O poeta Francisco de Assis Silva, conhecido como Chiquinho Garra, foi expulso do antigo prédio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), na manhã desta sexta-feira (06). A ação envolveu equipes do 1º Batalhão de Polícia Militar e até mesmo do Bope.
O major Carlos Teixeira, comandante do 1º BPM, conta que a PM foi ao local após denúncias de que moradores de rua e usuários de drogas invadiram o prédio que, supostamente, também estaria servindo de esconderijo de produtos roubados.
"Tivemos informações que moradores de ruas e usuários de drogas estavam utilizando esse prédio e depredando o patrimônio público. Encontramos várias salas com aparelho de TV, som, ligações clandestinas de água e luz, vestígios de uso de drogas. Muitos das pessoas que estavam morando no prédio passariam o dia praticando roubos no centro e trazendo pra cá. Uma funcionária do patrimônio público da União já esteve aqui e disse que vai tomar as providências cabíveis", disse o major Teixeira.
Dos sete andares do antigo INPS, dois estariam sendo ocupados. A PM informou ainda que, em média, cinco pessoas moravam no local. Contudo, no momento da abordagem havia apenas o poeta.
O Cidadeverde.com teve acesso ao térreo do prédio e confirmou ligações clandestinas de energia, bem como material reciclado, tintas, uma rede e alimentos.
Poeta morava no prédio há cinco meses
Chiquinho Garra, 55 anos, contou ao Cidadeverde.com que morava no local há cinco meses após ter sido despejado de uma residência em Timon-MA. Ele- que também já foi candidato a vereador- conta que morava sozinho no prédio e que não é usuário de drogas.
"Eu atrasei o aluguel em Timon, fui despejado e fiquei sem lugar para morar. Aqui não tinha ninguém e entrei. Quando cheguei aqui estava cheio de lixo, limpei e até plantei onde era chão bruto. Confesso também que mandei ligar a energia...Sei que isso é errado", disse Chiquinho Garra que preparava o café da manhã no momento da abordagem policial.
O poeta sobrevive fazendo 'bicos' de reciclagem. Após ser retirado do prédio, ele disse: "vou morar na rua".
"O que a gente quer das pessoas é respeito e dignidade. Algumas pessoas pagam o almoço, me ajudam... a vida não é do jeito que a gente quer. Sou vítima da injustiça social, mas nem por isso vou usar drogas ", desabafou o poeta.
Além de um lugar para morar, Chiquinho Garra também tem outro sonho: publicar um livro. A publicação será intitulada de "Conexão Love II".
"Eu leio muito e me inspiro nos fatos que acontecem. Sou muito popular, mas cadê os amigos? Fiz um empréstimo para fazer meu livro, mas ainda falta R$ 1.200. Quem puder me ajudar... não vou me entregar", disse Chiquinho Garra, exibindo um recibo de pagamento de uma parcela referente aos serviços gráficos do livro.
Graciane Sousa
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