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Delegado sindical diz que falta material básico para cirurgia no HU

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Os empregados públicos do Hospital Universitário da UFPI estão em greve por tempo indeterminado.  As categorias pedem por reajuste salarial e melhores condições de trabalho. A greve ocorre nacionalmente, e foi iniciada ontem (05).

Em entrevista ao Cidadeverde.com, o delegado sindical, Miguel Viana, os pacientes chegam a esperar por um ano determinada cirurgia diante da falta de materiais básicos para o procedimento. 

Atualmente o HU-UFPI tem aproximadamente 1.400 funcionários, devido à greve, somente 30% do setor de serviços essenciais e 70% da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estararão funcionando. O ambulatório, que envolve serviços como marcação de consultas e exame, fechará 100%.

“Dentro das condições de trabalho, vou dar um exemplo: hoje nós estamos em uma realidade de um hospital que falta clipe para papel e insumos cirúrgicos. Tem cirurgia suspensa por falta de fio cirúrgico. A culpa é do Piauí? Não em todo porque essas compras são centralizadas em Brasília e, talvez por meio de logística, ou qualquer que seja a desculpa, esse material não está chegando aos hospitais nos Estados”. 

O representante ressaltou que por dia cerca de 1.100 atendimentos são realizados no HU. Durante o período de greve, apenas a urgência, os pacientes oncológicos e os já internados no hospital estão sendo atendidos normalmente.

Alguns pacientes foram surpreendidos com a greve nesta quarta-feira (06). A dona de casa Socorro, de 74 anos, veio de Ilha Grande do Piauí, no litoral piauiense, para fazer a revisão do marca-passo, mas voltará para casa sem realizar o procedimento. “A gente vem de casa, do interior, de longe só pra fazer raiva aqui. Eu já tenho quase 100 anos e não deveria estar sofrendo com isso. Não me falaram nem data para remarcar. Estou aqui com fome e sem atendimento. Eles só me disseram que estavam em greve”, disse.

Outra idosa que não foi atendida e recebeu um “estamos em greve” foi a Margarida Tavares. “Eu estou muito chateada porque vim só pegar um exame e marcar o retorno, posso perder a data do retorno porque eles me falaram que estão em greve”, lamentou.

Já o motorista Jorge Rodrigues confirmou o atendimento oncológico está normal. “A pessoa que eu trouxe está sendo atendida normalmente. Ela faz quimioterapia”, afirmou.

Reivindicações

A categoria diz que a greve nacional foi decidida coletivamente depois de uma plenária nacional realizada na segunda-feira (28), em Brasília, e duas assembleias locais. Ainda segundo a categoria, houve a necessidade de realizar a paralisação depois que as negociações com a Ebserh não levaram a um acordo com as reivindicações apresentadas pelos servidores.

Dentre as propostas apresentadas pelos trabalhadores estão a desvinculação das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) de 2018 do ACT de 2017; abertura de mesa de negociação local; melhores condições de trabalho; ampliação do funcionamento do ambulatório aos sábados para melhor atender a população; concurso público para o HU-UFPI, entre outros.

Nota de esclarecimento

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao Ministério da Educação que atua na gestão de hospitais universitários federais, esclarece que mantém aberto diálogo com os empregados para finalizar o Acordo Coletivo de Trabalho (2018-2019). A instituição apresentou propostas com avanços nas cláusulas sociais e aumento salarial.

Na parte social, destaca-se a prorrogação do prazo de usufruto do intervalo da empregada nutriz, alteração da idade mínima e máxima dos dependentes legais para empregado acompanhar em consultas médicas, possibilidade de intervalo mínimo de 30 minutos de almoço para empregados administrativos que laborem 8 horas diárias.

Na parte econômica, a proposta para o ACT 2017/2018 - pagamento de 100% do INPC do período (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) com pagamento de 2 meses retroativos (janeiro e fevereiro de 2018), ou pagamento de 100% do INPC do período mais pagamento de uma parcela de R$ 1.800 para cada funcionário. Para o ACT 2018/2019, a proposta é de 60% do INPC do período. Todas as propostas estão de acordo com as orientações do Ministério do Planejamento.

A Ebserh reforça que se mantém, junto aos seus empregados, na direção de modernizar a gestão dos hospitais universitários federais e oferecer melhores condições de trabalhos nas unidades. Somente este ano, a estatal já contratou mais de 3 mil profissionais. A previsão é finalizar 2018 com cinco mil contratações via concurso público.

HU-UFPI 

Face à possibilidade de paralisação dos empregados que atuam no Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), a Superintendência do Hospital informa que já adotou as providências necessárias para minimizar os possíveis impactos decorrentes do movimento nacional de greve articulado para esta terça-feira (05).

O Hospital estabeleceu contato, por meio telefônico, com os pacientes já agendados para evitar comparecimento e transtornos. Os pacientes reagendarão consultas e procedimentos no próprio HU-UFPI com o término da paralisação.

Também foi bloqueada a agenda em aberto junto ao gestor municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), evitando a marcação de novos procedimentos.

Caso o movimento grevista se concretize, o atendimento ambulatorial ficará suspenso até o término da paralisação.

Sobre o funcionamento dos demais setores, a Superintendência do HU-UFPI está aguardando posição do Tribunal Superior do Trabalho (TST) sobre solicitação enviada no sentido de manter, durante a greve, 95% dos empregados em seus postos de trabalho por setor e 100% para os lotados na UTI.

O HU-UFPI reafirma seu compromisso com a população piauiense no sentido de dar continuidade ao papel que desenvolve como hospital escola, formando profissionais em diferentes áreas do conhecimento, com impacto significativo na melhoria da saúde pública na região. Além disso, reforça seu propósito de atendimento com qualidade e assistência humanizada aos pacientes do SUS.

 

Carlienne Carpaso
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