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Leitos Covid não podem ser fechados com fim da pandemia, diz Mirócles Veras

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O presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Mirócles Veras, afirma que a criação provisória de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para combater o coronavírus irá desaparecer com o fim da pandemia, e isso é um resultado negativo para o Sistema Único de Saúde (SUS), que poderia ter ampliado definitivamente a sua estrutura de atendimento aos seus pacientes, com a união dos governos federal, estadual e municipal. 

"Quantos leitos de UTI abriram e vão fechar? Esses leitos poderiam ficar. Houve inúmeros financiamentos, aumento de leitos em hospitais públicos, aqui mesmo no Piauí, como também em hospitais filantrópicos, e também credenciamentos provisórios para o coronavírus. Esses leitos precisam ser credenciados definitivamente para continuar atendendo aos brasileiros e os pacientes piauienses".

Veras afirma que "tudo começou errado, desde o início, com hospitais e estruturas provisórias no lugar de ter discutindo com as entidades filantrópicas, com as entidades públicas, para fazer investimentos definitivos. Isso demonstra claramente a desorganização  e desorientação que existe no Ministério da Saúde quanto ao atendimento e ao enfrentamento dos pacientes com coronavírus no país". 

O presidente da CMB comenta que, atualmente, as entidades filantrópicas representam 51% do atendimento nacional da média complexidade e 70% da alta complexidade no Brasil. "Aqui mesmo no Piauí, se nós falarmos da oncologia, temos que falar do Hospital São Marcos e Hospital Maternidade Marques Basto,  duas entidades filantrópicas que atendem quase 100% dos pacientes oncológicos, por isso a nossa importância na área do atendimento do paciente pelo SUS".

"As nossas entidades em todo o país estão lotadas. É um problema sério que existe no país. Nós temos que repensar o SUS, repensar a saúde pública do país para que (doenças) não nos peguem mais de surpresa". 

Demanda Reprimida 

Veras ressalta que a criação de hospitais de campanha não foi uma solução positiva. "Essa é uma opinião nossa, parte CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e CONASEMS (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde)". 

"Nós temos um problema grande. Existe uma grande demanda reprimida, e isso o país não está pensando,  de pacientes oncológicos, neurológicos, cardiológicos. Esses pacientes diminuíram e as cirurgias eletivas quase paralisaram em todo o país. Essa demanda está reprimida. Logo que tiver a vacina (para Covid) e começar o atendimento a esses pacientes, vai existir uma procura enorme aos hospitais publico e filantrópicos pelos pacientes do SUS". Para atender essa demanda que irá surgir, os hospitais precisam ter estrutura. 

Veras esclarece entende a realidade dos secretários estaduais e municipais, que em uma apreensão muito grande para fazer as ações de combate ao novo coronavírus, optou pelos hospitais de campanha, instalados em todo o país, inclusive no Piauí. "Mas se tivesse de uma forma planejada liderado pelo Ministério da Saúde uma ação concreta teria se feito obras definitivas nesse tempo para continuar atendendo os pacientes do SUS". 

O Subfinanciamento do SUS nos hospitais filantrópicos e públicos é de 50% do custo das instituições, diz Veras. "Você que agora o Ministério da Saúde  paga uma diária de UTI de R$ 1.600. Antigamente, pagava R$ 450 e daqui a 40, 50 dias vai voltar a pagar R$ 450. Então, isso comprova o subfinaciamento.Então, tem que ser discutido".

Falta de medicamentos

Veras relata que a falta de medicamentos também é um grave problema nos hospitais filantrópicos. "Nós, liderados pela CMB, juntamos as maiores instituições e conseguimos adquirir uma compra integrada para todos os hospitais nas fábricas brasileiras, isso amenizou um pouco o problema nas nossas instituições. Mas, em vários hospitais filantrópicos,  o estado está com dificuldade de encontrar".

"Existe uma ação do CONASS, CONASEMS e Ministério da Saúde que já começou a ser distribuído a esses hospitais, mas isso ainda é sério e não chegou a sua normalidade. Ainda existe muita dificuldade de medicamento, principalmente na área de UTI, urgência e cirurgia". 

 

Carlienne Carpaso
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