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Amigos atropelados na zona Leste de Teresina desabafam: "vai ter que pagar"; motorista nega omissão

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Atualizada às 15h19

Um dos jovens atropelado há três dias na avenida Homero Castelo Branco, na zona Leste de Teresina, permanece internado em um hospital particular de Teresina. O momento após o acidente foi registrado por câmeras de celulares. Nas imagens é possível perceber que, com o impacto da colisão, os dois ficaram desacordados. O caso tem repercutido nas redes sociais e gerado revolta porque, supostamente, a condutora não prestou socorro aos amigos e teria se preocupado apenas com o prejuízo do carro. Em contato com o Cidadeverde.com, a motorista deu sua versão e garante ter tentado ajudar as vítimas e acionado o Samu e Polícia Militar.

"Tu é doida? Ei, ei, tu tá se queixando do carro? Tu é maluca, é?", questionou uma pessoa que tentava impedir que a condutora se evadisse do local. Por sua vez, a suposta condutora disse: "Chama quem quiser...eu vou pegar meu celular". 

O Cidadeverde.com entrou em contato com as vítimas do acidente. Trata-se do agente financeiro Guilherme Silva e do gerente administrativo Jefferson Castro. Eles contam que atravessavam a rua para ir embora quando foram surpreendidos pela motorista. O acidente ocorreu por volta das 3h30, da última quinta-feira (07). Já o vídeo vazou na internet neste sábado (09).

"Lembro da gente atravessando a rua e não vinha ninguém. De repente, um carro apareceu em alta velocidade. Não sei se invadiu o sinal...só que passou direto, entrou na contramão e nos atropelou", disse Jefferson Castro, que permanece internado à espera de resultados de exames médicos. Ele (que aparece no vídeo caído no meio da avenida) conta que está com o rosto bastante inchado e, provavelmente, será submetido a cirurgia. 

Já Guilherme Silva sofreu algumas escoriações e reclama de muitas dores. Ele está em casa e pretende registrar Boletim de Ocorrência ainda neste domingo (10). No vídeo, Guilherme aparece desacordado em cima da calçada de um restaurante. 

"Não me lembro de muita coisa, pois foi de repente. Todo mundo falou que ela vinha da contramão. Meu amigo ainda hoje está internado. O que mais revolta é que no vídeo ela ainda está preocupada é com o carro...nunca veio sequer atrás pra tentar ajudar. Ela vai ter que pagar, quase mata a gente", desabafa o jovem relatando ainda que teve o aparelho de celular furtado. 

As vítimas contaram também que já têm informações sobre a condutora do veículo, um Fiat Uno, que seria uma policial militar e ainda estaria sob efeito de bebida alcóolica. 

O Cidadeverde.com entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar do Piauí que informou desconhecer o vídeo e o suposto envolvimento de um membro da corporação. Já o comandante do Companhia de Policiamento Independente de Trânsito (Ciptran), major Iran Moura, conta que viu as imagens, mas que a ocorrência não foi atendida pela Ciptran, uma vez que as vítimas ficaram lesionadas.

Motorista garante que prestou socorro
Em contato com o Cidadeverde.com, a motorista que se envolveu no acidente na Homero Castelo Branco deu sua versão para o caso. Ela garantiu ter prestado socorro às vítimas. Rebeca Filha afirmou que o sinal estava verde para ela, que foi surpreendida com os dois jovens teriam atravessado a avenida correndo

Além da resposta ao Cidadeverde.com, Rebeca Filha enviou registros de seu telefone celular, com ligações feitas na madrugada de 7 de Setembro para o Samu (192) e a Polícia Militar (190), além de um dos números do Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Por sinal, ela afirmou que queria retornar ao seu carro e pegar o celular justamente para fazer os telefonemas. 

A condutora reforça que não pode ser considerada a única culpada pelo acidente, pois tem convicção de que o sinal estava fechado para os dois pedestres. Ela aguarda "que as vias legais mostrem se eu sou a única culpada pelo incidente, como estão noticiando veementemente".

Veja a resposta da motorista na íntegra:

Tendo em vista todos os acontecimentos veiculados desde o último sábado, nas redes sociais, venho através desta, dar a minha versão dos fatos. No último dia 07, QUARTA FEIRA e não sábado, por volta das 3h da manhã, quando eu estava cruzando a av. Homero no sinal em frente ao “Café Del Mar”, SINAL ABERTO PARA MIM E FECHADO PARA ELES QUE ESTAVAM NA ESQUINA DO MALTE, fui surpreendida por dois populares atravessando CORRENDO, inclusive um tentando pegar na mão do outro, freei o que pude, pois fiquei sem reflexo algum com o que surgira na minha frente, mesmo assim houve a colisão e eu prontamente estacionei logo em seguida, corri e fui direto ver o estado do que estava caído na faixa central, quando me aproximei e o vi no chão logo disse: preciso do meu celular, tenho que ligar para o SAMU, foi quando várias pessoas começaram a me circundar, empurrando, chutando e me chamando de tudo, eu apenas dizia que precisava ligar para o SAMU e para a polícia e tentava me desvencilhar de toda a hostilidade e agressão. Felizmente, algumas meninas e meninos me ajudaram, sem me conhecer, mas disseram que eu tinha o direito sim de pegar meu celular e de ligar e que eu não tinha fugido, não tinha me omitido de nada, foi então, que, com ajuda dessas pessoas, consegui entrar no carro, mas meu celular não estava lá, tinham revirado todo o interior do veículo, meus documentos jogados, minha carteira aberta e mexida, dinheiro meu levado e alguns outros pertences também revirados, ao me deparar com o fato eu disse: meu carro assim, eu preciso do meu celular, cadê? E, mais uma vez, aqueles que estavam me ajudando foram até o grupo dos meninos que estavam acidentados e conseguiram trazer meu celular, quando comecei a ligar para o SAMU insistentemente, inclusive depois, apenas para saber se a ambulância já estava próxima e pedindo brevidade. Também liguei para o 190 e uma viatura chegou antes da ambulância, momento em que a situação começou a ser contornada, em nenhum momento me evadi do local, em nenhum momento deixei de me identificar e dar meus dados para quem quer que estivesse ali, mesmo correndo o risco de ser agredida (como fui) e podendo me utilizar do direito de sair dali e pedir socorro em um local seguro. Quando o SAMU chegou ambos se recusaram a ir na ambulância, por várias vezes, até que um deles , por insistência dos próximos, acabou indo, tudo isso aos olhos dos próprios socorristas do SAMU e dos policiais que ali estavam. Só fui embora após o Samu e a viatura também irem. Só quero esclarecer que se houve erro da minha parte que seja comprovado então nas vias legais, até porque eu estar sendo taxada de ÙNICA CULPADA não é verídico, as plenas certezas que tenho são as de que o sinal estava aberto para mim, fechado para eles e que os mesmos  ATRAVESSARAM CORRENDO, ou seja, ELES CONCORRERAM PARA O OCORRIDO TAMBÉM. Portanto, que as vias legais mostrem se eu sou a única culpada pelo incidente, como estão noticiando veementemente, se eu me omiti (segue em anexo todas as ligações que fiz, inclusive de manha, já em casa: para o samu para saber do estado do que fora levado, mas me mandaram ligar pra a HUT, assim o fiz, e para o hut, onde me disseram que lá o mesmo não havia dado entrada) ou, ainda, se eu estava embriagada, tendo em vista que não há lugar nesta cidade que vá ter fotos ou comandas minha com bebidas, diferentemente dos dois vitimados, que estavam no “Café del mar”, cujas fotos, de ambos consumindo bebida alcoólicas, já tenho em mãos. Ademais, reafirmo que em nenhum momento me deixaram sequer chegar perto dos dois lesionados, mesmo eu querendo e pedindo, como vários lá presenciaram. Por fim, aos que falam „vai ter que pagar”, vôs respondo, quero mesmo que cada um pague pelas suas devidas atitudes, tendo em vista que somente eu estar sendo julgada por tudo, sobretudo por aqueles que não me conhecem, é a pior das sentenças.

PS: Agradeço a todos os que me ajudaram no momento, mesmo sem me conhecerem e ao médico que prestou socorro no local.

Obrigada pela atenção, Rebeca Filha.

Graciane Sousa e Fábio Lima
[email protected]

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