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Economia de água: um hábito a ser aprendido pelos teresinenses

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Durante sete anos, a dona-de-casa Lucilene Rodrigues da Silva conviveu com a falta de água na casa onde mora, no residencial Bom Sucesso, zona Sudeste de Teresina. O período da noite, horário normalmente reservado para o descanso, era de intensa movimentação na residência. Toda a família se mobilizava para encher baldes e reservatórios já que o líquido só chegava às torneiras durante a madrugada e por tempo determinado: das 2 horas às 6 horas da manhã.

A rotina exaustiva para conseguir ter acesso à água era ainda pior nos dias em que o abastecimento era irregular. “Tínhamos que pegar água com os vizinhos que conseguiam guardar mais. Até para lavar roupa era um problema, porque preferíamos usá-la para tomar banho e cozinhar”, relatou a dona de casa.

Na última quarta-feira(19), Lucilene Rodrigues comemorou ao abrir a torneira do quintal durante a tarde e ver que a água que antes era escassa, agora saía com facilidade pela tubulação devida à uma manutenção na rede.
 
Fotos: Záira Amorim/Cidadeverde.com

Lucilene Rodrigues utilizava baldes para armazenar
a água que faltava nas torneiras

Apesar de ter hoje o líquido em abundância, a dona de casa sabe que as atitudes de economia que já tinha em sua residência, como não lavar a calçada com a mangueira e fechar o chuveiro ao se ensaboar, deverão continuar a fazer parte de seu dia-a-dia. Uma lição que foi aprendida devido a convivência com a falta do líquido.

A consciência sobre o racionamento de água que tem Lucilene não permeia no pensamento de muitos outros teresinenses. Segundo dados da Empresa de Águas e Esgotos do Piauí(Agespisa), dos 275 milhões de litros do líquido produzidos por dia nas três estações de tratamento da capital, cerca de 50% é desperdiçado. O volume perdido diariamente daria para abastecer outra cidade com a mesma população de Teresina, que tem hoje 800 mil habitantes.“A porcentagem de perda de água é uma das mais elevadas do Brasil”, lamentou o presidente da empresa, Merlong Solano.
 

Cerca de 50% da água produzida em Teresina é desperdiçada

O desperdício na capital ocorre em decorrência de três fatores: devido a vazamentos na rede de abastecimento, por ligações clandestinas(realizadas também com fraudes nos hidrômetros) e pelo uso excessivo do líquido por parte dos moradores.

Para o presidente da Agespisa, investimentos para a substituição de redes antigas é uma das medidas adotadas para reduzir as perdas em Teresina. “Estamos realizando a troca das tubulações da cidade, que já são antigas. Neste momento, a capital já tem projeto para mudar 170 quilômetros de rede", informou.
 

"Agespisa investe em melhorias na rede para combater
desperdício", diz Merlong Solano

A preocupação com a racionalidade deste recurso natural se faz presente também no interior do Estado. Na região do semi-árido do Piauí, a construção de cisternas para armazenar a água das chuvas é uma das obras mais desejadas pela população das áreas mais afastadas, onde as redes de abastecimento não costumam chegar. No mês de outubro, o Governo do Estado teve projeto aprovado para implantar mais de 3 mil reservatórios nas localidades que sofrem com a estiagem.

Medidas simples para economizar água:

- Não tome banhos demorados e feche a torneira enquanto se ensaboa. A cada minuto, mais de 20 litros de água vão embora pelo ralo.

- Não escove os dentes ou faça a barba com a torneira aberta.

- Ao lavar a louça, use uma bacia ou a própria cuba da pia para deixar os pratos e talheres de molho por alguns minutos antes da lavagem. Isso ajuda a soltar a sujeira. E não deixe a torneira aberta enquanto os ensaboa. Você estará economizando 100 litros de água.

- Para lavar a calçada e o pátio, não use mangueira. Use vassoura e balde, reutilizando a água de molho das roupas.

- Lavando o carro, use balde em vez de mangueira.

Dicas de como verificar vazamentos em canos e torneiras:

Pelo hidrômetro – Deixe os registros abertos, feche bem todas as torneiras e não utilize os sanitários. Anote o número que aparece ou marque a posição do ponteiro maior do seu relógio de água (o hidrômetro). Depois de uma hora, verifique se o número mudou ou o ponteiro se movimentou. Se isso ocorreu, há algum vazamento em sua casa. Verifique se existem canos furados ou vazamentos em torneiras ou sanitários.

Na torneira – O vazamento na torneira da cozinha ou do banheiro é verificado se ela fica pingando quando fechada.

No sanitário – Jogue cinzas no fundo da privada. Se elas se depositarem é porque não há vazamentos. Se houver movimentação, há defeito na válvula ou na caixa de descarga.

 

 

Záira Amorim
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