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Julgamento dos irmãos acusados de defender morte de gays no Piauí é suspenso

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Atualizada às 14h11

A audiência de Instrução e Julgamento dos irmãos Lucas Veríssimo de Sousa e Dijael Veríssimo de Sousa, acusados pelo crime de ameaça praticada contra a comunidade LGBTT(Lesbicas, Gays, Bissexuais e Travestis e Transgêneros) em 2014 e apologia ao nazismo, foi suspensa para o dia 28 de março de 2018. Os dois seriam integrantes do grupo Irmandade Homofóbica que prega o ódio contra os homossexuais. 

Iniciada na manhã desta segunda-feira (27), apenas a vítima, Marinalva Santana, e três testemunhas do Ministério Público chegaram a ser ouvidas. Ao todo, foram arroladas 27 testemunhas, sendo oito pelo Ministério Público e 19 pela defesa dos irmãos. 

De acordo com o promotor do caso, Assuero Stevenson Pereira Oliveira, a audiência foi suspensa, por volta das 13h de hoje, devido à ausência da maioria das testemunhas. Algumas deverão ser conduzidas coercitivamente para prestar esclarecimentos no próximo ano, que foi marcada para março devido à agenda lotada de pautas. 

O caso é julgado pela juíza Valdênia Moura Marques de Sá, titular da 9ª Vara Criminal. O advogado dos réus, Paulino Ribeiro Brandim, disse que só se pronunciará após a audiência. 

Ofensas

As ofensas foram praticadas na rede social Facebook. Três postagens são atribuídas aos irmãos. Em uma delas, a coordenadora do grupo Matizes, Marinalva Santana, é ameaçada de morte. Em outro post, os réus comemoram a morte de gays no Piauí

"A gente espera que a Justiça seja feita, porque no Brasil,  via de regra, crimes de ódio ficam impunes", disse Marinalva Santana que relembra que teve que mudar sua rotina após as ameaças.

Após receber a notícia do adiamento, Marinalva diz que o medo de sair nas ruas continua. "Eles estavam na audiência com aquele ar de intimidação. Eu só espero que a Justiça seja feita, que esse caso não seja como outros e tenha a impunidade como resultado". 

Pena pode chegar até  10 anos

Caso sejam condenados, os irmãos podem ficar até dez anos presos. O promotor de Justiça do caso, Assuero Stevenson Pereira Oliveira, ressalta que crimes de intolerância são inadmissíveis. 

"Nos dias de hoje, qualquer tipo de preconceito não é admissível. Cada pessoa tem sua vida e não compete ao outro julgar o comportamento. Isso é lamentável. Espero  que a lei seja cumprida, pois quem age contrário as leis deve sofrer as consequências",  disse o representante do MP. 

Os réus serão os últimos a serem ouvidos. Após o interrogatório, as partes têm dez dias para apresentarem recursos e só depois será dada a sentença

Emoção nos depoimentos

Marialva Santana chorou ao ser interrogada e diz que teve medo de ser assassinada. "Foram ameaças violentas e temi por minha vida....ameaçaram me matar em praça pública para servir de exemplo. Tive que mudar minha rotina, pois tive medo até mesmo porque no ano que isso ocorreu houve oito assassinatos com motivação homofóbica",  declarou a coordenadora do grupo Matizes.

Queriam um bode espiatório

O réu Lucas Veríssimo disse ao Cidadeverde.com que foi usado como "bode expiatório", expressão usada para definir uma pessoa sobre a qual recaem culpas alheias. O jovem disse ainda que não há provas ou testemunhas contra ele. 

"Só conheci a Marinalva depois de ser intimado. Não existem provas contra mim. Queriam um bode expiatório", disse Lucas que trabalha como técnico em Informática. 

Ao Cidadeverde.com, ele confirma que compartilhou uma publicação com ameaças a coordenadora do Matizes. Contudo, Lucas diz que "pensou que fosse uma brincadeira".

"Compartilhei o post porque pensei que era brincadeira. Pensei que a pessoa que postou era algum amigo dela [Marinalva], que estava fazendo um trote", alegou Lucas. 

 

Graciane Sousa e Carlienne Carpaso 
[email protected]

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