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Tênis perde patrocínio dos Correios e corta projetos sociais

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Foto: Candido Luz

Depois de mais de 10 anos, o Brasil vai entrar em quadra pela Copa Davis a partir desta sexta-feira (1º) sem ter sua imagem associada aos Correios.

O contrato entre a CBT (Confederação Brasileira de Tênis) e a estatal se encerrou em novembro sem renovação e sem sinalização de que terá continuidade. Diferentemente do que fizeram diversas confederações nos últimos anos em momento em que discutiam renovação, a CBT retirou os Correios de todo seu material.

Assinado no início de 2017, o último contrato entre CBT e Correios teve duração de dois anos e rendeu apenas R$ 2 milhões por ano à confederação, ante cerca de R$ 8 milhões anuais até a Rio-2016 -já considerando o investimento pelo Plano Brasil Medalhas. Agora, não restou nem isso.

"Em meados de 2018 tivemos reuniões e diversas conversas com a equipe do departamento de marketing dos Correios, para tratar da nossa renovação de patrocínio. O contrato venceu em novembro e ainda não tivemos uma resposta em definitivo. Entendo que o momento é geral, não é pontual da CBT. Várias confederações também estão passando por essa dificuldade", comenta o presidente da CBT, Rafael Westrupp. Os Correios dizem que "estão em negociações para avaliar a celebração de novos contratos".

Declaração recente da tenista Bia Haddad Maia, principal nome do tênis feminino do Brasil atualmente, mostra o impacto do corte. "Os Correios foram fundamentais na minha ascensão no tênis. Desde a minha transição do juvenil para o profissional, o Correios esteve com a CBT me apoiando, viabilizando minhas viagens e o meu desenvolvimento no tênis. Seria impossível viajar no juvenil sem o Correios", disse ela, em meados do ano passado.

Ainda que a CBT tenha tido, segundo Westrupp, superávit de R$ 800 mil no exercício de 2018, a saída do patrocinador máster já vem gerando corte de investimentos.

"Todos os contratos de prestadores de serviços, projetos sociais, entre outros, que tinham seus prazos de vigência concomitantes com a vigência do contrato de patrocínios dos Correios, já foram descontinuados", continua o cartola catarinense, recentemente eleito para o Conselho de Administração do COB (Comitê Olímpico do Brasil).

Entre os projetos mantidos pela parceria estava o Correios Transformando pelo Tênis, que atendeu, ano passado, 40 crianças de 8 a 12 anos, alunos da rede pública de ensino de Florianópolis.

Ainda segundo Westrupp, a preparação para a Copa Davis não foi afetada pela saída do patrocinador, que tinha inclusive o direito de nome sobre a equipe brasileira, chamada "Time Correios Brasil". "A estrutura já está toda montada e as equipes treinando. A CBT fez um acordo muito positivo com a cidade de Uberlândia (MG), que viabilizou o evento, econômica e operacionalmente falando", ele explica.

Atualmente, a confederação tem outros três "parceiros": Wilson, Peugeot e Companion, que rendem R$ 600 mil ao ano entre materiais (bolas e uniformes) e dinheiro, segundo a CBT. A saída dos Correios, que injetavam R$ 2 milhões, gera um "impacto significativo", mas a entidade acredita que a situação é contornável.

"Já sofremos com um corte mais profundo logo que assumi a entidade. E encontramos soluções gerenciais capazes de manter o equilíbrio financeiro da CBT e ainda seguir investindo em programas pioneiros. E assim seguiremos mantendo os programas e investindo no alto rendimento e na base", afirma Westrupp.

O patrocínio dos Correios à CBT começou em junho de 2008. Na ocasião, foi assinado contrato de R$ 3,8 milhões por um ano. Até 2016, os valores foram crescendo ano a ano, até quase R$ 9 milhões em 2016. Os cortes vieram em momento de crise na estatal, que também reduziu significativamente os aportes na CBDA (desportos aquáticos) e na CBHb (handebol).

Nesta quinta-feira (31), aliás, vencem esses dois contratos. A partir de sexta, tanto os desportos aquáticos quanto o handebol brasileiro estarão sem patrocinador máster. As duas confederações seguem tentando a renovação como os Correios, que, sob nova direção, não sinalizou ainda nem que vai renovar, nem que não.

DEMÉTRIO VECCHIOLI
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

 

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