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'Se eu renuncio, é uma declaração de culpa', diz Temer em entrevista a jornal

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O presidente Michel Temer afirmou, em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo neste final de semana, no Palácio da Alvorada, que renunciar seria uma admissão de culpa e que não sabia que o empresário Joesley Batista estava sendo investigado quando se encontrou com ele. Na ocasião, o dono da JBS já era alvo de três operações.

— Não vou fazer isso (afastar-se voluntariamente), tanto mais que já contestei muito acentuadamente a gravação espetaculosa que foi feita. Tenho demonstrado com relativo sucesso que o que o empresário fez foi induzir uma conversa — disse ao jornal. 

Questionado sobre o teor da conversa com Joesley, Temer falou que não deu "a menor atenção" ao empresário quando ele mencionou liquidar pendências.

— Aliás, ele falou que tinha [comprado] dois juízes e um procurador. Conheço o Joesley de antes desse episódio. Sei que ele é um falastrão, uma pessoa que se jacta de eventuais influências. E logo depois ele diz que estava mentindo — complementou.

O presidente classificou o fato de o encontro com o empresário não estar na agenda oficial como um "hábito", e não uma falha. Disse, ainda, que não é um hábito ilegal, mas admitiu que precisará "tomar mais cuidado" daqui para a frente.

Temer, que desafiou os opositores com a frase "Se quiserem, me derrubem", afirmou ainda que a atitude do seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, flagrado correndo com uma mala de dinheiro, não foi "aprovável", mas que "(...) o Rodrigo certamente foi induzido, foi seduzido por ofertas mirabolantes e irreais".

Em uma clara defesa ao ex-assessor, o presidente afirmou que "ele é um homem, coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole. Eu o conheci como deputado, depois foi para o meu gabinete na Vice-Presidência, depois me acompanhou na Presidência, mas um homem de muito boa índole". Temer classificou, entretanto, sua relação com Loures apenas como "institucional".

Ao ser questionado sobre a atuação da Procuradoria-Geral da República (durante pronunciamento oficial, o presidente foi crítico em relação ao acordo de delação com Joesley), Temer indicou que não faria nenhuma observação, mas que "chamou a atenção de todos a tranquilidade com que ele [Joesley] saiu do país, quando muitos estão na prisão".

O presidente comentou, ainda, sobre a perda de apoio político:

— O PSB eu não perdi agora, foi antes, em razão da Previdência. No PPS, o Roberto Freire veio me explicar que tinha dificuldades. Eu agradeci, mas o Raul Jungmann, que é do PPS, está conosco.

Sobre o PSDB, que convive com visões antagônicas sobre a permanência no governo, Temer foi enfático ao dizer que a fidelidade do partido vai "até 31/12 de 2018".

Apesar disso, o presidente negou que tenha enfraquecido politicamente.

— Eu vou revelar força política precisamente ao longo dessas próximas semanas com a votação de matérias importantes — disse.

Após acusar o dono da JBS de diversos crimes, Temer apontou que sua única culpa, neste caso, é a ingenuidade.

— Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento — afirmou. 


Fonte: Zero Hora

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