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Copom diz que juros baixos podem comprometer o sistema financeiro

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O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, afirmou que, considerando o longo histórico de taxas de juros em nível muito elevado, a Selic mais baixa pode comprometer o desempenho de alguns mercados e setores econômicos.

O BC divulgou, nesta terça-feira (11) a ata da última reunião, que decidiu pelo corte de 0,25 ponto percentual da Selic, para 2,00%.

"Ao analisar o sistema financeiro de forma ampla, considerado as suas diversas indústrias, mercados, produtos e serviços financeiros, o Comitê refletiu que um ambiente com juros baixos sem precedentes pode gerar aumento da volatilidade de preços de ativos e afetar, sem o devido tempo necessário de transição para um novo ambiente, o bom funcionamento e a dinâmica do sistema financeiro e do mercado de capitais", argumentou o texto.

Assim, o comitê reforçou que novos cortes na Selic exigiriam cautela e seriam feitos de forma mais gradual. "Para tal, se necessárias, novas reduções de juros demandariam maior clareza sobre a atividade e inflação prospectivas e poderiam ser temporalmente espaçadas", explicou.

A ata reforçou a mensagem do comunicado da decisão, em que o BC indicou que a Selic deve continuar no mesmo patamar nas próximas reuniões, mas deixou espaço para ajustes, que deverão ser feitos de forma intercalada e de 0,25 ponto.

Segundo o colegiado, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno.

"O Comitê considerou que, embora assimétricas, suas projeções de inflação apresentam valor esperado abaixo da meta para o horizonte relevante para política monetária. Sendo assim, em linha com seu mandato de metas, o Comitê concluiu que seria apropriado aumentar residualmente o grau de estímulo monetário", trouxe o texto.

Aumentar o grau de estímulo monetário significa cortar mais a taxa básica de juros. Quando a Selic está baixa, diminui o incentivo de aplicações em renda fixa, o que favorece o investimento no setor produtivo.

A ata esclareceu que o Copom passou a utilizar o chamado "foward guidance", ou prescrição futura, como instrumento de política monetária.

"Apesar dessas limitações, a prescrição futura seria a estratégia de implementação de política que atualmente apresenta a melhor relação custo benefício. A prescrição futura cumpre o papel de transmitir a visão do Comitê sobre suas ações futuras e tende a ajustar as expectativas expressadas na parte intermediária da curva de juros", disse o texto.

Com isso, o BC pretende diminuir a especulação em torno da taxa básica de juros futura. Em diversas ocasiões, no entanto, a autoridade monetária não conseguiu cumprir o sinalizado no comunicado anterior.

A ata ressaltou a dificuldade de indicar os rumos futuros da política monetária em países emergentes.

"O Copom discutiu as limitações no uso deste instrumento em países emergentes. Em relação aos pares desenvolvidos, países emergentes são mais suscetíveis a contágio de crises externas e possuem maiores vulnerabilidades nos fundamentos econômicos. Consequentemente, devido à maior imprevisibilidade e volatilidade, o uso de tal instrumento torna-se mais desafiador."

O BC ponderou, no entanto, que, para cumprir a sinalização, as expectativas de inflação de 2021 e, em grau menor, de 2022 devem estar próximas da meta. Além disso, deve haver manutenção do regime fiscal.

O documento deixou de fora a inflação de 2020, que, para o colegiado, deve fechar o ano abaixo do mínimo estabelecido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), de 4%, com tolerância de 1,5 ponto para baixo ou para cima.

O comunicado da decisão também colocou pela primeira vez no horizonte relevante, para quando o comitê entende que a política monetária deve fazer efeito, a inflação de 2022. Os comunicados anteriores citavam apenas 2020 e 2021.

"Satisfeitas as condições necessárias, o Copom não elevaria a taxa de juros, mas poderia reduzi-la", declarou.

Sobre a atividade econômica, os membros do Copom avaliaram que os dados recentes sugerem uma recuperação parcial da economia.

"Os programas governamentais de recomposição de renda têm permitido uma retomada relativamente forte do consumo de bens duráveis e até do investimento. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas", pontuou.

De acordo com o BC, como o fim da pandemia e dos auxílios emergenciais é imprevisível, as incertezas com relação à velocidade da recuperação econômica aumentam.

"O Comitê ponderou que esta imprevisibilidade e os riscos associados à evolução da pandemia podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual da economia."

O colegiado considerou que a pandemia deve continuar a ter efeitos distintos sobre os setores econômicos. "A natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores."

 

Fonte: Folhapress

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