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Líbano ordena prisão domiciliar para autoridades do porto onde ocorreu explosão

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Atualizada às 15h

O governo do Líbano ordenou nesta quarta-feira (5) a prisão domiciliar de autoridades do porto de Beirute onde ocorreu uma megaexplosão na terça. O governo suspeita que houve negligência por parte das autoridades responsáveis pelas operações de armazenamento e segurança do local.

A tragédia já registra ao menos 135 mortes e mais de 5.000 feridos. O número de vítimas deve aumentar, pois são feitas buscas em meio aos escombros e há suspeitas de que corpos foram lançados ao mar.

O governo atribuiu a tragédia ao armazenamento incorreto de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, um fertilizante com alto poder explosivo. Essa carga estava armazenada em um galpão junto ao porto há mais de seis anos. O material chegou ao Líbano em setembro de 2013, segundo dados oficiais obtidos pela Al Jazeera.

O material estava em um navio de propriedade russa que ia da Geórgia para Moçambique. A embarcação teve problemas técnicos e fez uma parada em Beirute.

Como o navio estava avariado, autoridades libanesas o impediram de seguir viagem. Com isso, os tripulantes abandonaram o barco e foram depois repatriados.

Eles deixaram o navio por medo de que pudesse haver uma explosão a bordo, dado o risco da carga transportada, segundo documentos obtidos pela Al Jazeera. O material então foi colocada em um armazém no porto.

Ao longo dos últimos anos, chefes da alfândega libanesa enviaram ao menos seis cartas à Justiça e a outras autoridades pedindo que fosse dado um destino ao material, mas não obtiveram respostas.

Houve sugestões para que o composto fosse vendido ou doado ao Exército. O nitrato de amônio é usado principalmente como fertilizante na agricultura. Também é utilizado para fabricar explosivos para mineração.

No entanto, ainda não se sabe o que teria detonado a explosão, e se foi um ato intencional ou um acidente.

O nitrato de amônio torna-se explosivo quando exposto a temperaturas acima de 300 graus. Imagens mostraram um foco de incêndio no local da tragédia, mas não está claro o que o causou.

O presidente Michel Aoun disse estar determinado a investigar e revelar o que aconteceu o mais rápido possível, assim como responsabilizar os culpados. O governo anunciou também que Beirute ficará em estado de emergência por ao menos duas semanas.

As razões da megaexplosão no porto de Beirute, na terça (4), ainda estão sendo investigadas, mas detalhes do que a geraram começam a surgir. Abaixo, algumas questões já respondidas e outras que ainda estão em aberto.

O que causou a explosão?
De acordo com o governo libanês, o incidente foi causado por 2.750 toneladas de nitrato de amônio estocadas na região portuária há seis anos de forma inadequada. O material tem potencial explosivo. Não está claro o que causou sua detonação.

O que é nitrato de amônio?
Um produto usado principalmente como fertilizante na agricultura, para fornecer nitrogênio, fósforo e potássio para as plantas, elementos essenciais para que elas cresçam.

Ele explode fácil?
Apenas se for exposto a temperaturas acima de 300 graus, como em um incêndio.

O nitrato de amônio pode ser usado em bombas?
Sim. O ataque a um escritório em Oklahoma, em 1995, usou um artefato com duas toneladas do composto, misturado a outro agente.

De quem é a culpa pela tragédia?
Uma investigação busca esta resposta. O material estava sob guarda do governo, mas não está claro quem era o responsável por mantê-lo em segurança.
Não se sabe ainda se a explosão ocorreu com ou sem intervenção humana, se algum gesto favoreceu a detonação e se essa ação foi intencional ou não.

Há risco de que tenha sido um ataque terrorista?
A causa da explosão ainda não foi confirmada. No entanto, nenhum grupo reivindicou a autoria de um possível ataque.

Como o material foi parar ali?
A carga chegou ao Líbano em setembro de 2013, segundo dados oficiais obtidos pela Al Jazeera. O material estava em um navio que ia da Geórgia para Moçambique. A embarcação teve problemas técnicos e fez uma parada em Beirute.
Autoridades libanesas impediram o navio de seguir viagem. Com isso, a tripulação abandonou o barco. A carga então foi colocada em um armazém no porto.
Ao longo dos últimos anos, chefes da alfândega libanesa enviaram ao menos seis cartas à Justiça e a outras autoridades pedindo que fosse dado um destino ao material, mas não obtiveram respostas.

Porque a explosão foi tão forte?
Por causa da grande quantidade de nitrato de amônio que estava no local. Seu poder explosivo varia de acordo com o tempo em que foi fabricado e suas condições de armazenagem, mas costuma ser em torno de 40% do de TNT, explosivo bastante utilizado.
Quando um explosivo é detonado, ele libera gases que se expandem muito rapidamente. Essa onda de choque gera uma "parede" de ar denso, capaz de causar danos no que estiver próximo, mas que perde força conforme se distancia do ponto onde ocorreu, até desaparecer.

Qual a extensão dos danos?
Na manhã desta quarta (5), as autoridades somavam mais de 100 pessoas mortas e quase 4.000 feridas. O número deve aumentar, pois são feitas buscas por pessoas soterradas e que foram lançadas ao mar.

Cerca de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas após a explosão. Os danos se estenderam a mais da metade da área da capital libanesa e são estimados em US$ 3 bilhões (quase R$ 16 bilhões).

A tragédia pode afetar também o abastecimento de comida no país, pois o porto de Beirute era a principal entrada de produtos do país.
Havia silos de cereais perto do local da explosão, e milhares de toneladas se perderam. O governo disse que tem estoques de trigo para um mês de consumo do país, o que deve ser suficiente para evitar uma grande crise.


Fonte: Folhapress 

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