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Operação da PF mira campanha de Fernando Haddad em 2012

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A Polícia Federal (PF) vai intimar o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) a prestar esclarecimentos sobre um suposto esquema de propina montado a fim de levantar fundos para a campanha à Prefeitura da capital paulista em 2012.

"Com certeza ele vai ser intimado para ser ouvido e dar sua versão sobre os fatos", garantiu nesta quinta-feira (1º) o delegado Rodrigo de Campos Costa, chefe do departamento regional de combate ao crime organizado da PF.

Segundo ele, ainda não é possível mensurar a participação do ex-prefeito ou sequer saber se ele tinha conhecimento da propina. "Nesse momento é complicado a gente atribuir responsabilidades. A investigação está em andamento. Diversas provas vão ser analisadas", afirmou.

De acordo com o delegado, o indiciamento de Haddad no processo é uma "possibilidade". "Agora, com a investigação, isso vai ficar a critério da autoridade policial que está investigando. Vai analisar as provas produzidas na fase sigilosa e agora na fase ostensiva", disse.

A operação que tem como alvo a campanha de Haddad foi batizada de Cifra Oculta e é um desmembramento da Lava Jato. A investigação começou em novembro de 2015, após o Supremo Tribunal Federal (STF) separar a delação premiada de executivos da empreiteira UTC.
 

Inquérito
O inquérito apura o pagamento, pela UTC, de dívidas contraídas pela chapa de Haddad (PT/PP/PSB e PCdoB) na corrida eleitoral de 2012. Os débitos, no valor de R$ 2,6 milhões, seriam referentes a serviços prestados pelas gráficas Souza & Souza, LWC Artes Gráficas, Axis e Cândido de Oliveira - todas ligadas ao ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza (PT), mais conhecido como Chicão.

Conforme a delação do acionista da UTC Ricardo Pessoa, tudo foi arquitetado pelo então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Segundo o empresário, foi ele quem entrou em contato com a empreiteira e solicitou uma ajuda de R$ 3 milhões. O valor foi negociado, acabou fixado em R$ 2,6 milhões, e a operacionalização do repasse ficou a cargo do doleiro Alberto Youssef.

As investigações mostram, por exemplo, que em 10 de junho de 2013 uma empreiteira de fachada de Youssef, chamada Rigidez, transferiu R$ 160 mil para a gráfica LWC, que tinha sede em Diadema, na Grande São Paulo, e pertencia à ex-mulher e a um irmão de Chicão.

Todas as gráficas investigadas foram alvos de mandados de busca e apreensão nesta quinta. A Souza & Souza, que fica no Belenzinho, Zona Leste da capital, é de propriedade da atual mulher de Chicão. Já a Axis, com sede em São Caetano do Sul, e a Cândido de Oliveira, também da Zona Leste, pertencem a um amigo e ao filho de um amigo do ex-deputado.
De acordo com a PF, na prestação de contas entregue pela campanha de Haddad ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) somente consta o pagamento a duas das gráficas investigadas, e o valor declarado oficialmente passa longe de chegar aos R$ 2,6 milhões: R$ 607 mil.

Os investigados podem responder pelos crimes de falsidade ideológica na prestação de contas à Justiça Eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de até 10 anos de prisão e multa.
 

Haddad se defende

Por meio de sua assessoria de imprensa, Haddad afirmou que a "gráfica citada, de propriedade do ex-deputado Francisco Carlos de Souza, prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE".

Segundo a nota divulgada pela equipe do ex-prefeito, a UTC também teve interesses contrariados na gestão do petista, o que seria um indício de que a empresa não tinha motivo algum para ajudá-lo no pagamento de dívidas.

Nota na íntegra
"Com relação a Operação Cifras Ocultas, deflagrada hoje de manhã pela Polícia Federal, o ex-prefeito Fernando Haddad, por sua assessoria, informa que a gráfica citada, de propriedade do ex-deputado Francisco Carlos de Souza, prestou apenas pequenos serviços devidamente pagos pela campanha e registrados no TRE.A UTC teve seus interesses contrariados no início da gestão Haddad na Prefeitura, com o cancelamento das obras do túnel da avenida Roberto Marinho, da qual fazia parte junto com outras empreiteiras igualmente envolvidas na Lava Jato. O executivo da UTC, Ricardo Pessoa, era dos mais inconformados com a decisão. O propalado repasse de R$ 2,6 milhões, se ocorreu, não tem nada a ver com a campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo em 2012, até porque seria contraditório uma empresa que teve seus interesses prejudicados pela administração, saldar uma dívida de campanha deste administrador".


Fonte: G1

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