a imagem prejudicada por alguém que deveria cuidar dela."

Sobre a vaga concedida ao filho de Karine, a prefeitura afirmou que a criança foi matriculada em uma instituição que não é a solicitada pela vendedora inicialmente. O nome do menino segue na lista de espera da escola escolhida pela mãe.

Fonte: G1

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