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Piauí registra cinco casos de feminicídio este ano; todos no interior

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De 1º de janeiro a 11 de fevereiro de 2019, cinco mulheres já foram mortas vítimas de feminicídio no Piauí. Os dados são do Núcleo Central de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Segurança do estado, e mostram que todos aconteceram em cidades do interior. A delegada Eugênia Villa, subsecretária de Segurança do Piauí, afirmou em entrevista nesta segunda-feira (11) ao Jornal do Piauí que os casos esse ano diferem do ocorrido no ano passado, onde a capital apresentou o maior número de feminicídios. 

Em 2018, 55 mulheres foram assassinadas no Piauí. Do total, 25 sofreram feminicídio, o que corresponde ao percentual de 45.5% do total de homicídio.
Eugênia Villa também esclareceu que os aspectos de tificação dos feminicídio são complexos de serem identificados, porque consideram se a mulher foi morta pela condição de ser mulher.

“Ao contrário do ano passado que a tendência foi ter aumentado na capital. Nós verificamos sim, e mais, percebemos que em termos de territórios, entrerios está em primeiro lugar, em segundo Cocais, cuja contribuição é a capital do Piauí”.

Eugênia Villa acrescenta que é difícil a conceituação o feminicídio porque ele vai além da modelagem jurídica. “O que eu posso entender por condição do sexo feminino, são elementos que são conectados a ideia de controle do corpo da mulher e a população compreende, mas quando sai desse estereótipo, que entra no substrato que não é mais interpessoal, nós temos uma certa dificuldade de tipificar”. 

A subsecretária diz que nem sempre quando há violência sexual da mulher pode ser conspirado crime de feminicídio

Caso de Simplício Mendes
Com exemplo para falar sobre como identificar as tipificações, a delegada lembrou o caso de Letícia Maria Costa de Arruda, de 14 anos, que foi asfixiada até a morte. Um adolescente de 18 anos foi apreendido e teria confessado que tentou ocultar o corpo. O crime aconteceu no dia 7 de fevereiro deste ano em Simplício Mendes, a 416 km de Teresina.

“Esse caso, o que nos fez que crer que foi feminicídio sob o ponto de vista científico, é que ele esganou a menina utilizando a força física própria de um homem para exterminar uma mulher. Vamos trocar, vamos considerar que a menina é o menino e vice versa. E vamos considerar que vulnerabilizou ou não? Definiu ou não o evento morte? E nossa resposta não é outra se não a que vulnerabilizou sim e tornou essa menina vulnerável a essa força”, explicou a delegada. O delegado explorou muito essa hipótese (da não relação sexual), esgotou, eu diria. Ela não tinha relação nenhuma com ele, não tinha vontade de ter relação, nem ele com ela, mas o fato de ela ser mulher condicionou a morte, eu não tenho a menor dúvida disso", falou.    

Caso de Castelo
Eugênia Villa também lembrou dos feminicídios de quatro adolescentes na cidade de Castelo, a 190 km da capital, em 2015.
“Na época também foi paradigma na Polícia Civil que nos fez crer que era feminicídio não pelo fato do estupro, mas pelo menosprezo, jogar cada menina de um barranco de 10 metros e desejar a morte”, concluiu a delegada.

 Foto: Arquivo/ EBC

Lyza Freitas
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