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Bolsa fecha em alta de 2,15%, a 93.002,14 pontos, no quarto ganho consecutivo

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O Ibovespa encadeou nesta quarta-feira, 3, a quarta sessão positiva pulverizando com facilidade a linha de 91 mil pontos, obtida no fechamento anterior, para chegar sem maiores obstáculos, em novo dia de apetite por risco desde o exterior, à marca de 93 mil pontos, firmando-se assim nos melhores níveis desde o início de março.

Nesta quarta-feira, o principal índice da B3 fechou em alta de 2,15%, aos 93.002,14 pontos, após avanço de 2,74% no dia anterior, atingindo agora seu maior fechamento desde 6 de março. Hoje, saiu de mínima a 91.048,10 pontos e chegou a 93.710,05 pontos na máxima, uma variação de 2.661,95 pontos dentro da sessão, liderado pelo segmento de bancos, de grande peso na composição do índice. As ações de commodities também tiveram desempenho positivo, embora bem mais discreto do que o de bancos, o qual tem buscado reduzir o atraso no ano.

"Assim como no pior momento era irracional ter o Ibovespa aos 60 mil pontos, agora estamos tendo uma recuperação muito rápida, favorecida pelo fluxo em um contexto de liquidez global. Perto dos 100 mil pontos, estaríamos próximo ao que seria justo para os preços, e a progressão tem sido nesta direção, mais rápido que se pensava", diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante.

Ele destaca também que atrasado ante outros emergentes no ajuste anual, como Rússia, Índia e Turquia, o mercado acionário brasileiro começou a mostrar recentemente um ritmo de recuperação mais acentuado do que o destes pares. "Caiu demais aqui, ficou muito barato, e o real foi a moeda que também mais perdeu", o que ajuda a entender o apetite agora, aponta Bevilacqua.

Perto das 13h50, o Ibovespa chegou a ceder a linha de 93 mil pontos, mantendo ganhos então ainda acima de 1,5%. Apesar do otimismo nos mercados globais - que têm antecipado retomada da atividade em V, passado ao que parece o pior momento da pandemia -, o quadro doméstico ainda suscita cautela, seja na economia, na política ou na questão sanitária. O Brasil é o atual epicentro do coronavírus e os dados de abril, como a produção industrial, divulgada hoje em queda de 18,8% ante março, embora não tão agudos quanto se chegou a temer, desenham um retrato ruim para a economia, em contexto de difícil acesso a crédito e aumento do desemprego.

Na frente sanitária, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta tarde que a transmissão comunitária do novo coronavírus "continua muito intensa" em países como Brasil e Peru. Na política, conforme fontes ouvidas pelo Broadcast, o nome indicado pelo Centrão para comandar o Banco do Nordeste (BNB), Alexandre Borges Cabral, deve ser exonerado do cargo - a aproximação entre governo e o Centrão é vista como essencial para a construção de base de sustentação no Congresso e para blindar o presidente e a família Bolsonaro, sob escrutínio da Justiça.

Ainda assim, dando mais peso ao apetite por risco do que a elementos que colocam em dúvida o momento e o grau de recuperação dos preços dos ativos, o Ibovespa recuperou o nível dos 93 mil pontos ainda no meio da tarde, estendendo agora os ganhos da semana a 6,41% e limitando as perdas do ano a 19,58%, com giro financeiro bem elevado na sessão, a R$ 39,4 bilhões no fechamento do dia.

Nos EUA, as bolsas de NY acentuaram ganhos na reta final da sessão, colocando o blue chip Dow Jones em alta de 2,05%, em dia no qual o fechamento de vagas de trabalho no setor privado do país, embora ainda muito intenso em maio, ficou abaixo do esperado, animando os investidores.

Aqui, entre os segmentos, destaque mais uma vez para os bancos, em especial BB ON (+5,88%) e Bradesco ON (+4,51%), embora o setor, que tem esboçado reação recente, ainda acumule perdas bem superiores às do Ibovespa no ano, agora na faixa de 27,95% (Itaú Unibanco PN) a 37,63% (Unit do Santander). Destaque na sessão também para as a aéreas Gol e Azul, ainda entre as que mais acumulam perdas no ano (-52,20% e -68,34%, respectivamente), em razão do efeito da pandemia sobre as viagens.

Na ponta do Ibovespa, IRB subiu hoje 25,00%, seguida por Gol (+16,41%), Cyrela (+14,78%), e Azul (+10,15%). Entre as siderúrgicas, destaque para Gerdau Metalúrgica (+7,25%). As ações de commodities tiveram desempenho modesto na sessão, com Petrobras ON em alta de 0,91% e a PN, de 0,33%, enquanto Vale ON avançou 0,45%. Oito ações do Ibovespa fecharam o dia em terreno negativo, com JBS (-5,55%), Braskem (-4,87%) e Minerva (-3,34%) à frente, entre as que se destacavam um pouco até aqui no ano com a progressão do dólar, agora parcialmente em reversão.

Por Luís Eduardo Leal e Maria Regina Silva
Estadão Conteúdo

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